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O Processo de Luto

Por:   •  16/6/2016  •  Trabalho acadêmico  •  4.105 Palavras (17 Páginas)  •  610 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Apresentar considerações sobre o processo de luto é um exercício que convida a refletir sobre o que é estar na presença da morte. Permanecer na presença da morte, tê-la como companhia e dialogar com ela sem uma data determinada para o fim dessa conversa. A morte não é uma visita apressada, daquelas de movimento ligeiro e discreto. Ela se instala e captura o indivíduo por um ponto de vulnerabilidade chamado apego.

O padrão de comportamento denominado “apego” pela Psicologia desenvolve-se de diferentes maneiras nos indivíduos e devolverá diferentes respostas frente às experiências de perdas, em especial na relação com a morte. A vivência do luto em cada fase do desenvolvimento humano, desde a infância até a velhice, é o ponto fundamental de interesse deste estudo para buscar compreender como ocorre a elaboração do luto em cada intervalo de tempo que se refere à infância, à adolescência, passando pela experiência do jovem adulto, do adulto de meia idade e por fim, na velhice.

As diferentes maneiras de vivenciar o luto estão intimamente relacionadas aos recursos internos que cada indivíduo produziu e reorganizou ao longo da construção da sua subjetividade, através das suas relações interpessoais. No entanto, é entendido que o luto é uma das experiências mais dolorosas e desafiantes para um ser humano atravessar. As reações emocionais se expressam em distintas modalidades e níveis de estresse ou de significação, influenciadas que estão pela experiência de construção de vínculos de cada indivíduo, aliadas à forma de compreender a morte em cada cultura.

Negação, raiva, barganha, depressão e aceitação são estágios descritos na literatura que aborda a relação com a morte. No caso específico de pacientes em estado terminal a psiquiatra Elisabeth Kubler-Ross observou a reação psíquica de cada paciente e elaborou cinco fases do luto. No luto vivido por aquele que perde um ente querido, há autores que se referem também a cinco etapas de vivenciar a perda, outros, no entanto, mencionam quatro e há abordagens que se restringem a três momentos de elaboração. Qualquer que seja a divisão adotada para a experiência do luto, ela sempre estará concorrendo com as demais influências e tensões das condições socioculturais e dos estados de transição dos ciclos de vida e será amparada ou não pela estrutura subjetiva que atua na compreensão da realidade. Disso tudo, resultam os processos de luto normal e luto agravado.

Divórcios, separações significativas, perdas de emprego, falências, mudanças de Estado ou de País, perda de órgãos ou de membros e outras rupturas drásticas, contém em si uma conotação de morte, representam pequenas (ou grandes) mortes no universo subjetivo, e são pressões que impactam o processo de luto quando concomitantes com a perda de um ente querido.

A maior ou menor capacidade de um indivíduo para atravessar um processo de reorganização de si mesmo é um elemento de influência significativa na forma como se dará a compreensão da morte, assim como, no tempo, na intensidade e na permanência em cada estágio da elaboração do luto. Essas questões serão tratadas a seguir, no exercício de abordagem desse processo.

A CRIANÇA E A COMPREENSÃODA MORTE - 0 A 7 anos

A morte participa da condição humana, e questões a respeito da morte bem como a origem da vida estão presentes na criança. Muitos adultos acreditam que a criança não entende nada sobre a morte e deve ficar longe da situação quando alguém próxima a ela morre, porém a criança está em contato com a morte de diferentes formas, como a perda de bichinhos de estimação e imagens de morte em desenhos animados na televisão, e esta relação assim como o emocional é registrado em seu psiquismo.

Quando o adulto tem o pensamento de que a criança não compreende a morte, isto favorece a atitudes inadequadas como, por exemplo, evitar o assunto. Nunes (1998, página 15) acrescenta que as crianças podem acreditar que o familiar que morreu permanece vivo e que nas semanas que seguem a criança pode apresentar tristeza profunda, e que se evitar demonstrar tristeza ou a longo prazo evitar a morte da pessoa querida por ela pode vir a ter problemas no futuro. A raiva também é uma reação esperada na perda de alguém essencial, que pode vir a se manifestar em comportamentos irritadiços, medo, agressão aos familiares que ficaram e outros. Porém Nunes fala ainda que a reação da criança ao luto depende bastante de como as pessoas próximas a ela abordarão essa questão nas semanas e meses que sucederão a perda.

Quanto ao fato na verdade até mesmo para crianças que não tiveram perdas é necessário que o adulto esclareça suas duvidas e converse a respeito da morte sendo o mais honesto possível, levando em consideração seu desenvolvimento cognitivo. Crianças pré-escolares acreditam que a morte seja temporária e reversível como acontece nos desenhos animados onde os personagens morrem e tornam a viver (Papalia, OLDS, 2000, pág 365).

Segundo Piaget (1967) quanto ao desenvolvimento cognitivo infantil, conceituou como um processo progressivo de equilíbrio com formas cada vez mais aperfeiçoadas, dividindo em quatro grandes estágios sequenciais com o propósito de definir as diferentes formas de interação; a primeira fase é chamada sensório-motor (0-2 anos) onde não há formado um conceito sobre a morte, e a segunda chamada de pré-operacional (2-7 anos) onde a morte é irreversível, e conforme Piaget percebemos que a cada estágio existe uma estrutura onde é possível à criança representar certos conceitos.

A não funcionalidade (entendimento que as funções cessam com a morte) e universalidade (todas as coisas morrem) estão correlacionadas com os estágios de desenvolvimento cognitivo, de Piaget. A compreensão da reversibilidade das coisas que a cercam ocorre nos estágios operacionais. Se a criança consegue entender o reversível a partir disto ela concebe o conceito irreversível.

A maioria tem o conceito de finitude formado entre os cinco e sete anos, no período de transição do pensamento pré-operacional para o operacional concreto, nesta idade possuem um entendimento sobre a irreversibilidade da morte.

Estudos sobre aquisições do conceito de morte em crianças são importantes, porém o que parece ser um consenso é de que crianças fazem perguntas profundas ou complexas sobre a morte e deixá-la sem resposta ou ignorar, principalmente as pessoas em quem ela confia, é grave, e a mesma tomará

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