Preconceito
Por: Eli2014CGarcia • 12/5/2015 • Artigo • 3.841 Palavras (16 Páginas) • 237 Visualizações
1-INTRODUÇÃO
Nos dias atuais, a sociedade em geral vem se conscientizando das diferenças e multiplicidades sociais emergentes pela quais é composta, bem como da necessidade de regular os vários aspectos envolvidos nos relacionamentos sociais que são decorrentes dessas diferenças. Essa conscientização tem gerado reivindicações que vem estabelecendo novas linhas de demarcação no domínio das interações sociais, causando uma regulação com base em novos valores que pretendem gerar uma “ética de igualdade”, baseada no respeito (moral) e no reconhecimento (direito) das diferenças e pluralismos.
Infelizmente, a poucos, discriminar mulheres, negros, homossexuais, pobres, por exemplo, era uma prática que passava desapercebida como uma forma de preconceito e até mesmo violência na sociedade. Essa intolerância com as diferenças e os “diferentes”, com a minoria oprimida, revelava o preconceito sempre presente nas relações humanas. Hoje, a conscientização desse problema e o reconhecimento do preconceito que ainda é muito frequente e por vezes até de forma camuflada nos dias atuais, tem aberto portas para uma evolução nas relações sociais, visando o combate ao preconceito.
Portanto, pensar o preconceito é indispensável, uma vez que todos estamos envolvidos nesses aspectos de diferenças e multiplicidades que compõe a sociedade. Por meio do conhecimento, da discussão, da visão crítica da realidade devemos pensar o preconceito para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. O Filme “Histórias Cruzadas-The Help”, que nos servirá de base para este trabalho, demonstra claramente o preconceito e discriminação contra negros, mulheres e pobres e nos desafia a darmos uma resposta para essa prática repugnante que está incutida na sociedade desde os primórdios, o preconceito. Não obstante faremos uma reflexão do filme, e as teorias postuladas com base em três autores.
2- REVISÃO DE LITERATURA
2.1- Na visão de Rodrigues, definição de preconceito seria “atitudes ou comportamentos negativos direcionados a indivíduos ou grupos, baseados num julgamento prévio que é mantido mesmo diante de fatos que o contradigam.” O preconceito é tão velho quanto a humanidade, por isso é muito difícil de ser erradicado. Seus males em uma dimensão muito profunda e suas consequências podem ser sutis ou extremamente violentas. Em meados dos anos 90, assistimos os massacres em nome de etnias, posse de território e poder na Iugoslávia. Na África, grupos distintos se agridem cruelmente. Além dos genocídios ocorridos na Armênia e na Ucrânia.
No meio do século, temos talvez o mais estarrecedor exemplo de todos: o Holocausto, quando milhões de judeus foram massacrados na Europa. No Brasil, a escravidão trouxe consequências óbvias na convivência entre brancos e negros. Enquanto os brancos viviam aqui por escolha própria, os negros foram trazidos à força da África, escravizados. Mesmo após a Lei Áurea, em 1888, não houve possibilidade de igualdade em termos de acesso a bens, educação, oportunidades, saúde, etc. A miscigenação étnica aqui ocorrida distingue o Brasil dos países de colonização protestante, onde o preconceito racial foi ainda mais acirrado.
Qualquer grupo social pode ser alvo de preconceito, não apenas minorias. Sentimentos hostis trazem uma via de mão dupla, fluindo também das minorias para maiorias.
O preconceito emergiu como um constructo científico apenas ao longo dos anos 20, relacionado principalmente à questão racial. Até então, como aponta Duckitt(1992), a comunidade científica acreditava que realmente havia diferenças entre raças, que seriam umas inferiores a outras, portanto a ideia de preconceito não era ainda construída.
Para facilitar compreender o que é preconceito, convém entender o conceito de atitude.
ATITUDE é um sistema relativamente estável de organização de experiências e comportamentos relacionados com um objeto ou evento particular. Para cada atitude há um conceito racional e cognitivo-crenças e ideias; valores afetivos associados de sentimentos e emoções que, por sua vez, levam a uma série de tendências comportamentais-predisposições. Portanto, toda atitude é composta por três componentes: um cognitivo, um afetivo e um comportamental. Na cognição o termo atitude é empregado com referência à um objeto. Toma-se uma atitude me relação a que? Este objeto pode ser uma abstração, uma pessoa, um grupo ou uma instituição social. O afeto é um valor que pode gerar sentimentos positivos que por sua vez geram uma pré-disposição ou atitude positiva; ou sentimentos negativos resultando em atitude ou pré-disposição negativa. O comportamento, é a predisposição a ação que se concretiza ou não dependendo da exposição á uma situação; sentimentos positivos levam a aproximação, negativos, ao esquivamento ou escape. Dessa forma, entende-se o PRECONCEITO como uma atitude negativa que um indivíduo está predisposto a sentir, pensar, e conduzir-se em relação a determinado grupo de uma forma negativa previsível.
Outro aspecto importante nessa reflexão sobre preconceito é a questão do estereótipo, segundo Rodrigues ( ) “Na base do preconceito estão as crenças que atribuímos a indivíduos ou grupos, chamadas de estereótipos.” É um conjunto de características presumidamente partilhadas por todos os membros de uma classe social. Pode envolver praticamente qualquer aspecto distintivo de uma pessoa- idade, raça, sexo, profissão local de residência ou grupo ao qual é associada. Quando nossa primeira impressão sobre uma pessoa é orientada por estereótipo, tendemos a deduzir coisas sobre ela de maneira seletiva e imprecisa, perpetuando assim, nosso estereótipo inicial. Os psicólogos sociais contemporâneos identificam o estereótipo como a base cognitiva do preconceito. Os sentimentos negativos em relação a um grupo constituiriam o componente afetivo, e a discriminação, o componente comportamental. O estereótipo, em si, é um meio de simplificar e “agilizar” nossa visão do mundo. Estereótipos podem ser corretos ou incorretos. E também, positivos, neutros ou negativos. O fato de, num primeiro momento, facilitarem suas reações frente ao mundo esconde a realidade de que, na maioria das vezes, estereotipar pode levar a generalizações incorretas e indevidas.
O ato de rotular as pessoas também é um outro processo bastante similar. Poderíamos mesmo dizer que a rotulação seria um caso especial do ato de estereotipar. A atribuição de um rótulo a uma pessoa nos predispõe a pressupor comportamentos compatíveis com o rótulo imputado. Uma vez atribuído, nós tendemos a perceber os comportamentos da pessoa à luz do rótulo. Tal tendência, embora comum, é perigosa e pode levar a injustiças e erros de julgamentos graves.
As causas do preconceito são complexas, como já mencionamos, o preconceito tem três componentes: crenças, sentimentos e tendências comportamentais. Crenças preconceituosas são sempre estereótipos negativos. Segundo Adorno (1950), a fonte do preconceito é uma personalidade autoritária ou intolerante. Pessoas autoritárias tendem a ser rigidamente convencionais. Partidárias do seguimento às normas e do respeito à tradição, elas são hostis com aqueles que desafiam as regras sociais. Respeitam a autoridade e submetem-se a ela, bem como se preocupam com o poder da resistência. Ao olhar para o mundo através de uma lente de categorias rígidas, elas não acreditam na natureza humana, temendo e rejeitando todos os grupos sociais aos quais não pertencem, assim, como suspeitam deles. O preconceito é uma manifestação de sua desconfiança e suspeita.
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