O DESENVOLVIMENTO INFANTIL DESCRITOS PELA PSICANÁLISE
Por: Simone Carvalho • 20/8/2015 • Artigo • 2.998 Palavras (12 Páginas) • 348 Visualizações
O DESENVOLVIMENTO INFANTIL DESCRITOS PELA PSICANÁLISE[1]∗
Simone Carvalho das Neves[2]∗∗
Emília Meurer Buss[3]∗∗∗
Resumo: Este artigo refere-se as etapas de desenvolvimento infantil segundo a visão Freudina. Tem por finalidade de avaliação e aprovação do Estágio Básico obrigatório de Observação do Desenvolvimento Humano em Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL. . Serão abordados os temas a respeito da fase oral iniciada ao nascimento e com término cerca de um ano depois, a fase anal inicia-se aos dois anos de idade, indo até os quatro anos quando a criança entra na fase fálica, esta por sua vez, acompanha o desenvolvimento da criança até os seis anos, onde, a partir de então a mesma entra no complexo de castração.
Palavras-chave: Desenvolvimento psicossexual. Fase anal. Fase oral. Fase fálica. Fase latência. Fase genital.
1 Introdução
Para a construção deste artigo foi efetuada a observação de crianças em todas as etapas de desenvolvimento infantil, pelo período de quatro encontros em cada etapa. Em seguida essas anotações foram avaliadas de acordo com a teoria do autor escolhido, Sigmund Freud.
No final do século XIX, Freud e suas experiências na prática clínica sobre a causa das neuroses, descobriu que, grande parte dos pensamentos e desejos reprimidos referiam-se a conflitos sexuais, experenciada nos primeiros anos da infância, causando assim os sintomas atuais. As descobertas de Freud acerca da sexualidade infantil provocaram um grande alvoroço na sociedade da época e já era de se esperar, pois a criança era tida como símbolo da inocência.
Essas descobertas colocam a sexualidade no centro da vida psíquica do indivíduo. Segundo Freud (1923), o desenvolvimento infantil está relacionado ao desenvolvimento sexual. Em seus estudos e observações da clínica analítica, ele percebeu que a sexualidade molda determinados comportamentos e que isso ocorre desde a infância. O autor atribuiu a cada uma delas um nome ligado a parte do corpo que parecia dominar o hedonismo naquela ocasião, ou seja, a parte do corpo que propicia o prazer na referida fase. O hedonismo seria a busca constante do prazer para satisfação e manutenção da vida humana. Todo o desenvolvimento seria marcado por essas fases, que se caracterizariam, sobretudo pela mudança do que é desejado em cada uma e pela maneira como esses desejos são atingidos. Freud dividiu o desenvolvimento infantil em cinco etapas e o denominou de desenvolvimento psicossexual.
2 Desenvolvimento psicossexual
O desenvolvimento infantil, denominado por Sigmund Freud de desenvolvimento psicossexual, inicia-se logo após o nascimento e são marcadas por etapas que possuem comportamentos específicos para cada uma. Essas etapas desenvolvimentais deixam inscrições no psiquismo a partir das relações estabelecidas entre a criança e os adultos que ocupam a função de pais. A mãe precisa fornecer ao bebê condições para que este se desenvolva de maneira “sadia”. Este novo ser, necessita ser investido libidinalmente, precisa se sentir causa de desejo dos seus pais. A noção freudiana de sexualidade defende a idéia de que a sexualidade humana não é instintiva, pois o homem busca o prazer e a satisfação através de diversas modalidades, não apenas através do sexo genital propriamente. A busca pela satisfação necessita de um força para impulsionar o sujeito e esta força para Freud, é a libido.
Logo após o nascimento o bebê necessita de investimento de energia libidinal para se desenvolver. A fase oral inicia-se logo após o nascimento com duração de um ano a um ano e meio, a fase oral termina com a introdução do desmame. Nesta fase, a libido e a função sexual estão direcionadas para a sobrevivência e manutenção do corpo, e o prazer é encontrado no próprio corpo e grande parte da energia sexual é direcionada para os lábios e a língua, tornando-a, portanto, a primeira zona erógena, uma vez que é esta a primeira parte a ser dominada pela criança. Nela o prazer está associado, inicialmente, ao processo de se alimentar. A criança sente o desconforto da fome e chora, sua mãe oferece o seio e com o instinto de sucção, o bebê suga e se alimenta do leite materno, consequentemente o desconforto passa e o bebê tem sua primeira sensação de prazer, sendo assim a região do corpo que proporciona maior prazer à criança nesta fase é a boca. É pela boca que a criança entra em contato com o mundo, é por esta razão que a criança pequena tende a levar tudo o que pega à boca. O principal objeto de desejo nesta fase é o seio materno.
No início do ensaio sobre a sexualidade infantil, Freud aponta o ato de sugar o dedo como uma amostra das primeiras manifestações sexuais na infância. Nesse ato o bebê procura obter à satisfação da necessidade de nutrição e à satisfação da zona erógena, no caso, a boca. Porém, o fundamental é a satisfação sexual, do contrário, o bebê não repetiria o ato de sugar o dedo. Nesse sentido, a satisfação da necessidade é secundária em relação ao prazer de sugar. Contudo, o mais importante, “a pulsão não é dirigida para outras pessoas, mas obtém satisfação no corpo do próprio indivíduo”. (Freud, 1905, p. 186). É a busca da saciação de uma necessidade nutritiva ao corpo, mas também uma forma de movimenta a libido para auto-satisfação e prazer. “Quando vemos um bebê saciado deixar o seio e cair para trás adormecido, com um sorriso de satisfação nas faces rosadas, não podemos deixar de dizer que esta imagem é o protótipo da expressão da satisfação sexual na existência posterior” (FREUD, 1905). O bebê não se alimenta apenas do leite materno, mas também do contato afetivo com a mãe que lhe proporciona um gozo. O objeto da libido é o seio materno e não o leite.
Um fator importante é quando a amamentação é interrompida precocemente, Freud (1923) afirma que a criança terá atitudes suspeitas, não confiáveis ou sarcásticas, enquanto a que for constantemente amamentada - talvez super-amamentada - terá uma personalidade confiante e ingênua. A correria da vida moderna e a necessidade da mulher (mãe) trabalhar fora e em consequência disso interromper a amamentação antes do final da fase oral. Dolto (1995) é enfática ao afirmar que o esquema corporal da criança deve estar em condições de suportar esta castração de desmame, pois, de acordo com o referido autor, há um momento certo para cada castração; as pulsões devem ter obtido satisfação num primeiro momento. A retirada do seio antes do fim da fase, ou que a criança esteja completamente preparada pode trazer grandes consequências na vida afetiva na fase adulta. As primeiras relações objetais, são de grande importância para o desenvolvimento emocional e afetivo da criança.
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