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Psicologia Juridica

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Por:   •  18/7/2014  •  1.888 Palavras (8 Páginas)  •  390 Visualizações

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Protocolo de Observação

Objetivo: Como os criminosos se comportam durante uma avaliação psicológica em um presídio?

Qual a prevalência de depressão e ansiedade em detentos?

RESUMO

A pesquisa tem o objetivo de investigar sintomas de depressão e ansiedade em dois grupos de presidiários (30 recém chegados ao presídio e 30 antigos). Utilizou-se um instrumento sócio-demográfico e duas escalas Beck de depressão e ansiedade para a coleta dos dados. Os resultados mostraram que os detentos dos dois grupos apresentaram, em sua maioria, níveis mínimos de depressão e ansiedade, com maior presença de indicadores nos novatos. A diferença de médias em relação à depressão foi significativa entre os grupos, o que não ocorreu em relação à ansiedade. Uma relação positiva e significativa (r=0,583, p<0,0001) foi encontrada entre os níveis de depressão e ansiedade, indicando relação entre as duas sintomatologias. Conclui-se que, tanto sintomas de depressão quanto de ansiedade, embora considerados transtornos comuns na população, não apresentaram alta prevalência na população carcerária estudada, indicando que sua ocorrência não parece estar relacionada ao meio, mas sim às percepções do indivíduo.

Introdução

O presente estudo trata de uma pesquisa descritiva sobre sintomas de depressão e ansiedade em presidiários. Têm como objetivos avaliar os seus níveis; verificar uma possível relação entre os quadros e formular hipóteses acerca de seu fator etiológico - o meio ou o indivíduo. Estudar essas sintomatologias em presidiários torna-se importante, uma vez que a literatura pontua, segundo Português (2001), que a prisão subjuga o detento ao comando de uma estrutura autoritária e de uma rígida rotina de controle sobre os indivíduos de forma ininterrupta. Nesse sentido, tais fatores, aliados à privação da liberdade, privação do convívio social, mudança de ambiente e tensão, poderiam estar favorecendo a incidência da depressão e ansiedade nesta população.

A situação de privação imposta pelo ambiente carcerário não necessariamente atua da mesma forma em todos os apenados. A vivência de situações adversas desencadeia, em cada indivíduo, diferentes respostas, reações variadas, algumas adaptativas e outras que os expõem a riscos ainda maiores. O comportamento dos indivíduos perante essas situações irá depender da sua vulnerabilidade (Reppold, Pacheco, Bardagi & Hutz, 2002). A vulnerabilidade pode ser definida como uma predisposição para o desenvolvimento de disfunções psicológicas ou de respostas pouco adequadas à ocasião (Zimmerman & Arunkumar, 1994), entre elas possíveis respostas deprimidas ou ansiosas.

Nas últimas décadas, como afirma Rodrigues (2000), a depressão tem se tornado destaque na psicologia e na psiquiatria, isso é refletido pelo surpreendente número de pesquisas, colóquios e publicações destinadas a tratar este assunto, bem como pelo alto investimento da indústria farmacológica na medicação antidepressiva. Parece provável que nenhum fator isolado pode explicar a ocorrência desse desequilíbrio, mas sim que esta seja o resultado de uma interação entre vários fatores diferentes. Seu início e evolução estão ligados a um grande número de variáveis biológicas, históricas, ambientais e psicológicas (Beck, Rush, Shaw & Emery, 1997). Sua importância é tamanha que a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem alertado para o fato de que a depressão, que vem sendo considerada a quinta causa de morbidade entre todas as doenças no mundo, passará a ocupar o segundo lugar nessa lista no ano de 2020, se as tendências atuais da transição demográfica e epidemiológica se mantiverem (OMS, 2001).

A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde: CID-10 (2008) classifica um quadro depressivo quando o indivíduo apresenta um rebaixamento do humor, redução da energia e diminuição da atividade, alteração da capacidade de experimentar o prazer, perda de interesse, diminuição da capacidade de concentração, associadas em geral à fadiga, mesmo após um esforço mínimo. Observam-se em geral problemas do sono e diminuição do apetite. Existe quase sempre uma diminuição da auto-estima e da autoconfiança e freqüentemente idéias de culpabilidade e ou de indignidade, mesmo nas formas leves. O humor depressivo varia pouco de dia para dia ou segundo as circunstâncias e pode se acompanhar de sintomas ditos "somáticos", por exemplo perda de interesse ou prazer, despertar matinal precoce, várias horas antes da hora habitual de despertar, agravamento matinal da depressão, lentidão psicomotora, agitação, perda de apetite, perda de peso e perda da libido. O número e a gravidade dos sintomas permitem determinar três graus de um episódio depressivo: leve, moderado e grave.

De acordo com a teoria cognitiva, o elemento dos manifestos emocionais e comportamentais da depressão é produzido e mantido por uma avaliação negativa do ambiente e de si próprio. Essa avaliação negativa ocorre porque indivíduos depressivos tendem a distorcer as informações do ambiente de forma negativista. Então, pode-se perceber um circulo vicioso que mescla aspectos neurobiológicos e cognitivos na manutenção da depressão. Lima M., Knapp, Blaya, Quarantini, Oliveira e Lima P. (2004).

Entretanto, apesar do aumento do interesse pelo tema, poucas pesquisas vêm sendo feitas sobre esse transtorno em populações minoritárias, como é o caso dos presidiários, constatação que pode ser confirmada no levantamento de Daniel e Souza (2006), segundo o qual a maioria das pesquisas e dos estudos sobre a depressão desenvolvidos atualmente manifestam a preocupação de verificar qual a freqüência dos transtornos depressivos na população, quais os fatores de risco, como prevenir que casos menores de depressão evoluam para casos maiores e mais graves e qual antidepressivo apropriado.

Aaron Beck, na década de 60, formulou sua teoria sobre a depressão, afirmando que no conteúdo dos pensamentos e dos sonhos de seus pacientes, aparecia uma tendência para interpretar os acontecimentos de forma negativista (Falcone, 2001). Assim, seu modelo (Beck, 1979) afirma que os indivíduos depressivos desenvolveriam "esquemas" cognitivos na tenra infância e que os predisporiam a interpretações negativas dos eventos vivenciados cotidianamente - referidas como distorções cognitivas ou pensamentos automáticos. Portanto, para Beck, os sintomas depressivos existiriam em funções das interpretações

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