Psicologia O Teste de apercepção temática (TAT)

DESENVOLVIMENTO

O Teste de apercepção temática (TAT) desenvolvido em 1935 por Murray teve como primeira finalidade revelar impulsos, emoções, sentimentos, complexos e conflitos da personalidade de soldados americanos no pós-segunda guerra mundial. Nesse sentido o teste utilizará de toda configuração cultural social da época para construir seus cartões e criar assim o teste. Assim, ao transpor cronologicamente o teste para a contemporaneidade há um deslocamento e choque de culturas, tanto temporal, quanto de localidade ao ser aplicado em brasileiros.

As imagens do TAT refletem exatamente a estrutura social daquela época, homens, mulheres e crianças tinham papeis definidos na família, e esta por sua vez era construída pelos reflexos da Revolução Industrial. Desta forma a família americana era patriarcal, predominantemente burguesa. A divisão de sexual de trabalho era estabelecida e impedia o exercício da liberdade e da igualdade entres os sexos.

Nos séculos XVII a XVIII surgiu então a "família tradicional", em que a identidade de seus membros é posicional, ou seja, definida a partir de sua posição, idade e sexo. A mulher era concebida como um ser biológica e socialmente voltado à maternidade, educação dos filhos e cuidado do lar. Assim, a mulher deveria ser educada para desempenhar o papel de mãe, educadora dos filhos e suporte do homem para que este pudesse enfrentar o trabalho fora de casa. A "boa mulher" deveria ser "prendada" e ir à escola e alfabetizar-se para desempenhar bem sua missão como educadora. (Neder, 2002; Ribeiro & Ribeiro, 2007; Vaitsman, 1994 apud Parada, & Barbieri; 2011)

O negro era colocado a margem da sociedade, pois as leis de segregação racial dos EUA só começaram a ser revogadas a partir da eclosão dos movimentos pelos direitos civis e pela igualde das leis entre negros e brancos encabeçados nos anos 1950 e 1960 por líderes como Martin Luther King Jr. (MAGNOLI, Demétrio; 2009). Portanto, ao construir as imagens do teste, o negro não foi incluído, por uma diferença temporal de mudança e evolução cultural.

O TAT, por base teórica, é um teste projetivo e logo baseia-se no fundamento teórico da hipótese projetivo mostrada por Frank (1939) e deve ser creditado ao conceito de projeção freudiano. A projeção por definição é um fenômeno como mecanismo de defesa. Elza Pinto (2014) em seu artigo Conceitos fundamentais dos métodos projetivos explicita que: “a projeção revisitada dentro da vida cotidiana e normal, ganha outra qualidade. Além do significado da expulsão paranoica, passa a representar também o simples desconhecimento, por parte do sujeito, de desejos e emoções que não são aceitas por ele como sendo seus (ou então dos quais é parcialmente inconsciente), e cuja existência atribui à realidade externa”. Além disso, é fundamental considerar se o caráter "temporal" e "social" contido no conteúdo manifesto dos cartões poderia influenciar seu sentido latente, interferindo na projeção

A seleção e origem das figuras, por conseguinte foram retiradas de obras artísticas populares da época, fotografias com intuito de serem extremamente populares e comum aquela época, aumentando assim a projeção dos clientes aos quais o teste seria aplicado, e, portanto, aumentando a possibilidade de identificação.

Nesse contexto, conforme Parada; Barbieri (2011, p.1):

Técnicas de avaliação psicológica baseadas na apresentação de cenas, como o TAT, averiguam o modo como as situações concretas são vividas pelas pessoas e o seu significado. Assim, os cartões referem-se às situações cotidianas comuns às pessoas para as quais foram desenvolvidos, ou seja, cenas de um contexto relacional com objetos internos ou externos. Contudo, as formas de relacionamento social são dinâmicas, mudam com o decorrer do tempo e, com isso, também mudam as relações dos indivíduos com os seus objetos internos, que dependem dos objetos externos.

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