Nise - O Coração da Loucura Resenha
Por: Alice Baptista • 14/11/2022 • Resenha • 983 Palavras (4 Páginas) • 225 Visualizações
FAEV - Faculdade Europeia de Vitória
Alice Maria Baptista Paiva Ferreira
Dilcineia Souza
Saúde Mental
04 de Outubro de 2022
Nise - O coração da loucura
Nise o coração da loucura, o filme retrata a história da psiquiatra Nise de Silveira, que teve um papel importante na desconstrução da psiquiatria Asilar do passado, e segue com um grande legado nos dias atuais. O filme foi produzido em 2015, dirigido por Roberto Berliner, é protagonizado por Glória Pires e foi baseado no livro “Nise-Arqueóloga dos Mares”. O filme se passa no ano de 1944, depois de ficar um período presa, Nise volta ao serviço público, voltando ao seu local de trabalho, o Centro Psiquiátrico Dom Pedro II, nesse retorno, Nise fica horrorizada com as mudanças e novos tratamentos que estavam sendo direcionados aos clientes (que de acordo com a Nise era a forma correta de chamá-los, já que ela e os funcionários estavam ali prestando serviços a eles) tais tratamentos como agressões físicas, Eletrochoque e Lobotomia. Nise deixou claro que não era capaz de usar esse métodos tão violento, com a junção de uma época tão machista e a sua discordância em usar esse métodos, Nise foi destinada a comandar o setor de Terapia Ocupacional do Hospital, que era um setor abandonado por todo hospital. Porém isso não desanimou a médica, ela então começou a se esforçar para trazer um ambiente mais humano para o Hospital, evitando as práticas abusivas e trazendo práticas mais humanas para aquele ambiente a qual agora ela estava em comando. Depois de uma limpeza com ajuda de parte da equipe, mesmo com falta de verba e equipe bem pequena, Nise conseguiu transformar aquele ambiente deplorável em um ambiente mais confortável e menos traumático para os clientes. Nise tinha de grande inspiração o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, que tinha em tese que os esquizofrênicos, boa parte deles, utilizavam linguagem simbólica, por meio da arte para se expressarem. Nise implementou passeios internos na natureza, oficinas de arte e modelagem, como método terapêutico, ela teve ajuda do estagiário Almir Mavignie, que se ofereceu para dirigir uma oficina de artes e ajudou no início com material para as aulas, a prática em si era bem simples, os clientes eram direcionados ao ambiente, com materiais, como tintas, papéis e telas, e começavam a pintar, sem nenhum tipo de influência sobre as suas criações, eles pintavam de acordo com que vinha do subconsciente deles, trazendo paz para eles e bons resultados em forma de arte. Conforme o tempo foi passando, muito deles se mostraram muito talentosos, com isso Nise montou uma exposição para apresentar as obras produzidas por clientes com transtornos psiquiátricos, a exposição foi um grande sucesso, sendo bem elogiada por críticos da época, dando grande ênfase ao tratamento mais humanizado. Nise também trouxe cachorros para auxiliar no tratamento dos seus clientes, mostrando que o afeto e aproximação dos animais e os clientes tinham bons resultados no tratamento e que esses animais poderiam servir de co-terapeutas. As formas de terapia feita por Nise tiveram bons resultados, porém muitos dos médicos julgavam esses métodos questionando quando os pacientes iriam receber alta com esse método usado por Nise, colocando em evidência outros métodos mais modernos que não eram aceitos por Nise. Mesmo assim, Nise acreditava em seu método e não deixou de lutar por seus clientes e pelos seus métodos e fez história na revolução da saúde mental, naquela década de 1950, no Brasil, museus de arte abriram seus salões para receber obras dos clientes de Nise, trazendo em evidência esse talento, críticos validaram aqueles talentos que poderiam ser possíveis artistas renomados no Brasil. Com isso Nise demonstrou que através da arte e métodos mais humanos e menos violentos, pode sim se trazer melhoras no quadro dos clientes dela, trazendo mais paz e sanidade a eles. A história da loucura, da saúde mental no decorrer dos séculos começou na antiguidade clássica com os pensadores mitológicos, que era descrito como possessões demoníacas, maldições, feitiçaria e até mesmo deuses vingativos, que estariam por trás dos incomuns sintomas, logo depois veio a Idade média, que os desequilíbrios mentais eram de ocorrências naturais do corpo, o tratamento era feito com violência, laxantes, sanguessugas entre outros. A partir da virada do século XVIII para o XIV a loucura finalmente seria considerada uma doença, sendo exclusiva dos médicos. Sendo assim, puxando o histórico da loucura, ao mais antigo, em função dos manicômios, é a de recolher os loucos e até outras minorias, isolar eles, mantidos pelo poder público ou por grupos religiosos. E a partir do século XIX surgiam os manicômios, com condições bem precárias, porém trazendo foco no tratamento e diagnóstico do paciente, na época que se passava o filme em 1940 foi determinado que o hospital psiquiátrico era a única alternativa de tratamento, a associação da história de Nise e a saúde mental, se deu a tentativa da médica naquela época, a mudanças e condições mais humanas aqueles pacientes, descartando o isolamento total, a violência e a falta de humanização no tratamento, trazendo então um foco maior a diferentes tratamentos, mais humanos, menos radicais e a procura de liberdade e não total isolamento, mostrando assim que teria bons resultados não só no cérebro como na vida dos pacientes, assim buscando a prova de que tratamentos invasivos e violentos não traziam a cura e nem melhora dos pacientes, dando destaque a uma tentativa de revolução e até contribuir com o fim desses métodos, por fim em 1980 o ministério da saúde defendeu o tratemento extra-hospitalar, a limitação do perido de internação, entre outros, sendo assim a partir do final da década de 1980, surgiram novos serviços, com os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e os Nucléos de Atenção Psicossocial (NAPS), representando a Reforma Psiquiátrica Brasileira, trazendo consultas médicas, atendimento psicológico, servico social, terapia ocupacional (usado por Nise em 1940) entre outros, finalmente tendo resultado depois de umas décadas de mudanças e tentativas.
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