Os Fundamentos do Psicodrama

Fundamentos do Psicodrama

As conferências iniciam com Moreno criticando a psicanálise e defendendo que os métodos grupais e de ação mobilizam o inconsciente. O mesmo também critica os termos transferência e contratransferência, e acusa Freud de atribuir status ao terapeuta, em seguida, Moreno nos introduz ao termo Tele, o principal da primeira conferência.

Para o autor, o paciente projeta no terapeuta fantasias irrealistas que podem levar a uma relação “tele”, em que se o terapeuta é sábio e gentil, e o paciente o percebe assim, essa relação não é transferencial, mas sim um insight sobre as características desse terapeuta. A transferência é um “papel” que o terapeuta representa para o paciente.

O autor defende ainda que o agente terapêutico na psicoterapia de grupo não precisa ser uma pessoa que possua um “status especial”, ressalta que o terapeuta é subordinado ao grupo, é antes de mais nada um membro daquele grupo.

Ele ainda alega que a transferência e a tele tem um aspecto cognitivo e conativo; mas enquanto a tele é usada para escolher tanto o terapeuta adequado quanto o parceiro de grupo, a transferência é usada para aferir incorretamente o terapeuta e para escolher parceiros de grupo que produzem relações instáveis em determinada atividade. Ou seja, quanto mais antigas forem as experiências, menos ele perceberá o efeito que elas têm sobre ele e menor será sua consciência de quanto está pressionado no presente a projetar seus conteúdos sobre os outros.

Moreno afirma ainda que quanto maior a distância social entre um paciente e as outras pessoas de seu átomo social comum, mais imprecisa será sua avaliação quanto à relação deles entre si e com ele próprio.

Coloca que todas as suas técnicas interativas como o espelho, o duplo e inversão de papeis podem ser utilizadas dentro de sistemas de psicoterapia unicamente verbais e que essas técnicas sofrem transformações quando utilizadas no psicodrama.

Possível reação de Freud a esse trabalho e a continuação de sua produção: “A psicanálise individual, sem atalhos, deve ser mantida a todo custo como fonte última de informação. Se, entretanto, novas técnicas e descobertas puderem oferecer uma extensão da pesquisa psicanalítica em áreas de relações humanas nas quais a técnica de associação livre, inclusive a técnica dos sonhos, não consiga avançar, como no campo da patologia social ou cultural, eu seria o primeiro a reconhecer os ganhos que resultassem de sua aplicação.”

Posteriormente pergunta-se a respeito das reações de Adler e Jung a esse trabalho levando em conta a “psicologia individual” e as hipóteses do inconsciente coletivo.