ROTINA E QUALIDADE DE SONO
Por: Gabriella Gonçalves • 30/1/2019 • Trabalho acadêmico • 2.151 Palavras (9 Páginas) • 180 Visualizações
A rotina para bebês com até 12 meses de idade e sua relação com a qualidade de sono
Gabriella Gonçalves Machado
Resumo: O objetivo desse estudo é, através de questionários e entrevistas, analisar se hábitos consistentes e afetuosos na rotina favorecem o desenvolvimento da autonomia e autorregulagem da criança e a maneira como isso influência na qualidade do sono de bebês com até 12 meses de idade. É esperado que sem uma rotina segura e consistente os bebês não desenvolvam sua autorregulação emocional capaz de proporcionar hábitos de sono considerados positivos. Para fazer o levantamento sobre os hábitos de sono que compõem a rotina das crianças e seu comportamento, será utilizado o Questionário de Hábitos de Sono das Crianças (QHSC) versão traduzida para o português.
Palavras-chave: rotina – qualidade de sono – inventário dos hábitos de sono de bebês até 12 meses – reconhecimento precoce de variações do sono.
INTRODUÇÃO
De acordo com Lent (2005) o sono tem como função biológica a restauração do sistema imunitário, das capacidades mentais e auxilia no processo de recuperação de energia gasta durante o estado de vigília, sem uma rotina segura e consistente espera-se que os bebês não desenvolvam sua autorregulação emocional capaz de proporcionar hábitos de sono considerados positivos.
Mindell, Boaz, Joffe, Curtis e Birley (2004) afirmam que as alterações do sono em crianças são a quinta causa de relatos de preocupações dos pais em consultórios pediátricos, e por essa razão esse tópico vem ganhando destaque no meio científico. Alterações no sono podem exercer forte influência sobre o comportamento, desenvolvimento, aprendizagem e inclusive na dinâmica e relacionamento familiar; o reconhecimento precoce de variações no sono é de extrema importância para determinar o manejo mais adequado a ser realizado com a criança, levando em consideração a sua a individualidade, como também diminuir a vulnerabilidade da criança sobre a decorrência de outros transtornos.
O desenvolvimento biopsicossocial durante a primeira infância, de acordo com Papalia e Feldman (2013) - fase que dura desde o nascimento até os 3 anos de idade – é marcada pelo aumento do cérebro da criança em complexidade, se tornando altamente sensível à influência ambiental; as capacidades de aprender e lembrar estão presentes mesmo nas primeiras semanas; formam-se os vínculos afetivos com os pais e com as demais pessoas do convívio social. Papalia e Feldman (2013) afirmam que durante esse período os bebês aprendem a desenvolver o seu “relógio interno” que atua sobre a regulagem de seus ciclos de alimentação, sono e eliminação, podendo estar diretamente associado com a regulação do humor.
As rotinas podem ser vistas como um produto do meio, criado e reproduzido pelas pessoas no cotidiano e que tem como objetivo a organização do conjunto de atividades realizadas durante o dia (Barbosa, 2000). Para Winnicott (1967, citado por Rocha, 2006), o vínculo estabelecido entre mãe e bebê, e a maneira como ela lida com a sua rotina reconhecendo quando, por exemplo, seu filho precisa ser amamentado, ou mesmo quando já está satisfeito, sendo capaz de fazer os ajustes de acordo com as necessidades da criança, e não simplesmente seguindo uma rotina rígida, essa prática favorece o fortalecimento do vínculo entre eles e estabelece uma dada segurança por parte do bebê, diante disso espera-se que o bebê se sinta mais relaxado e confiante na hora de dormir.
De acordo com Goleman (2012), é possível afirmar que quando o bebê vive mais momentos de relaxamento em sua rotina isso irá ativar por mais tempo áreas cerebrais pré-frontais esquerdas que geram emoções positivas, sendo consideradas emoções mais fáceis de serem administradas pelo neonato em desenvolvimento, o que pode contribuir para a construção de uma autonomia segura. Seguindo essa perspectiva pode-se pensar que quando o bebê está inserido em uma rotina capaz de criar um ambiente de cuidados que possibilite a ele uma entrega segura e um certo controle sobre o seu mundo interno e subjetivo, isso poderá possibilitar a criação de uma ideia de proteção de intrusões advindas do mundo externo, criando a sensação de segurança e tranquilidade na hora de dormir.
Esse estudo tem portanto o objetivo, através de entrevistas e questionários, analisar se hábitos consistentes e afetuosos na rotina favorecem o desenvolvimento da autonomia e autorregulagem da criança e a maneira como isso influência na qualidade do sono de bebês com até 12 meses. Para tanto será utilizado o “Questionário de Hábitos de Sono das Crianças (QHSC)”.
MÉTODO
Participantes
Participaram desse estudo 100 bebês entre 5 e 12 meses de idade (média de 70%, todos responderam o QHSC. O contato com as mães foi realizado no Hospital e Maternidade Municipal de Uberlândia.
Instrumentos
Foi feito o uso do Questionário de Hábitos de Sono das Crianças (QHSC), questionário autoaplicável de respostas fechadas para avaliar a presença de problemas de sono nos bebês, além de uma entrevista sociodemográfica para identificar a idade, etnia, profissão e qualidade da gestação entre outras questões, sobre as mães e seus filhos.
- Questionário de Hábitos de Sono das Crianças (QHSC): é um questionário retrospectivo em que os pais relatam os hábitos de sono e comportamento das crianças na última semana, versão traduzida e adaptada para o português, delimitam 48 itens classificados em uma escala Likert de quatro pontos: habitualmente, às vezes, raramente e não se aplica (para comportamentos que não são aplicáveis a idade do bebê'). Os maiores scores no QHSC indicam mais problemas de sono. Os pais também indicam o horário de dormir, acordar e o total da duração do sono das crianças.
Procedimentos
O presente estudo recebeu a aprovação prévia dos comitês de ética de todas as instituições envolvidas. Foram convidadas para esse estudo 100 mulheres que receberam atendimento na maternidade do Hospital Municipal de Uberlândia, no momento do convite foi explicado brevemente sobre a finalidade do estudo. Em um encontro previamente agendado com essas mulheres deverá ser explicado o objetivo da pesquisa às participantes e como serão suas contribuições ao projeto. As 100 mulheres que concordaram em participar do estudo deverão assinar o termo de consentimento livre e esclarecido contendo nome e telefone da pesquisadora responsável. Em seguida deve ser aplicada entrevista sociodemográfica que visava delimitar os seguintes parâmetros:
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