Resenha: Envelhecer e Morrer
Por: Vanessa Araújo • 4/3/2016 • Resenha • 976 Palavras (4 Páginas) • 960 Visualizações
UNIPÊ – Centro Universitário de João Pessoa
Sociologia – Ana Paula Pereira Falcão
Psicologia – P2 B
Vanessa Araújo; Carina Fabricio; Andressa Barbosa;
Bianca Martins; Veridiana Lira; Rebeca Dantas.
Resenha: Envelhecer e Morrer
Norbert Elias foi um sociólogo alemão, que em suas obras contribuiu para a construção do texto “Envelhecer E Morrer: Alguns Problemas Sociológicos”. O texto primeiramente aborda a visão de uma pessoa jovem em relação ao idoso, onde ele vê um idoso arrastar o pé e andar devagar, inicialmente nos deixa pensativos, por que aquilo esta acontecendo, por que ele esta dessa maneira, logo associamos que só porque ele envelheceu não tem mais saúde e energia. Pois é difícil o jovem imaginar que chegará naquele estado de velhice, pensamos que não ficaremos vagarosos, cansados, estaremos sempre com o físico firme. Os idosos de certa maneira dependem de outras pessoas diariamente, pois não tem a mesma vitalidade para manter sua rotina independente de antes, ficam deprimidos por se sentirem inválidos e se imaginam menos importante em sua posição social. A família é fundamental para que eles não se sintam sozinhos, pois o afeto e carinho levantam a autoestima das pessoas. Ainda existem asilos que estão abrigando moribundos de idade prestes a morrer, por ser de certa forma um tipo de alívio para os familiares, e um pensamento que estão colocando eles em um bom lugar, onde terão todos os cuidados médicos, que são fundamentais, mas sem deixar de lado o essencial apoio familiar. Depois de toda a leitura e interpretação feita pode-se dizer que as atitudes que hoje prevalecem aos moribundos e à morte não são inalteráveis nem acidentais. Norbert Elias diz que são características de sociedades num estágio particular de desenvolvimento como a nossa atual, por isso, com uma estrutura particular. Os pais da nossa sociedade não falam de maneira aberta sobre a morte com os filhos, diferentemente dos estágios anteriores em que crianças viam cadáveres o tempo todo. Além da pouca conversa entre pai e filho sobre morte, ainda tem o fato do aumento da expectativa de vida que torna a morte mais distante ainda da nossa realidade. Com a morte tão distante do nosso cotidiano, de sociedade mais desenvolvida, acabamos nos fazendo de cegos para os moribundos. Citando um trecho que traduz exatamente o que falei, dizendo que “Nunca antes as pessoas morreram tão silenciosa e higienicamente como hoje nessas sociedades, e nunca em condições tão propícias à solidão. (p.98)”, se formos parar pra refletir sobre essa frase, poderemos vê a profundidade de sua tristeza, frieza e pior, verdade porque é o que acontece mesmo, deixamos nosso parente querido morrendo num hospital aos mais luxuosos cuidados médicos, mas sem um mínimo de afeto, que é o que ele mais precisa num momento tão difícil quanto o carregar de uma doença grave. Uma mostra desse hábito é o trecho do livro Time for Dying em que os autores dizem que “A maioria dos pacientes pertence a uma família. Se parentes ficam ao pé do leito de um membro moribundo da família durante os últimos dias, sua presença pode ocasionar problemas sérios para os médicos e a equipe de enfermagem do hospital, reduzindo inclusive a eficácia dos cuidados com o paciente. (p.151).”. Ou seja, o moribundo recebe tratamento médico mais avançado e cientificamente recomendado disponível. Mas os familiares e amigos a que está ligado, onde a presença poderia proporcionar o maior conforto para aquele que parte, frequentemente é considerada inconveniente ao tratamento racional do paciente e para a rotina do pessoal que trabalha no hospital. E assim o hospital reduz o quanto pode esses contatos. Glaser e Strauss observam também que, em regiões menos desenvolvidas, pessoas próximas ao moribundo lhe confortam e dão atenção por força da tradição. Além de assumir cuidados rotineiros dos pacientes em recuperação. Por isso para equipe médica esse cuidado familiar é normal. Contrastando totalmente com os países mais desenvolvidos, já que no tipo antigo os familiares se reúnem em torno da pessoa doente, trazem comida, dão os remédios, cuidam da saúde do paciente, de forma não tão profissional, sendo isso o mínimo porque toda essa demonstração de cuidado e importância adia a morte do moribundo que para ele vê tudo isso como uma última prova de amor, último sinal de que significa alguma coisa para os outros. Um apoio tão grande que nem os próprios tem noção da tamanha diferença positiva que estão fazendo, o paciente sente que foi e ainda é amado, que o amor não é unilateral, há uma afeição recíproca verdadeira até o fim e isso vale mais que qualquer cuidado frio e higiênico dos médicos, faz com que se sintam parte da família como humanos, da maneira que deveriam se sentir sempre. Claro que nem tudo são flores, e assim como nos países desenvolvidos, nos menos desenvolvidos, também tem suas dificuldades, lá a falta de harmonia existente nas famílias se mostra maior, há todo tipo de relação e desigualdade, esses problemas não são tão vistos nas sociedades desenvolvidas, entretanto, o que há de raro nessas sociedades subdesenvolvidas é a falta de emoção, não há neutralidade emocional na família, o que podemos vê nas desenvolvidas. Bom, e essa presença emocional familiar constante ajuda os moribundos, por poderem se despedir do mundo publicamente, num círculo de pessoas onde a maioria tem grande valor emocional para eles, e vice-versa. Morrem menos limpos, não tão bem higienizados, porém não sós, foram amados o quanto puderam. Já na unidade de terapia intensiva de um hospital moderno, os moribundos podem ser tratados de acordo com o mais recente conhecimento biofísico especializado, mas muitas vezes de maneira neutra em relação a sentimentos: morrendo em total isolamento. Parem pra pensar sobre isso, ninguém merece o fim da solidão de uma cama fria de hospital. Seja o quarto luxuoso, ou a rua dura, está só nos faz morrer mais cedo, se ponha no lugar do outro, e saiba amar.
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