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Os Tempos líquidos, líquidos amores

Por:   •  21/5/2018  •  Trabalho acadêmico  •  963 Palavras (4 Páginas)  •  248 Visualizações

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Tempos líquidos, líquidos amores

RESUMO: Este artigo pretende abordar, de forma sucinta, as relações amorosas na Pós-modernidade, a partir do conceito de Amor Líquido – termo cunhado pelo sociólogo Zygmunt Bauman, para se referir à natureza dos vínculos relacionais estabelecidos em tempos de globalização. Sabe-se que a Pós-Modernidade é marcada por uma forte ênfase no prazer imediato, na liberdade individual e no desfrute do momento presente, o que dá aos relacionamentos um caráter de efemeridade, designado por Bauman como liquidez.  

Palavras-chave: Relações amorosas; Pós-Modernidade; Amor líquido.

Introdução

 A relação amorosa ocupa um lugar de relevância na vida da grande maioria das pessoas. O anseio por um companheiro, ou por uma companheira, com quem se possa dividir e desfrutar a vida pode ser ilustrado pelos romances, poemas, músicas, contos de fadas e outras formas de expressões artísticas que remontam às origens da história do homem sobre a Terra. Entretanto, ao longo dos anos, a ideia de amor, de relacionamento e de parceiro amoroso ganham diferentes contornos, condizentes com o período histórico e com os valores de cada geração.

Vivemos um período histórico marcado por uma economia globalizada, por um mundo conectado através da internet, pelo acesso a um número ilimitado de informações, por transformações constantes no seio da sociedade e por um estonteante avanço tecnológico, onde a liberdade e a autonomia são sobremaneira valorizadas. Cabe-nos refletir sobre os contornos que o relacionamento amoroso vem tomando nesse contexto.

Como base de nossa reflexão, adotamos o conceito de amor líquido, desenvolvido por Bauman. Em um primeiro momento, abordaremos o conceito de liquidez nas relações humanas desenvolvida pelo referido autor. Posteriormente, trataremos do amor líquido nas relações amorosas.

O que se observa é que os relacionamentos amorosos, vividos nesse período da história humana, obedecem à lógica de mercado e às relações de consumo. O casal estabelece um contrato passível de ser quebrado a qualquer momento, e que precisa ser atualizado e renegociado com frequência.

Tempos Líquidos

Um dos mais importantes pensadores do século XX, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1926-2017), utilizou a metáfora do estado líquido para definir o tempo em que vivemos. Um líquido não possui forma permanente. Sua forma é dada pelo recipiente em que está contido, podendo sofrer alterações a qualquer momento. O mesmo acontece com qualquer coisa relativa à vida humana na atualidade: a qualquer momento, a economia pode se alterar, uma nova descoberta da ciência pode colocar em xeque antigas crenças, uma nova tecnologia pode surgir e modificar nossa forma de agir sobre o mundo. Segundo Bauman, vivemos um tempo líquido, repleto de sinais confusos, propenso a mudar de forma imprevisível e com grande rapidez.

Em tempos líquidos, as relações humanas são marcadas pela fluidez, pela incapacidade de manterem a mesma identidade por muito tempo. O tempo líquido permite o instantâneo e o temporário em qualquer esfera da vida, inclusive na relação amorosa.

Amor Líquido

Em um mundo onde as transformações constantes geram instabilidade e insegurança é comum as pessoas enxergarem, no parceiro amoroso, uma âncora. Entretanto, ao se verem “ancorados” em um relacionamento, homens e mulheres se ressentem de estarem perdendo a liberdade, perdendo a oportunidade de viverem outras experiências, de experimentarem a novidade.

Em tempos líquidos, a ideia de um compromisso duradouro costuma causar a sensação de privação e entra em cena o amor líquido: uma forma de relacionamento em que “se entra pelo que pode ganhar e se continua apenas enquanto ambas as partes imaginem que estão proporcionando a cada uma satisfações suficientes para permanecerem na relação” (GIDDENS, 1993 apud BAUMAN, 2004, p. 111).

Segundo Bauman (2004), vivemos em uma sociedade extremamente narcisista, cujo apelo constante é o da independência, da autonomia, da satisfação e da auto realização completa e a qualquer custo.  Nessa sociedade, palavras de ordem vindas de livros de autoajuda, de especialistas e de pessoas comuns ecoam por todos os cantos: “você merece ser feliz”, “viva feliz consigo mesmo”, “acredite que você pode tudo” (BAUMAN, 2004).

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