Psicanálise Intervenções Psicanalíticas
Por: Isabela Teixeira • 26/11/2018 • Resenha • 1.595 Palavras (7 Páginas) • 347 Visualizações
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Centro Universitário IBMR-Laureate
ISABELA TEIXEIRA DE SOUZA
JESSICA NASCIMENTO DE SOUZA
KELLY LINS JUBINI DE AMORIM
RITA CRISTINA A. CANTERGIANI
WALESKA M. URTIGA
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA – APS
Intervenções Psicanalíticas
Rio de Janeiro / RJ
2018
ISABELA TEIXEIRA DE SOUZA
JÉSSICA NASCIMENTO DE SOUZA
KELLY LINS JUBINI DE AMORIM
RITA CRISTINA A. CANTERGIANI
WALESKA M. URTIGA
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA - APS
Intervenções Psicanalíticas
IBMR – LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES
_________________________________________________
Orientador: Prof. Thiago Crespi
Rio de Janeiro/RJ
2018
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo abordar a prática psicanalítica nos mais diversos contextos. Trata-se de uma pesquisa teórica, com finalidade de apresentar a possibilidade de inserção da clínica psicanalítica no espaço da saúde pública. Este estudo abordará as possibilidades de inserção de que o psicanalista desfruta para disponibilizar uma escuta analítica a toda à população (OLIVEIRA; STORMOWSKI; MOTTA, 2014). Diante disso, faz-se necessário reinventar a psicanálise para além do consultório.
A introdução do psicanalista nas instituições públicas de saúde teve início entre as décadas de1960 e 1970, por resultados diretos das modificações ocorridas no sistema de saúde brasileiro a partir da Reforma Psiquiátrica e da Reforma Sanitária, tendo como ápice a formação do Sistema Único de Saúde.
Historicamente, o hospital era um local de assistência e exílio, que não possuía a função medicamentosa e curativa, onde o indivíduo estava para curar suas dores, ou até mesmo apenas para morrer. Este tinha função de exclusão, em que pessoas com diagnósticos de loucura eram designadas a passar o restante de suas vidas. O ambiente hospitalar tinha como função separar os indivíduos da sociedade, de forma que não se misturassem, evitando contato e um provável contágio. De forma a ser somente assistencialista não tinha cargo médico, eram pessoas religiosas e leigas que faziam os trabalhos dentro da instituição (OLIVEIRA; STORMOWSKI; MOTTA, 2014).
Observam-se as possibilidades de que o analista dispõe para adequaro método, de modo que o serviço de atendimento psicológico aos usuários do sistema único de saúde seja efetuado, objetivando desfazer a ideia preconceituosa de que esse tratamento psicanalítico seria impraticável no SUS. Dessa forma, iremos repensar a psicanálise no âmbito da saúde pública, sem perder de vista seu rigor ético e específico da clínica psicanalítica.
Ressaltando, que uma das reorientações para a prática psicanalítica nas Instituições de saúde partiu da coabitação com outros profissionais, o que exigiu um trabalho articulado com sua equipe de saúde. Para que o psicanalista opere na função de analista de forma articulada a uma equipe, ele deve tomar parte nas decisões acerca dos sujeitos (FIGUEIREDO, 2010; MORETTO, 2006).
No geral, as instituições públicas de saúde como o CAPS, por exemplo, vêm sendo alvo de um crescente número de psicanalistas, o que é comprovado pelos inúmeros trabalhos que apontam para os limites e possibilidades de atuação de tais profissionais dentro dessas instituições (FIGUEIREDO, 2002; MORETTO, 2006).
A INTRODUÇÃO DA CLÍNICA PSICANALÍTICA NAS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE PÚBLICA
A possibilidade de que a psicanálise viesse a ingressar no âmbito da saúde pública foi prevista desde seus primórdios. No 5° Congresso Psicanalítico Internacional, realizado em Budapeste em 28 e 29 de Setembro de 1918, Freud abordou o assunto:
Vamos presumir que, por meio de algum tipo de organização, consigamos aumentar os nossos números em medida suficiente para tratar uma considerável massa da população. (...) Quando isto acontecer, haverá instituições ou clínicas de pacientes externos, para as quais serão designados médicos analiticamente preparados (...). Tais tratamentos serão gratuitos. Pode ser que passe um longo tempo antes que o Estado chegue a compreender como são urgentes esses deveres. (...) Mais cedo ou mais tarde, contudo, chegaremos a isso. Defrontar-nos-emos, então, com a tarefa de adaptar a nossa técnica às novas condições (1919 [1918] p. 104).
Freud, já assinalava que a entrada dos psicanalistas no âmbito das instituições estatais de saúde iria implicar novos desafios. Ele disse que, futuramente, seriam criadas instituições que designariam psicanalistas para tratar uma considerável massa da população. Para isso, seria necessário o trabalho do analista de adaptar as técnicas às novas condições, mas enfatizava que os princípios psicanalíticos deveriam ser mantidos. Talvez fosse necessário adaptar a técnica às novas condições, no entanto, qualquer que seja a forma que essa psicoterapia para o povo possa assumir, quaisquer que sejam os elementos dos quais se componha, o seu ingrediente mais efetivo e mais importante continuará a ser, certamente, aquele tomado à psicanálise estrita e não tendenciosa (FILHO, 2013; MACHADO CHATELARD, 2013).
Dessa forma, é preciso oferecer a escuta analítica a toda a população, não importando sua classe social, e devemos entender que não existem duas psicanálises, uma para a clínica e outra para a saúde pública (OLIVEIRA; STORMOWSKI; MOTTA, 2014).
Uma das críticas feitas frequentemente ao ambulatório, especialmente pelos ideólogos da saúde mental, é que sua estrutura e modo de funcionamento são análogos aos do consultório, como se esta prática, com seu caráter privado, fosse indevidamente transposta para o serviço público. Penso justamente o contrário. O ambulatório não é um simulacro do consultório; é o próprio consultório tornado público (FIGUEIREDO, 1997, p. 11).
Cabe, portanto, aos psicanalistas a construção do seu lugar na instituição pública de saúde, a partir de seu próprio trabalho. Moretto (2001) afirmou:
O que um analista pode num hospital, concluo, não é mais nem menos do que ele pode em qualquer lugar.O que um analista podefazer se aproxima bastante daquele que ele deve fazer, daquilo que é sua função (...) ciente da sua função e dos seus limites, é bem provável que ele consiga fazer um trabalho rico e eficaz (p. 207).
Diante disto, vemos que a aplicação da psicanálise para além dos consultórios privados é viável, mas depende fundamentalmente do psicanalista, de seu rigor ético, da clareza de seus propósitos e de sua função. No entanto, no contexto público, ele é obrigado a lidar com variáveis que não se encontram no consultório particular. Muitas vezes, faltam salas para o atendimento, e o divã é algo praticamente inacessível, mas os atendimentos podem ocorrer em qualquer lugar. O analista precisa lidar com as situações particulares desses locais, precisando criar o seu lugar a cada dia (OLIVEIRA; STORMOWSKI; MOTTA, 2014; LACAN, 1998, p. 247).
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