Psicologia
Seminário: Psicologia. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: sabrinacasar • 17/10/2014 • Seminário • 1.772 Palavras (8 Páginas) • 192 Visualizações
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de estudo para a Psicologia nem um método único
de investigação, soma-se a constatação de que
produzimos com os nossos discursos sujeitos
diferenciados. Assim, enquanto dispositivo
constitutivo de subjetividade, cada abordagem
psicológica cria seu próprio sujeito-objeto.
Isso por si só nos fala de uma dimensão ética da
teoria e da prática psicológicas, no sentido em que
a uma determinada compreensão do humano
atrela-se a própria fenomenalidade do sujeito. Ou
seja, se cada abordagem, escola ou sistema
psicológico cria seu próprio objeto de estudo à
sua imagem e semelhança, devem-se levar em conta
as diferenças de uma para a outra, respeitando-as
enquanto alteridade de discurso. Figueiredo (1995)
nos alertara sobre a possibilidade de as várias
psicologias serem vistas como “dispositivos éticos
de constituição de sujetividades”.
José Célio Freire
Doutor em Psicologia
pela Universidade de
São Paulo. Professoradjunto
do
Departamento de
Psicologia da
Universidade Federal do
Ceará, onde leciona a
disciplina Ética
Profissional no Curso de
Graduação em
Psicologia e Ética e
Psicologia no Mestrado
em Psicologia.
A Psicologia a Serviço do Outro:
Ética e Cidadania na Prática Psicológica
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Psychology for the other: Ethics and citizenship in the psychological practice
A discussão que pretendemos desenvolver tomará
um a um os termos que aparecem no título acima.
Tratemos do primeiro deles. O que é para nós a
Psicologia? Na forma como se entende
normalmente, a Psicologia se propõe a ser um
estudo científico do comportamento humano (e
animal, para alguns) que se situaria a meio caminho
entre o conhecimento biológico e o conhecimento
dos processos sociais. Haveria uma unidade de
base nessa ontologia regional e as várias teorias se
integrariam em um corpo epistêmico comum.
Nada mais falso, a nosso ver, que essa idéia unitária
da Psicologia.
Hoje compreendemos, diferentemente de Penna
(1997), as psicologias no plural como distintas
formas de tratar a subjetividade e que, ao fazê-lo,
por sua vez, constroem diferentes subjetividades.
Ao fato de que não encontramos um objeto uno
Resumo:Este artigo propõe uma visão da ética da prática psicológica a partir da Filosofia Social de
Emmanuel Lévinas. Para isso, retoma a dispersão do saber psicológico, as características da atuação
profissional do psicólogo e a discussão sobre cidadania e qualidade de vida.
Palavras-chave: Ética, cidadania, Psicologia, alteridade.
Abstract:This paper proposes an ethical view of the psychological practice in the perspective of Emmanuel
Lévinas’s Social Philosophy. It deals with the dispersion of the psychological knowledge, the professional
characteristics of the psychologist and the discussion about citizenship and life quality.
Key words: Ethics, citizenship, Psychology, alterity.
Raymond
PSICOLOGIA CIÊNCIA E PROFISSÃO, 2003, 23 (4), 12-15
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Por seu turno, a cada teorização psicológica
corresponde uma intervenção prática específica,
seja porque essa intervenção se constitui na mera
aplicação de uma teoria, seja porque muitas
teorias nasceram de uma prática específica (como
a maior parte das teorias de personalidade, que
surgiram da clínica psicológica, psiquiátrica ou
psicanalítica). Ora, é indubitável também a
dimensão ética dessas práticas (Freire, 2002), tendo
em vista que essa dimensão diz respeito ao sentido,
ao juízo e às conseqüências de comportamentos
de uns que afetam a outros.
Mas onde ocorrem tais práticas psicológicas? O
que vêm a ser os serviços de psicologia? Eis o
segundo termo a tratar. São modelos de atuação
psicológica, vinculados a determinadas escolas de
pensamento psicológico, que oferecem práticas
psicológicas determinadas à população ou, melhor
dizendo, aos seus
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