Psicologia Ambuental
Monografias: Psicologia Ambuental. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: eng.ambiental • 29/10/2014 • 7.971 Palavras (32 Páginas) • 259 Visualizações
Resumo
A forma com a qual os espaços públicos urbanos são projetados muitas vezes não considera os usos atribuídos a eles pelas pessoas. Conhecer como grupos ou indivíduos se comportam nestes locais é essencial para o projeto de espaços que suportam as atividades que acontecem neles. Este artigo apresenta o método de observação como uma ferramenta de pesquisa para se conhecer como os espaços públicos urbanos são utilizados. Através de uma revisão sistemática de literatura buscou-se conhecer como este método é aplicado em pesquisas de comportamento nos espaços públicos urbanos. Os resultados apresentados mostram que o método de observação independente ou aliado a outros métodos verbais é empregado em parques, praças, playgrounds e ruas. Este método mostra-se eficiente para a pesquisa de espaços públicos urbanos em diferentes situações e contextos e gera informações que podem ser utilizadas para novos projetos e reformas.
Palavras-chave: espaços públicos urbanos, praças, parques, ruas, observação direta, observação indireta, mapa comportamental, comportamento.
Introdução
Ao longo dos séculos, as características urbanas se transformaram para se adequar à necessidade da população, seja pelo papel militar ou por proteção contra invasores. Suas ruas não serviam apenas para o deslocamento, mas também para as atividades sociais, econômicas e culturais da cidade (Gehl, 2010). É com a Revolução Industrial que este cenário muda. Como consequência da alta atividade das fábricas em meio ao espaço urbano, da poluição industrial e da baixa qualidade habitacional e de higiene, houve o deslocamento das classes mais abastadas para os limites destes centros urbanos. Deslocamento este possibilitado pela introdução das estradas de ferro, dos canais navegáveis e das estradas (Benevolo, 2011; Mumford, 2008).
A invenção do automóvel, fez com que o espaço urbano fosse expandido para além do que era permitido com o transporte público, resultando então nos subúrbios e, mais tarde, em problemas crescentes de engarrafamento (Newman & Kenworthy, 1999). Com o rápido crescimento das cidades, ideologias como o Modernismo passaram a ser altamente influentes no planejamento urbano. A vida da cidade e os espaços urbanos não eram levados em consideração pelos planejadores e pouco se sabia sobre como o espaço influenciava o comportamento das pessoas (Gehl, 2010).
Conhecer como as pessoas utilizam o espaço urbano, assim como o contexto e história do local em que projeto será realizado, é fundamental para a criação de locais adequados às suas necessidades e seus usos (Augustin & Coleman, 2012; Zeizel, 1981), porém, algumas vezes o conhecimento do projetista e as necessidades dos usuários sobre os espaços públicos são desencontrados (Cherulnik, 1993; Goličnik Marušić & Marušić, 2012). Um dos mais conhecidos estudos sobre a utilização dos espaços públicos foi realizado por William H. Whyte e publicado em “The Social Life of Small Urban Spaces”, com utilização de pesquisas por observação direta e entrevistas para conhecer como eram ocupadas as praças centrais de Nova Iorque e quem eram os seus usuários. Este estudo resultou no ano de 1975, em um novo código de zoneamento para os espaços livres naquela cidade (Whyte, 2001).
Para o projeto de espaços públicos urbanos, o método de observação pode ser uma importante ferramenta para se conhecer como as pessoas se comportam no ambiente em que estão e como elas respondem às modificações nos espaços (Augustin & Coleman, 2012; Bechtel & Zeizel, 1987; Zeizel, 1981).
Método de observação
O método de observação consiste em observar o comportamento das pessoas de forma não invasiva, através do registro de comportamentos não verbais e inconscientes realizados pelos usuários observados (Sommer & Sommer, 2002). Independentemente do tipo de observação utilizada, o foco principal do método nos estudos pessoa-ambiente é registrar o comportamento espontâneo das pessoas com o máximo de naturalidade no contexto estudado (Blanco, Losada, & Anguera, 2003), respondendo à pergunta: “Quem está fazendo o quê, onde e com quem?” (Marcus & Francis, 1998, p. 347), ou ainda: o que se está fazendo, quando ou onde acontece, quem e com quem o comportamento é realizado e como este comportamento acontece (Mehta, 2009).
Podendo ser utilizada em diversos locais como escolas, parques, hospitais, lojas, a observação pode ser uma fonte de informações primárias de baixo custo sobre como o espaço é utilizado pelas pessoas, não sendo restrita à análise visual, mas também utilizando outros sentidos como cheiros, toque, audição (Bailey, 1982; Bechtel & Zeizel, 1987; Marcus & Francis, 1998). Em espaços públicos urbanos, o método de observação apresenta a vantagem, em relação às pesquisas de observação realizadas em locais privados, de não necessitar de permissão de acesso ao local em que se está se estudando (Bailey, 1982; Bogdan, 1975).
Este método pode ser usado no início da pesquisa para se ter palpites sobre como as pessoas se comportam; no meio da pesquisa para mostrar regularidades de comportamento e no final da pesquisa para verificar os dados obtidos com outros métodos (Zeizel, 1981). Sua utilidade é ampla, pois além de ser utilizada individualmente, é útil quando aliada a outros métodos de pesquisa a fim de se conhecer elementos sobre comportamentos necessários à etapa anterior de formulação de entrevistas e experimentos (Bailey, 1982; Sommer & Sommer, 2002).
O contexto em que o comportamento ocorre é importante para a realização da pesquisa pessoa-ambiente, levando em consideração as diferenças socioculturais dos locais e dos grupos estudados, pois em diferentes contextos os mesmos comportamentos podem representar atividades diferentes (Bechtel & Zeizel, 1987; Shaughnessy, Zechmeister, & Zechmeister, 2012; Zeizel, 1981). Este contexto pode ser reproduzido em laboratório, porém sua análise tem maior eficácia nos ambientes naturais em que o comportamento ocorre, pois quando a observação é realizada naturalmente, o pesquisador pode conhecer novos comportamentos diferentes dos quais ele esperava obter inicialmente (Sommer & Sommer, 2002), mesmo com pouco controle sobre variáveis externas que podem interferir nos resultados (Bailey, 1982).
É um método com baixo custo financeiro, porém demanda bastante tempo para sua realização (Adler & Clark, 2008; Sommer & Sommer, 2002) e produz uma grande quantidade de material para ser analisado (Bailey, 1982).
Observação
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