Psicologia do Trabalho: Aspectos Históricos, Abordagens e Desafios Atuais
Por: Larissa De Souza Ribeiro • 4/9/2018 • Resenha • 751 Palavras (4 Páginas) • 1.704 Visualizações
DA COSTA LEÃO, Luís Henrique. Psicologia do Trabalho: aspectos históricos, abordagens e desafios atuais. ECOS-Estudos Contemporâneos da Subjetividade, v. 2, n. 2, p. 291-305, 2012.
Resenhado por: Larissa de Souza Ribeiro
A psicologia do trabalho é o tema do artigo escrito por Luís Henrique, que utiliza como metodologia a pesquisa bibliográfica para expor a trajetória histórica das relações entre a psicologia e o trabalho, bem como os principais conceitos e abordagens teóricas nessas áreas. O texto também deixa evidente alguns desafios e perspectivas frente às demandas atuais no contexto brasileiro.
Uma característica marcante da psicologia do trabalho, evidenciado pela autora, é o leque de outras ciências, caracterizando a multi e interdisciplinaridade. A psicologia do trabalho concilia-se com outras áreas do conhecimento como a sociologia e a antropologia, que entram como fortes alicerces na construção dos resultados práticos acerca do trabalho.
O estudo do ambiente e clima de trabalho se fez necessário essencialmente após o inicio da revolução industrial e no final do século XIX já era possível encontrar pesquisas e experimentos relacionados aos problemas dos seres humanos nas fábricas, caracterizando o que podemos chamar de psicologia industrial. No Brasil não foi muito diferente, os primeiros estudos sobre a psicologia do trabalho surgiram a fim de contribuir para o avanço do comércio e da indústria, adaptando os trabalhadores para obter a maior produtividade possível.
Em meados do século XX surgiu uma área que relacionava psicologia e trabalho além da esfera industrial, denominada psicologia organizacional. Desse modo era possível compreender não só as industrias nos estudos, mas também outros ambientes como organizações e hospitais, por exemplo. Nessa época passou-se a dar ênfase às relações humanas e não somente na relação indivíduo-máquina.
Outras contribuições para a relação da psicologia e do trabalho surgem no final do século XX com a perspectiva da psicologia social do trabalho. Alguns estudos atribuem grande importância à subjetividade dos trabalhadores no processo de avaliação dos riscos de trabalho. Outros estudos enfatizam as relações de gênero, trabalho informal, impactos psicossociais do desemprego, saúde e trabalho etc. Nesse momento destaca-se a importância da atuação de um psicólogo dentro das organizações para conscientização dos trabalhadores.
Uma abordagem que emergiu sob influências da ergonomia foi a chamada clínica do trabalho, que busca a compreensão da relação subjetividade, saúde e sofrimento. Uma informação bastante enfatizada pelo autor é a quantidade de abordagens heterogêneas dessa perspectiva, como a psicossociologia clínica, psicodinâmica do trabalho, clínica da atividade e ergologia por exemplo, que se detinham influências teóricas totalmente distintas.
Como desafio teórico-prático, o autor destaca a importância de novos estudos e pesquisas multidisciplinares, que abordem a psicologia do trabalho como um todo, em sua total complexidade, fugindo do conhecimento específico e fragmentado já existente.
O autor também chama a atenção para a falta de pesquisas e práticas da psicologia do trabalho em relação ao setor primário (agricultura), setor de grande importância no Brasil. Nesse sentido, o autor vê a necessidade de se abordar questões que envolvem os trabalhadores do campo e as organizações familiares de produção dentro do contexto da psicologia do trabalho.
Para finalizar, o autor enfatiza a carência de novos conhecimentos e técnicas no que tange a psicologia do trabalho na realidade brasileira. O país tem características e necessidades especificas, bem como problemas sociais e estruturais, e se atentar para essas particularidades é importante para criação de teorias e métodos que se adequem completamente à essa realidade.
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