PSICODIAGNÓSTICO FENOMENOLÓGICO-EXISTENCIAL
Por: P8X8 • 9/4/2019 • Relatório de pesquisa • 907 Palavras (4 Páginas) • 133 Visualizações
PSICODIAGNÓSTICO FENOMENOLÓGICO-EXISTENCIAL
Dentro da abordagem da Psicologia Clínica Fenomenológico-Existencial, o estabelecimento de um psicodiagnóstico ocorre através da identificação e explicitação do modo de existir do sujeito em seu relacionamento com ele próprio, com os outros e com o ambiente em determinado momento, bem como dos significados que ele constrói de si e do mundo.
Dentro deste enfoque o sujeito é entendido como um ser pluridimensional, livre, inserido em um mundo dotado de sentido particular, aberto às suas possibilidades, consciente de sua finitude e de sua responsabilidade perante suas escolhas, e capaz de inventar e cuidar de sua própria existência mediante a ação.
Partindo desta visão de sujeito, a dimensão psicopatológica da existência vai se manifestar por meio de uma vivência de sofrimento onde a pessoa se sente vítima e presa a um destino sombrio e a uma existência destituída de realizações gratificantes e prazerosas.
Sem liberdade de escolha, a pessoa vive a sensação de estar encurralada pelas circunstâncias da vida, sentindo-se impotente para modificá-las, submetendo-se a elas, num sacrifício alienante e inevitável.
Nesse processo de sofrimento, a pessoa perde o contato com as possibilidades existentes em relação ao seu organismo e no meio em que está inserida, percebendo a si mesma e ao outro de forma distorcida.
Por exemplo, em uma pessoa que apresenta um modo de existir depressivo, o sentimento de falta de possibilidades na sua relação com ela, os outros e o mundo é muito acentuado.
Já, em uma pessoa que vivencia um modo de ser ansioso, o que emerge na relação com ela, com os outros e com a vida são possibilidades negativas ou conflitantes em relação ao futuro.
Desse modo, o aspecto relacional da existência humana assume um papel determinante na constituição de um desenvolvimento saudável ou patológico e é um elemento essencial no estabelecimento de um psicodiagnóstico de base fenomenológico-existencial.
É o modo de ser e existir do sujeito que aparece na relação terapêutica que vai mostrar os conflitos existentes na relação do indivíduo com ele mesmo, com os outros e com o meio.
É importante lembrar que esses conflitos em certa medida fazem parte da vida humana, gerando uma tensão básica que é fundamental no desenvolvimento humano saudável, porém haverá psicopatologia se esses conflitos subsistirem em termos de desordem, fazendo com que o indivíduo permaneça num comportamento estereotipado, invariante, alheio às suas possibilidades e do ambiente, ou reagindo inadequadamente a elas.
A psicopatologia também pode manifestar-se como uma desorganização da cronologia existencial.
Para o sujeito melancólico, o tempo afigura-se parado, imóvel, sem nenhuma perspectiva.
As ideias de ruína, de culpabilidade surgem como tentativas de justificar a modificação profunda da estrutura da vivência temporal.
Neste sentido, a perturbação dentro do tempo do melancólico deixa de ser sintoma, para ser causa.
Grande parte da psicopatologia presente em um caso é reconstituída a partir do estudo a respeito da maneira como o indivíduo se situa em relação à vivência do tempo e do espaço.
Longe de serem aspectos adjetivos na expressão de experiências específicas, tempo e espaço afirmam-se como dimensões significativas do ser.
A pessoa, no processo diagnóstico, deve ser apreendida como sendo um fenômeno único e, como tal, respeitada em sua totalidade; não deve, portanto, ser avaliada segundo normas e padrões de comportamento preestabelecidos, numa total revelia a sua própria existência.
Seu nível de crescimento ou de maturidade deve ser dimensionado por meio dos projetos de vida por ela própria idealizados e de acordo com seu próprio mundo e contexto existencial.
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