Quais São Os Possíveis Impactos Da Transfobia Na Saúde Mental De Pessoas Transgênero, Em Uma Visão Psicosocial
Por: Carlos Azevedo • 5/4/2024 • Trabalho acadêmico • 1.955 Palavras (8 Páginas) • 59 Visualizações
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE PSICOLOGIA
QUAIS SÃO OS POSSÍVEIS IMPACTOS DA TRANSFOBIA NA SAÚDE MENTAL DE PESSOAS TRANSGÊNERO, EM UMA VISÃO PSICOSOCIAL.
Carlos Alberto Santos de Azevedo
Caroline Santos Leite Oliveira
Rodrigo de Almeida Lucas
Patricia Ariel de Oliveira Silva
Rio de Janeiro
2021
- Tema:
Saúde mental de pessoas transgênero.
- Problema:
Quais são os possíveis impactos da transfobia na saúde mental de pessoas transgênero?
- Objetivo geral:
Analisar as possíveis conseqüências psicossociais causadas pela transfobia em transgêneros no Brasil.
- Objetivos específicos:
- Explicar o que é a pessoa transgênero;
- Discorrer sobre o histórico da transgeneridade no Brasil;
- Explicar o que é a transfobia;
- Explicar como a hiperssexualização e a falta de informação, relacionadaa sexualidade e suas variações, pode alimentar a transfobia;
- Relatar como a transfobiainfluencia de forma direta na autoestima, nos relacionamentos afetivos e na vida pessoal de transgêneros;
- Discorrer sobre possíveis traumas e transtornos desencadeados a partir do preconceito e a importância do acompanhamento psicológico;
- Justificativa:
A transfobia é causa de muitas mortes diretas e indiretas de pessoas transgênero no Brasil, país que mais mata essa população no mundo. Segundo o Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra pessoas Trans, em 2020, o Brasil assegurou para si o 1º lugar no ranking dos assassinatos de pessoas trans no mundo, com números que se mantiveram acima da média, no total foram 184 registros lançados no Mapa de assassinatos.
Embora de extrema importância, o tema é ainda pouco discutido e trabalhado dentro da Psicologia, a qual sendo importante instrumento de conhecimento e acolhimento é preocupante o pouco entendimento que os psicólogos possuem sobre os trans e as violências que sofrem. Ainda que seja necessário reconhecer que a Psicologia evoluiu muito nas últimas décadas, infelizmente alguns profissionais e estudantes ainda são dominados pelas perspectivas heteronormativa e patriarcal, as quais acabam por reduzir a subjetividade humana não levando em consideração as diferentes formas de existência e sexualidade.
[...] O Brasil naturalizou um projeto de marginalização das travestis. A maior parte da população Trans no país vive em condições de miséria e exclusão social, sem acesso à educação, saúde, qualificação profissional, oportunidade de inclusão no mercado de trabalho formal e políticas públicas que considerem suas demandas específicas. [...] (BENEVIDES; NOGUEIRA, 2019)
Pensando nesse problema, no presente trabalho iremos discorrer, em uma análise psicossocial, sobre as possíveis conseqüências geradas pela transfobia em pessoas transgênero. Para entendimento do tema iremos aqui considerar pessoas transgênero os transexuais e os travestis. Essas pessoas rompem com o conceito de binarismo de gênero (masculino/homem e feminino/mulher) e os padrões cisgêneros (o sexo biológico corresponde a expressão de gênero) e transitam para o sexo oposto para alinharem o sexo biológico com a identidade de gênero, no caso dos transexuais, e o indivíduo que não se enquadra no binarismo, que seriam as travestis (TIAGO ALVES CALLOU, 2018).
Quando a temática é abordada há um impacto social, uma vez que, esses indivíduos não correspondem ao esperado pelos padrões heteronormativos e patriarcalistas, alimentados pelos padrões socioculturais brasileiros, religiosos e preconceituosos de que tais pessoas são pecadoras, abominações, seres que vão contra o padrão natural, indivíduos desumanos, e que não podem coabitar com outras pessoas no meio social. (TIAGO ALVES CALLOU, 2018).
Antes de falar sobre as violências sofridas pelos trans é necessário entender o contexto histórico da transgeneridade no Brasil, país que ainda parece estagnado no pensamento colonial, uma vez que, além de acionar questões raciais e étnicas também despertou a transfobia e as concepções cis centradas. (MAGÔ TONHON, 2020).
- Referencial teórico:
Pessoas transgênero possuem uma identidade de gênero que é diferente do sexo que lhes foi designado no momento de seu nascimento (biológico). A identidade de gênero se refere à experiência de uma pessoa com o seu próprio gênero.Uma pessoa transgênero ou trans, termos que serão utilizados no presente trabalho, pode identificar-se como homem, mulher, trans-homem, trans-mulher, como pessoa não-binária ou com outros termos, tais como hijra, terceiro gênero, dois-espíritos, travesti, fa’afafine, gênero queer, transpinoy, muxe, waria e meti. Identidade de gênero é diferente de orientação sexual. Pessoas trans podem ter qualquer orientação sexual, incluindo heterossexual, homossexual, bissexual e assexual.
“As identidades são resultado de processos históricos, sociais e culturais e comuns à maioria dos sujeitos pertencentes às sociedades ou comunidades. Frutos de construções coletivas reforçadas e interiorizadas, as identidades manifestam uma ordem sistemática, fruto de interações entre o funcionamento organizacional e as manifestações dos indivíduos, e surgem, se moldam, se transformam, se transmutam, atuando num reflexo respondendo o período social, político e sistemático vigente” (MOITA LOPES, 2002).
No decorrer da história o que fica definido de maneira opressora é que a identidade é uma relação direta e definida por sua genitália. O que define que sua identidade está ligada diretamente a seu sexo biológico e não como o indivíduo se enxerga no mundo ou sociedade.
Para uma análise psicossocial histórica iremos usar estudos sobre gênero, sexualidade e identidades históricas, tais como: Xica Manicongo, natural do Congo e escravizada, registrada oficialmente como Francisco; Catalina de Erauso, a Freira Alférez, ou melhor, de Alonso de Guzmán, nome que adotou na maior parte da sua vida adulta; Rafaela Angela, pajem do duque de Medinaceli; Maria Leocadia Alvarez, que viveu em Buenos Aires sob o nome de Antonio de Ita e foi pajem do bispo Manuel de Azamor y Ramírez; Isabel de Guevara, que também viveu na América; Isabel Barreto, que liderou uma expedição marítima como homem às Filipinas, entre outras e outros.
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