PROJETO DE PESQUISA EM PSICOLOGIA SOCIAL CRÍTICA
Por: Lelaa • 5/6/2016 • Trabalho acadêmico • 1.722 Palavras (7 Páginas) • 509 Visualizações
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PROJETO DE PESQUISA
EM PSICOLOGIA SOCIAL CRÍTICA
MARCELINO Leticia Kons, MARCHI, Rafaela Caroline
MARTINS, Thatiane Deise e MATOS Gislaine Santos
São José
2015
1- TEMA
A representação social das mulheres entre as mulheres
2- JUSTIFICATIVA
A recente aprovação do projeto de Lei 8305/14, que inclui o feminicídio (perseguição e morte intencional de indivíduos do sexo feminino) no rol dos crimes hediondos, classificando-o como homicídio qualificado, revela que apesar dos inúmeros avanços das mulheres na conquista por um espaço social, ainda existe uma enorme luta a ser travada. A mulher contemporânea trabalha dentro e fora de casa, realiza tarefas de relevância social, qualifica-se para o mercado de trabalho, mas ainda assim enfrenta diversas desigualdades.
De acordo com Virginia Cavalcanti Pinto (2005, p. 14) “a identidade da mulher deve ser considerada como contingente, sempre determinada pelo contexto sócio-histórico vigente, em que as posições de sujeito ganham sentido e se definem como adequadas, pertinentes, imprópria, entre outras possibilidades (...) ser mulher, do mesmo modo que ser homem, é consequência de uma extensa e intricada rede de significações sociais”. Sendo assim, desmistificar qual o real papel da mulher inserida em um contexto social especifico: a grande Florianópolis do século XXI é levantar um tema extremamente presente no nosso cotidiano. É de certa forma, revelar o papel que o individuo do sexo feminino representa na contemporaneidade e a forma como essas mulheres se enxergam dentro desse contexto social atual.
3 - PROBLEMA
São as representações sociais contidas na cultura que nos revelam enquanto sujeitos, já que é a partir dessas representações que assumimos posições e moldamos a nossa identidade. Sendo assim, a mulher atual, difere bastante do modelo tradicional de “dona de casa”, visto que, muito além das funções domésticas, têm assumido diferentes posições fora do contexto do lar. Tal multiplicidade de escolhas e responsabilidades tem criado novas representatividades, e em muitos casos, aprisionando novamente o individuo do sexo feminino dentro de um novo “padrão”.
Desta forma, levando em consideração os fatos aqui expostos, tal projeto presta-se a responder o seguinte questionamento: “O que é ser mulher num contexto social contemporâneo?”
4 - OBJETIVOS
Como objetivo geral, tal projeto pretende mensurar a representação das mulheres entre as próprias mulheres. Ou seja, compreender o modo como as mulheres pertencentes a um contexto histórico-social especifico (Grande Florianópolis do século XXI) experienciam a construção de uma identidade dentro de uma cultura pós-moderna que se baseia na ética da excelência e que com, e por causa, dos avanços, exigem uma multiplicidade de padrões ditos “femininos”.
A ideia é entender o modo singular e concomitantemente partilhado do que é ser mulher. Sendo assim, o ponto de partida é justamente adentrar em diferentes “mundos” femininos, para que assim, possa-se vivenciar a maneira como estes indivíduos se veem e posicionam-se diante do mundo atual.
5 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
“Mulher”, palavra originária do latim muliere que costumeiramente nos remete a uma figura frágil, delicada, sensível e vulnerável. De fato, num passado não muito distante as mulheres eram subjugadas a figura dominante dos homens, sendo protagonistas da “reprodução”, imaginadas de bobs e avental no meio da cozinha, desempenhando papeis domésticos que apesar de não menos valorosos, eram invisíveis e inferiores dentro da sociedade patriarcal. Ao longo do tempo, com o advento dos movimentos de contracultura, o feminismo e a própria escassez de mão de obra masculina nos períodos das duas grandes guerras, as mulheres foram refletindo quanto ao seu espaço na sociedade e reivindicando a sua posição de “inferioridade” diante dos homens. Nas palavras de Virginia Cavalcanti Pinto (2005, p.18) “dizer da mulher, portanto, é também falar sobre o seu fazer, sobre suas realizações. Enquanto confinada no lar, a mulher gozava de uma invisibilidade social. Ao ocupar espaços públicos, principalmente via trabalho, a mulher ganha “status” de sujeito autônomo livre”.
A partir de então, o homem deixa de ser o único provedor possível (Castells 1999) e as mulheres finalmente conquistaram um espaço atuante dentro da sociedade. No entanto, isso não significa que haja uma igualdade entre os sexos, afinal de contas, no imaginário masculino e até mesmo no feminino ainda existem preconceitos que perduram até hoje, como por exemplo, a ideia de que a criação dos filhos é uma responsabilidade prioritária da mulher. Tal crença, aliás, faz com que muitas mulheres contemporâneas tenham que fazer escolhas difíceis diante das exigências de aperfeiçoamento profissional e da expectativa de que elas constituam família, e assumam a responsabilidade de cuidar da casa, do marido e da educação de suas crianças.
Se há quarenta anos a exigência era de que a mulher fosse uma exímia dona de casa, hoje a sociedade alimenta a ideia de que a mulher é capaz de manter uma dupla jornada: ao mesmo tempo em que precisam ser profissionais competentes, também precisam manter o status de mãe e esposa.
Para Figueira, 1997 (citado em Pinto, 2005 p.71), esse “desalojamento da identidade tradicional e a indefinição na nova identidade são frutos das inúmeras possibilidades da auto-representação na atualidade”.
Deste modo, é evidente que a trajetória da mulher tem sofrido inúmeras “mutações” na sua representatividade social, trazendo consigo mudanças de tempos culturais distintos, que consequentemente implicam em uma transição para um novo modo de se “identificar” no mundo. Esse movimento, aliás, denota o fato de que os modos femininos de ser e de se auto-representar, não são homogêneos, pelo contrário, apresentam singularidades e diversidades.
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