O Idealismo no Brasil
Por: maah2603 • 16/11/2022 • Trabalho acadêmico • 1.736 Palavras (7 Páginas) • 144 Visualizações
Como o idadismo vivenciado por mulheres idosas impacta sua percepção acerca do processo de envelhecimento
Bruno Gurgel Nonvieri, Isadora Astete Panza e Mariana Fernandes de Jesus
Faculdade de Psicologia, Universidade Tuiuti do Paraná
PJPP_40: Projeto de Pesquisa em Psicologia
Sidnei Rinaldo Priolo Filho
Novembro 2021
Sumário
1. Introdução 3
2. Objetivos 5
2.1. Objetivo geral 5
2.2. Objetivos específicos 5
3. Método 6
3.1. Participantes 6
3.2. Instrumentos 6
3.3. Procedimentos 6
Introdução
O envelhecimento é um processo comum a todos os seres vivos e compreende uma série de alterações fisiológicas que ocorrem naturalmente nos organismos desde o nascimento e os acompanha até a morte. Embora muitas vezes se confunda com o termo velhice, por estarem interligados, dela difere. Enquanto o envelhecimento é entendido como este processo natural e comum, a velhice é vista como uma fase da vida que engloba, além das mudanças fisiológicas, também alterações psicológicas e sociais, sendo a pessoa idosa o sujeito que vivencia este período de transformações nos papéis e posições sociais que ocupa (Dardengo & Mafra, 2018).
Estas mudanças são complexas e vivenciadas pelos indivíduos em sua subjetividade, pois, embora façam parte de um processo comum a todos, são influenciadas por diferentes fatores, como “gênero, estado civil, nível socioeconômico, condições de saúde e estilo de vida e outros” (Castro, 2016). Os contextos histórico e cultural também influenciam a concepção da velhice, razão pela qual também pode ser vista como uma construção social[a].
As reflexões acerca da velhice estão cada vez mais em pauta, principalmente em razão do processo de envelhecimento pelo qual a população mundial está passando. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de pessoas com mais de 60 anos de idade irá dobrar até 2050. No Brasil, especificamente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) prevê que, em 2060, o país tenha mais pessoas idosas do que jovens. Este aumento da população idosa leva a transformações na forma de se viver esta fase da vida.
Contudo, embora a mudança na forma de se viver a velhice esteja acontecendo, com previsões de se intensificar ainda mais nas próximas décadas, é certo que a maneira como as pessoas a enxergam não tem acompanhado tais alterações. A forma com que a sociedade tem tratado a pessoa idosa reflete esta construção social da velhice que hoje predomina e impacta na própria percepção dos indivíduos acerca do processo de envelhecimento que vivenciam. É possível relacionar esta situação com o fenômeno do idadismo.
O termo idadismo, do inglês ageism, refere-se a um conjunto de estereótipos, preconceitos e discriminações dirigidos às pessoas, com base em sua idade. O idadismo não é direcionado exclusivamente às pessoas idosas, embora estas sejam mais suscetíveis a serem vítimas dele, sobretudo quando dependem de cuidados e possuem menor expectativa de vida saudável em seu país de residência (Organização Mundial da Saúde, 2021).
O idadismo está intimamente presente na sociedade e nas instituições, podendo manifestar-se de maneira explícita ou implícita e por meio tanto de aspectos negativos, quanto positivos (Iversen et al., 2009). É possível classificar o idadismo em três tipologias: institucional, interpessoal e internalizado. O idadismo institucional diz respeito às mais diversas esferas das instituições e permeia práticas, leis, normas sociais e políticas públicas. Um exemplo se dá na restrição do acesso de pessoas mais velhas ao mercado de trabalho.
O tipo interpessoal ocorre nas relações entre dois ou mais indivíduos e frequentemente expressa-se através de insultos, desvalorização e infantilização de pessoas com base em sua idade. Por fim, o tipo autodirigido é aquele que a pessoa pratica contra si mesma, muitas vezes de maneira implícita e em decorrência de estereótipos e preconceitos internalizados ao longo da vida.
As consequências negativas do idadismo atingem a população como um todo, mas são especialmente prejudiciais às pessoas idosas. Para elas, os impactos afetam negativamente a qualidade de vida e a saúde física e mental, contribuem para o isolamento social e podem aumentar o risco de violência. Segundo a Organização Mundial da Saúde, no Relatório Global Sobre Idadismo (2021), 96% dos estudos que investigaram a relação entre idadismo e saúde mental concluíram que o fenômeno favorece a manifestação de transtornos psiquiátricos. Além disso, no referido Relatório são apresentados resultados de algumas pesquisas recentes sobre como o idadismo afeta as pessoas que envelhecem, seja na saúde física, mental e social, bem como no âmbito econômico.
Uma pesquisa recente, realizada por estudantes e professores da Universidade de Yale (Chang et al., 2019), demonstrou que o idadismo aumenta comportamentos de saúde de risco em todos os 13 estudos promovidos pelo grupo. As principais práticas citadas incluem o excesso de fumo e bebidas alcoólicas, manutenção de uma dieta não saudável, além de não tomar a medicação como prescrita, ou mesmo uma combinação dessas três práticas. Ainda segundo os dados desse estudo, foi possível encontrar evidências de que o idadismo estava influenciando condições psiquiátricas em 95.5% dos participantes da amostra, sendo elencados sintomas depressivos como a condição mais relevante do grupo estudado.
Ainda no relatório da OMS (2021) previamente citado, é declarado que o idadismo aumenta o risco de isolamento social e sentimento de solidão, bem como restringe a sexualidade de pessoas mais velhas. Também é mencionado o medo excessivo em relação a crimes e maiores riscos de experienciar violência e abuso, bem como a perda da estabilidade financeira e os problemas e preconceitos relacionados à empregabilidade. Os pontos citados expressam a ampla abrangência de problemáticas advindas do idadismo, demonstradas em todas as áreas da vida do indivíduo, inclusive impactando a sociedade como um todo.
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