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O Mal-star em Freud

Por:   •  23/11/2017  •  Resenha  •  1.062 Palavras (5 Páginas)  •  189 Visualizações

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O Mal-estar em Freud?[1]

                                                                                   Matheus De Souza Guedes[2]

 Há um mal na civilização, e ele se chama disfarçadamente de neurose, de insatisfação e também, grosso modo, de repressão. Freud parece ter sido bem claro quando em seu livro “mal-estar da civilização” de 1930, nos aponta essas questões. Há segundo ele, três fontes que contribuem para essas frustrações. São elas a prepotência da natureza, a fragilidade de nosso corpo e a insuficiência das normas que regulam os vínculos humanos na família, no Estado e na sociedade. Mas antes de entendermos como esse mal surge e o do por que, é preciso estudar mais a fundo, entender o conceito de inconsciente.

 Imaginemos uma luz no fundo do oceano. Agora imaginemos essa luz como sendo a nossa consciência e o lugar iluminado como sendo o que pensamos. É certo que a luz não conseguirá iluminar todo o oceano, sendo ele imenso e sendo ele também o nosso inconsciente. Em outras palavras, o inconsciente é tudo aquilo que não temos controle na nossa mente. É segundo Freud, um conjunto de desejos sexuais reprimidos pela consciência. Não só isso é também um conjunto de instintos naturais e primitivos que determinam as nossas ações, o que explica a primeira fonte citada anteriormente.

A psicanalise tem então, como um dos objetos de estudo o inconsciente. Bem como é dito em seu texto “psicanalise” de 1926, que ela  é justamente “a ciência dos processos psíquicos inconscientes, que também é chamada, apropriadamente, ‘psicologia profunda’”[3]. Tenta entender e resolver fobias, histerias e até estados obsessivos, e até em casos mais específicos, tratar de depressões severas[4]. Esse tipo de ‘tratamento’, explica Freud, só é possível se o paciente e o medico estiverem em concordâncias mutuas para com a ‘terapia’.

Percebemos aqui a proporção que sua teoria cria e o sentido que ela nos trás para nossa vida. Ao mesmo tempo em que nos mostra que não agimos por conta própria também nos causa curiosidade em relação a como agimos. É certo que, embora muito bem analisada essa teoria, causou estranhamento e discórdia no começo de seus estudos pelos próprios cientistas da época. Bem como é dito em seu texto “Uma dificuldade da psicanalise” de 1917, que esse estranhamento e essa discórdia, nada mais é do que um pensamento reprimido do inconsciente. É justamente como se Freud tivesse refutando as demais antíteses como a sua própria tese[5], com a sua própria teoria.

Finalmente, para entendermos o mal-estar da civilização, é preciso antes entender o conceito também de cultura para Freud. Aqui, a palavra Kultur, ganha duplo significado, ora entendida como civilização, ora entendida como cultura. Essa cultura, nada mais é, para Freud, do que a domesticação do inconsciente. Temos aqui uma mudança drástica no significado da palavra cultura. Se o inconsciente é então o conjunto de desejos reprimidos e primitivos naturais, o homem parece ter sido bem disposto a domesticar esses. Isso é notado já nos tempos ditos primitivos. Vejamos a domesticação do incesto que corresponde à reprodução, a domesticação das leis para a sobrevivência mutua e ainda a domesticação do fogo para uma ‘melhor alimentação’. Essas domesticações não parecem ter deixado nossa sociedade muito mais feliz do que ela já é, muito pelo contrario, essas domesticações do inconsciente nos tornam neuróticos. Fazem-nos desejar algo que não temos controle, porém com a existência de leis e morais, nos forçam a reprimir esses desejos.

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