O Pequeno Nicolau
Por: Robertobozzi • 6/11/2022 • Monografia • 1.117 Palavras (5 Páginas) • 142 Visualizações
CURSO LIVRE DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE
ROBERTO BOZZI DE SOUZA
Filme: O Pequeno Nicolau
“Le Petit Nicolas”
[pic 1]
São Paulo
2022
OBRA
- FILME: O Pequeno Nicolau Título original Le Petit Nicolas. Direção: Laurent Tirard Produção: Fidélité Productions; Wild Bunch; M6 Films; Mandarin Films; Scope Pictures. Intérpretes: Maxime Godart; Kad Merad; Valérie Lemercier; François-Xavier Demaison; Daniel Prévost; Sandrine Kiberlain e outros. Roteiro: Laurent Tirard, baseado em: Le Petit Nicolas; de René Goscinny. IMAV e Distribuição; IMOVISION, Central Film; One film, Brazil 2010. (90min)
APRESENTAÇÃO
O Filme retrata a rotina de um menino com suas angústias e medos, envolvendo família e escola.
DESCRIÇÃO
O filme é baseado na obra do francês René Goscinny, “Le Petit Nicolas”, e apresenta o cotidiano de um menino com aproximadamente 08 anos, na França dos anos 50 (século passado), filho único de um pai falastrão e uma mãe que o mima muito.
O enredo da história do pequeno Nicolau é narrado em 1ª pessoa, com cenas alternando entre a escola, residência e lugares públicos. É no ambiente escolar que Nicolau incute a ideia de uma suposta gravidez da mãe ao associar os comportamentos afetivos/carinhosos de seus pais com os relatados por um colega sobre a gravidez dos seus pais.
No ambiente familiar de Nicolau (casa) se desenvolve toda uma trama fundada nesta suposição de gravidez, com o medo gerado com a chegada de um irmão. O menino se associa aos colegas de escola para deliberar, em espaços públicos e terrenos baldios, sobre métodos para cessar a ameaça de ter que dividir a atenção dos pais e perder o “posto” de filho único.
Nesse interregno, constata-se que a mãe não estava grávida, o que gera uma frustação ímpar em Nicolau, pois o colega de classe após o convívio salutar com o irmão, passou a recomendar vivamente este tipo de relação, denotando uma superioridade e benefícios com a chega do irmão.
Por derradeiro, o menino Nicolau descobre que a mãe efetivamente está grávida, mas de uma menina (sexo feminino), o que definitivamente frusta toda a expectativa de uma relação harmoniosa sonhada com um irmão (sexo masculino), o que o faz refletir e buscar valores intrínsecos à sua existência e aos seus relacionamentos.
CONTEÚDO
O filme começa com a professora propondo uma redação com o título: “O que eu quero ser quando crescer”; esse questionamento permeia todo o filme. De imediato, Nicolau olha ao redor e descreve a vida e comportamento dos colegas, que refletem o ambiente familiar em que vivem. Evidente que ele não tem a resposta para este questionamento e passa a ser assolado pela suposta gravidez da mãe, ao se pautar pelos relatos e frustações de um amigo que terá efetivamente um irmão.
A suposta gravidez da mãe gera tamanha insegurança e medo em Nicolau, que o faz perder todo paradigma e referência do sistema do qual ele se apoiava (filho único). Esse sistema é um pilar de apoio, que determina uma sensação de proteção e aconchego, contudo a novidade (gravidez) vem com uma sensação de tristeza, abandono e de aumento de dificuldades.
O filme evidencia, na relação familiar do pequeno Nicolau, as pulsões de vida e morte, o complexo de édipo com a ansiedade de castração, que é justamente o medo de ser separado de um objeto valioso (a mãe). Fica evidente na fala do personagem o objeto de amor (mãe) e o enorme prazer em ficar ao seu lado, mesmo não necessitando mais dos seus cuidados (amamentação, proteção...).
Na terceira parte do filme, o pequeno Nicolau tem que lidar com outra grande frustação, a chegada de uma irmã, pois pautado pelas experiências com as meninas da sua faixa etária, trata-se de uma relação presunçosa e tediosa. Por fim, Nicolau conclui que a sua grande missão e satisfação própria é fazer as pessoas rirem, assim como o pai o faz à mesa de jantar.
CRÍTICA
O filme é próprio para crianças e adultos sensíveis às vicissitudes da vida. Analogamente, essas sensações e medos de Nicolau foram vividas pela humanidade no século XVI, quando Copérnico constatou que a Terra não era o centro do universo. Essa emoção derivada do novo, da mudança, gera uma tristeza profunda e brutal desconforto diante do fim da estabilidade. Isso vemos no momento em que o personagem tenta fugir de casa, a fim de por à prova o amor dos pais e retomar a sua segurança dentro do quadro familiar.
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