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Resenha crítica do livro “Cartas a um jovem poeta”, de Rainer Maria Rilke (1929)

Por:   •  19/8/2019  •  Resenha  •  1.090 Palavras (5 Páginas)  •  883 Visualizações

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Resenha crítica do livro “Cartas a um jovem poeta”, de Rainer Maria Rilke (1929)

RILKE, Maria Rainer. Cartas a um jovem poeta. Porto Alegre: L&PM Editores, 2009.  91 p. 10,7 x 17,8 cm.

Rainer Maria Rilke nasceu em 1875, em Praga, na época do Império austro-húngaro, atual República Tcheca. Ainda adolescente escreveu seu primeiro livro de poesia: “Vida e Canções”. Livro decisivo em sua vida, afinal, devido a ele, percebeu que ela seria dedicada à arte da escrita. Formou-se em Literatura e História da Arte pelas Universidades de Praga, Munique e Berlim. Escritor contumaz, além de poesia, publicou romances, contos e peças, e ainda, trocou dezenas de cartas com amigos, admiradores e uma amante. As obras “Elegias de Duíno” e “Os Sonetos a Orfeu” são consideradas sua magnum opus. E o seu livro “Cartas a um jovem poeta”, constitui sua missiva mais popular.

Na primeira carta ao jovem poeta, com cuidado, Rilke se obstem da crítica. Pois para ele é algo que põe mais a perder, do que ganhar. Contudo, ressalva a ausência de um estilo. Ainda, Kappus que está à procura de uma aprovação que confirme seus versos como os de um “verdadeiro poeta”, é aconselhado que essa confirmação não está no mundo exterior, mas em seu íntimo, ela deve vir de dentro, uma autoconfirmação. Na segunda carta, Rilke encontra-se com a saúde debilitada, foi atingido pela influenza. Desta vez, alerta seu “pupilo” ao uso da ironia, no qual deve ser usada com cautela, e ainda, cita autores que lhe inspira, como: J. P. Jacobsen e Auguste Rodin. A terceira carta chega recheada de alegria e vigor. Nesta, Rilke está contente, afinal, seu destinatário leu um pouco de seu autor favorito: Jacobsen. O que o faz redigir falando mais sobre tal autor. E mais uma vez, alerta sobre textos críticos e, também, textos estéticos. Além disso, reflete sobre a escrita de Richard Dehmel, autor conhecido por obras que remetem ao amor e sexo. E por fim, recomenda alguns de seus próprios livros. Na quarta correspondência o autor acalenta o jovem, é natural haver dúvidas, tanto quando, não haver respostas. Mas tudo bem, não são as respostas que hão de mover as pessoas, são as dúvidas, e é necessário vivê-las. Casado, pai, homem vivido, apesar da pouca idade, Rilke fala do matrimônio, da dor e prazer, e o milagre de se gerar vida. Ainda, Kappus que se queixa da solidão, é aconselhado a não temê-la, mas amá-la, afinal, ele pode crescer com ela. Além disso, também é dita a importância de uma profissão. A quinta carta, uma carta breve, é escrita em Roma, e a respeito dessa cidade disserta. Ressalta o aspecto de tristeza que ela exala, à primeira vista aos estrangeiros, por ser uma cidade museu. Também descreve um pouco da arquitetura, e como, com o tempo, as pessoas se adaptam a este lugar. A sexta carta, de certo modo, dialoga com a quarta. Novamente assuntos como a solidão e um ofício são abordados. É reforçada a ideia da solidão não como algo meramente negativo, mas como caminho para o crescimento interno. Kappus, a esta altura, tornara-se um oficial, cargo no qual não se sente plenamente bem. Em suma, como em todas as profissões, o sentimento de “opressão” é comum e normal, contudo há coisas que consolam, ele deve busca-las. O jovem, também, passa por uma crise na fé (religiosa), o que faz Rilke dissertar sobre Deus, e a sua relação com o homem. A sétima carta, brevemente, tece elogios a um soneto de Kappus. E, mais uma vez, discorre a respeito da solidão. Como assunto novo, surge maior enfoque ao amor – um approach sob o amor jovem, da inexperiência, da imaturidade, dos erros cometidos pela pouca idade. E, aos poucos, vai “alargando” esse assunto, até que chegue ao amor em sua maneira mais ampla. A oitava carta, a maior de todas em extensão, tem como constante a tristeza. Rilke expõe as faces desse sentimento tortuoso, fala o quão avassalador ele pode ser, mas que, também, tem muito a ensinar. A tristeza, em sua concepção, é um mal que vem para o bem, pois como uma doença, a tristeza chega e se instala, porém está ali para liberta-lo de algum corpo estranho, de algum mal. A nona carta, a penúltima, tem gosto de despedida, de epílogo, de ultimato. Uma carta curta e direta. Rilke fala sobre as dúvidas do jovem. E se na primeira correspondência via a crítica como algo ruim, sua resposta, quase dois anos depois, surpreende, Rilke aconselha o jovem poeta a fazer crítica – pasme. Mas não a crítica pura e simples, e sim uma metacrítica, a crítica da crítica. O jovem possui uma tendência à dúvida, que muitas vezes o sabota, essa dúvida (uma forma de autocrítica) deve ser questionada, criticada. Se a nona carta tem gosto, a décima e última de fato é a despedida, o epílogo, o ultimato. Enviada pouco mais de quatro anos após sua antecedente, esta celebra as boas novas que Kappus lhe enviara. Mais outra vez fala da solidão, e ainda da alegria em saber que seu pupilo, apesar de solitário, se vê bem em sua profissão. E finaliza dizendo que a arte “é apenas um modo de viver”.

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