Psicologia Da Educação
Dissertações: Psicologia Da Educação. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: lutavante • 22/9/2013 • 2.515 Palavras (11 Páginas) • 343 Visualizações
Campos, R.H.F. e Guedes, M.C. (2006). Sílvia Tatiana Maurer Lane (1933-2006) e a ética do conhecimento. Memorandum, 10, 158-161. Retirado em / / , do World Wide Web: http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/a10/camposguedes01.pdf
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Nota
Sílvia Tatiana Maurer Lane (1933-2006) e a ética do conhecimento
Sílvia Tatiana Maurer Lane (1933-2006) and ethics of knowledge Regina Helena de Freitas Campos Universidade Federal de Minas Gerais Brasil Maria do Carmo Guedes Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Brasil No dia 29 de abril de 2006 faleceu em São Paulo nossa querida mestra, colega e amiga Sílvia Tatiana Maurer Lane, pessoa de grande dignidade e delicadeza, responsável pela criação de uma verdadeira “escola” de Psicologia Social no Brasil, conhecida como “Psicologia Social laneana”, ou “Escola de São Paulo” (Sawaia, 2002, p.37). A abordagem à Psicologia Social proposta por Lane, denominada Psicologia crítica sócio-histórica, caracteriza-se por considerar a dialética sócio-cultural como constitutiva do ser humano, ao mesmo tempo enfatizando a força transformadora e criadora da consciência. De inspiração marxiana, e de mãos dadas com a Psicologia da Libertação de Martin-Baró, essa perspectiva de análise dos processos psicossociais baseia-se na indissociabilidade entre a teoria, a metodologia e a prática transformadora. Para Sílvia, toda a Psicologia seria social, já que o ser humano se constitui no social, sendo produto e produtor da história, a partir do domínio dos instrumentos de trabalho e do desenvolvimento da linguagem. Assim, os objetos de estudo da Psicologia Social devem ser a linguagem e o grupo, pois é a partir desses dois processos que o ser humano encontra a sua identidade. A metodologia a ser utilizada deve ser “participativa e qualitativa”, visando “conhecer as pessoas, seus problemas e emoções e potencializá-las à emancipação” (Lane, 1984, p.19). Essa idéia de que o conhecimento leva necessariamente à ação transformadora, à práxis, em busca de uma vida mais plena e satisfatória em termos éticos atravessa toda a obra de Sílvia na área da Psicologia Social, e é a marca que a distingue. Mas como Sílvia chegou a elaborar esse referencial de análise? Vamos acompanhar sua trajetória buscando compreender como ela foi construindo progressivamente essa perspectiva teórica que se tornou conhecida e respeitada nacional e internacionalmente, inspirando o trabalho e a pesquisa de tantos estudantes e colegas que com ela conviveram e atuaram em diversas instituições, a partir de seu trabalho como professora de Psicologia Social, fundadora do Programa de Pós-graduação em Psicologia Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO). Sílvia Lane nasceu em São Paulo, em uma família de origem suíço-alemã (por parte de pai) e eslava (por parte da mãe). A convivência com o pai, professor universitário, e o tio, especializado em filologia, parece ter despertado nela o gosto pelo trabalho intelectual. A convivência com a mãe, marcada pela experiência da 1ª. Guerra Mundial, na Lituânia, deve ter legado à filha o horror à violência. Formada em Filosofia na USP – teve como professores intelectuais como Cruz Costa, Antonio Cândido, Gilda Mello e Souza, Dante Moreira Leite, Carolina Bori e Annita Cabral. Annita ensinou-lhe as primeiras lições de Psicologia, através da leitura de Koffka. Na Faculdade, entre 1952 e 1956, envolveu-se nas atividades do Centro Acadêmico e, segundo Sawaia (2002), foi nessa época que a questão da linguagem passou a preocupá-la, especialmente as diferenças no significado das palavras para grupos sociais diversos, tema que escolheu para desenvolver em sua tese de Doutorado, defendida em 1972, sob a orientação de Aniela Ginsberg. Em 1955, obteve bolsa de estudos para estudar Psicologia durante um
Memorandum 10, abr/2006 Belo Horizonte: UFMG; Ribeirão Preto: USP ISSN 1676-1669 http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/a10/camposguedes01.pdf
Campos, R.H.F. e Guedes, M.C. (2006). Sílvia Tatiana Maurer Lane (1933-2006) e a ética do conhecimento. Memorandum, 10, 158-161. Retirado em / / , do World Wide Web: http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/a10/camposguedes01.pdf
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ano no Wellesley College, nos Estados Unidos, onde conheceu o trabalho de Solomon Asch. Após obter o bacharelado e a licenciatura em Filosofia, em 1956, foi Assistente de Pesquisa da Divisão Educacional do Centro Regional de Pesquisas Educacionais de São Paulo, entre 1956 e 1960, chegando a ocupar o cargo de diretora da Divisão no período 1959-1960. Iniciou a carreira docente em 1957 como professora de Psicologia Geral na Escola de Enfermagem da Cruz Vermelha de São Paulo e em 1965, a convite de Maria do Carmo Guedes, tornou-se professora de Psicologia Social e da Personalidade na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Após a defesa da tese de Doutorado, em 1972, criou o Programa de Pós-graduação em Psicologia Social na mesma universidade, o segundo Programa de Pós-graduação em Psicologia a ser estabelecido no Brasil, e iniciou a trajetória de pesquisadora na área, orientando dezenas de dissertações de Mestrado e teses de Doutorado. A partir dessa época participou ativamente da ALAPSO (Associação Latino-americana de Psicologia Social), cuja diretoria integrou entre 1977 e 1980, e da Sociedade Interamericana de Psicologia (SIP). Foi no congresso da SIP, em 1979, em meio às discussões sobre a chamada “crise” da Psicologia, em especial da Psicologia latino-americana, considerada pouco relevante na solução dos problemas sociais e políticos em que se debatia a região, que foi aprovada recomendação sugerindo a criação de associações nacionais de Psicologia Social, visando focalizar a realidade de cada país e incentivar o intercâmbio de pesquisadores e estudiosos. Sensibilizada com a idéia, Sílvia propôs a criação de uma Associação Brasileira de Psicologia Social, a ABRAPSO, durante a 32ª. Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em julho de 1980, e foi sua primeira Presidente. A ABRAPSO passou a ser, a partir dessa época, o principal fórum de discussão e divulgação da pesquisa em Psicologia Social feita no Brasil, voltada para o conhecimento das condições psicossociais da população brasileira, e para o debate sobre as práticas transformadoras de que Sílvia era uma das principais incentivadoras. Também nessa época ela inicia as publicações que a tornaram internacionalmente reconhecida por sua proposta original para uma agenda para a Psicologia Social latinoamericana
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