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Merleau-Ponty e a liberdade

Por:   •  30/8/2017  •  Resenha  •  894 Palavras (4 Páginas)  •  1.243 Visualizações

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Merleau-ponty  A LIBERDADE

MERLEAU-PONTY. A liberdade. In: Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes, 2010 (da pagina 581 à 612 do livro em pdf)

No terceiro capitulo do livro Fenomenologia da percepção intitulado “A liberdade” Merleau-ponty coloca suas teorias e pensamentos a fim de definir o que ele postula como liberdade.

O autor inicia este capitulo dizendo ser inconcebível uma relação de causalidade entre o sujeito e seu corpo, seu mundo ou sua sociedade, a partir disto vem-se discorrendo alguns questionamentos a respeito da liberdade, e de como não poderia admitir-se eclipse : “É inconcebível que eu seja livre em algumas de minhas ações e determinado em outras: que seria esta liberdade ociosa que deixa os determinismos funcionarem?” (Merleau-ponty. Pag 582.).

Para que se entenda exatamente o que o autor concebe como liberdade,  comecemos pela página 608 onde Merleau-ponty explica a dualidade entre nascer no mundo e nascer do mundo. No primeiro caso significa que nossa liberdade vem a ser quando nós nascemos no mundo. Quando nascemos somos “jogados” no mundo, entramos na esfera do mundo, que é um campo aberto de possibilidades (a qualquer momento a nosso dispor), o que nos permite a liberdade. Já no segundo caso o homem precisa se fazer neste mundo, pela sua esfera, social, cultural e geográfica, são impostos limites os seus liberdade. Ao mesmo tempo em que nascendo no mundo se abre um vasto campo de possibilidades ao homem, esse mesmo mundo impõe limites à liberdade.

De uma outra forma o autor quer nos dizer que diante de qualquer evento, ou projeto temos inúmeras possibilidades de escolha, somos livre em consciência, porem nos deparamos com uma gama de fenômenos findados antes mesmo de nossa existência no mundo, os “obstáculos”, sejam eles de caráter social, religioso, econômico, educacional entre outros. Transpassa-los segundo o autor é o real estado de liberdade. “Não precisamos temer que nossas escolhas ou nossas ações restrinjam nossa liberdade, já que apenas a

escolha e a ação nos liberam de nossas âncoras”.(Merleau-ponty. Pag 612.).

Ao longo do texto o autor trás algumas definições de ações ligadas a essa liberdade, tal como a escolha, a decisão e os motivos que segundo o mesmo seria apenas acréscimos de nossa decisão e não a base para a tomada de tal. Apresenta também a ideia do si-para-si e de si-para-outrem e ressalta que o si-para-si (eu para mim mesmo) e outrem-para-si (outros para eles) sempre tem de se destacar sobre o si-para-outrem (eu para os outros),isso tudo referente a esfera de tomada de decisão, uma vez que decidir-se por si mesmo traspassando os limites com os outros (fenômenos sociais) estaria próximo ao estado de liberdade, dependendo por fim da ação em si. Dito que é a ação que gera o estado de liberdade Merleau-ponty se assemelha a Sartre quando diz que a liberdade se faz apenas no plano concreto, no mundo em sua totalidade de campo. Como observa o próprio J.-P. Sartre, o sonho exclui a liberdade porque, no imaginário, mal visamos uma significação e já acreditamos possuir sua realização intuitiva e, enfim, porque ali não há obstáculos e nada a fazer “.(Merleau-ponty). Por tanto, a concepção de Liberdade para Merleau Ponty,  se refere a uma liberdade concreta e efetiva no mundo,  que só pode se dar na realidade e não no plano abstrato. A liberdade só existe a partir dos obstáculos concretos, e se dá na ação de transpor e superar os obstáculos. Ultrapassar esses obstáculos é conquistar a liberdade através das nossas ações no mundo. 

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