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"O ALIENISTA" E A PSICOPATOLOGIZAÇÃO

Por:   •  16/12/2022  •  Resenha  •  787 Palavras (4 Páginas)  •  262 Visualizações

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"O ALIENISTA" E A PSICOPATOLOGIZAÇÃO

A partir da obra “O Alienista” de Machado de Assis podemos pensar um pouco sobre a História da Loucura e como ela foi vista em diferentes contextos. Ela passou por diversos caminhos antes da abordagem cientificista descrita em “O Alienista”. Durante a Idade Média, por exemplo, o louco era visto sob a perspectiva mística teocêntrica dominante, que o entendia como endemoninhado e possuidor das perversões sobrenaturais. O tratamento deles se dava de modo semelhante aos hereges, eram perseguidos pela igreja que exercia sobre eles práticas inquisitórias.

Durante o Renascimento podemos ver a loucura presente nas artes, em algumas obras literárias encontram-se experiências críticas da loucura, como na obra de Erasmo: Elogio da loucura; nas pinturas encontram-se experiências trágicas, como em Nau dos loucos, e no teatro ela é vista como uma enunciação da verdade.

Ao longo do tempo, com o Cartesianismo, a loucura deixa de ser explicada por um saber divino e passa a ser do interesse do movimento filosófico da época. A loucura passa a ser vista como a impossibilidade de pensar e de existir, estando no campo da desrazão não educável. Aqui ela não é mais vista como uma enunciação da verdade, mas se constrói uma incompatibilidade entre loucura e verdade. Passaram a ser vistos como desarrazoados todos aqueles que não se encaixavam no modelo de sociedade pré-industrial: loucos, prostitutas, alquimistas e etc. Estes foram internados em instituições de confinamento, não eram locais de cura, mas sim de trabalho, onde se buscava um alinhamento moral, uma vez que o trabalho era visto como dignidade. Esse enclausuramento tinha por objetivo delimitar a linha entre razão e desrazão, como também "higienizar'' as cidades, internando, enclausurando e silenciando pessoas acometidas pela “loucura”.

No Brasil, o Hospital Psiquiátrico São Pedro emergiu como influência desse movimento enclausurador. O filme “Epidemia de cores”, dirigido pelo antropólogo Mário Eugênio Saretta, publicado em 2016, expõe a rotina das oficinas artísticas do Hospital Psiquiátrico São Pedro, em Porto Alegre (HPSP). Embora o filme se passe no atual século, ele constantemente evoca os fatores históricos e culturais que consolidaram o antigo hospício. Através dos relatos feitos pelos participantes que frequentaram o HPSP antes da Reforma Psiquiátrica, pode-se encontrar vivências típicas dos manicômios. Dentre elas, destaca-se maus tratos como choques, medicações forçadas e a privação de liberdade como meio de contenção. No filme, ressalta-se a importância da Reforma Psiquiátrica, sendo esta uma luta contínua pelo desenvolvimento de uma nova forma de atenção à saúde mental. Substituindo o modelo assistencial manicomial por uma assistência voltada para a reabilitação psicossocial do indivíduo.

Através do filme pode-se estabelecer o quanto as relações históricas e culturais influenciaram nas constituições dos centros hospitalares psiquiátricos, bem como na construção de um pensamento sobre a loucura. Além disso, ele aponta a importância de ações alternativas como oficinas para socialização, e através delas a criação dos novos vínculos. O filme permite entender o papel daqueles visto como desarrazoados na sociedade atual, e o quanto ainda hoje

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