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Resenha "O Contador de Histórias"

Por:   •  12/10/2021  •  Resenha  •  1.123 Palavras (5 Páginas)  •  153 Visualizações

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FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS DE OLINDA

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

Resenha sobre o filme “O contador de histórias”

No longa é retratada a história de Roberto, barrada pelo ponto de vista do mesmo, que é um garoto de 13 anos que foi entregue pela mãe a Febem, quando tinha apenas 6 anos. A mesma tomou essa atitude desesperada após ver um comercial na TV, que relatava a instituição como um lugar incrível, que oferecia educação de qualidade, uma boa alimentação e um futuro digno aos jovens; e a mesma não podia oferecer nada disso a Roberto e seus 9 irmãos, por conta de sua situação precária e seu árduo trabalho de ser mãe e pai ao mesmo tempo.

Quando completou 7 anos, Roberto mudou para a área onde estavam os garotos maiores e mais velhos e foi onde o mesmo começou a agir como eles, falando palavrões, usando drogas e fugindo da Febem sempre que possível, porém ele tinha essas atitudes para sua própria proteção, pois os garotos mais velhos não aceitavam quem fosse “fraco”. Aos 13 anos, é apresentado a uma pedagoga francesa chamada Margherit que veio ao Brasil para fazer uma pesquisa, após o primeiro contato dos dois, Roberto foge mais uma vez da instituição e depara-se com outros garotos que também faziam parte da Febem, os mesmo o agridem e abusam sexualmente, então após esse episódio traumático ele refugia-se na casa da pedagoga, no começo ele se esconde no banheiro um cerca de um dia inteiro, sem fazer contato com Margherit, passado esse tempo ele decide sair do banheiro e conversar com ela.

Na conversa que eles têm, a pedagoga conta sua história a Roberto e faz um acordo com o garoto, de que se ele ficasse na casa dela por uma semana e contasse a sua história, ela iria ensinar francês a ele. A partir daí eles desenvolvem um laço incrível, não só de amizade, mas também de mãe e filho. Roberto ficou na casa de Margherit por muito mais de uma semana.

Por muitas vezes é notável o medo que Roberto sente de ser abandonado, esquecido e de não ser escolhido; por conta desse seu medo ele mostra-se como uma criança impossível de lidar. Mas em sua estadia com Margherit, a mesma consegue desvendar alguns aspectos do garoto e consegue ganhar sua confiança.

A instituição da Febem partia da premissa da boa educação e mudança de vida para os que estudavam na fundação. Porém em boa parte da infância em que Roberto viveu na instituição ele não aprendeu a ler e nem escrever. De maneira pedagógica, não havia incentivo de nenhum dos professores, que muitas vezes puniam os alunos por determinados comportamentos, e as punições por mau comportamento eram realizadas de formas agressivas, muitas vezes isolando os alunos por tempo indeterminado, o que gerava certa revolta nas crianças inseridas nesse contexto, entre eles, o Roberto.

        Roberto só aprendeu a ler e escrever com a ajuda e o incentivo de Margherit, que o tirou da rua após ter fugido da Febem e o levou para sua casa, aprendeu também antes mesmo de se mudar para a França a falar francês. Com Margherit, ele criou uma relação de afeto e moral de convivência em sociedade a partir de algumas vivências que tiveram juntos, de forma que se sentiu pertencente à sociedade e entendeu que alguns dos seus costumes antigos não eram vistos como corretos enquanto participante da sociedade.

É possível observar um momento da alteração do comportamento de Roberto, com a alteração do significado de alguns objetos culturais como o livro. Que é perceptível no momento em que Cabelinho de Fogo vai à casa de Margherit e joga o livro no chão, e Roberto na mesma hora já recolhe o livro, sendo que anteriormente ele tinha um comportamento similar ao de Cabelinho.

Margherit sempre o incentivou a estudar e a ler, ela também o levou para a França, onde passou grande parte da sua vida e realizou seus estudos. Após passar anos em outro país voltou para o Brasil, decidido a ser professor, realizando seu primeiro estágio na Febem.

Desde do primeiro dia na Febem, Roberto se sentiu abandonado e ao decorrer do tempo em que estava lá questionou sobre e mostrou sentir-se rejeitado pela mãe.

Ao ser transferido para a outra febem onde ficavam as crianças maiores, vivenciou de um ambiente violento, marginalizado, onde para pertencer a esse local precisou moldar seu comportamento, se tornando "durão", falando palavrões, tendo comportamentos visto como inadequado em meio social,

Com o passar do tempo, Roberto parecia não se importar mais com a presença da mãe durante as visitas, ficava apático, indiferente, não demonstrava afeto pela mesma, comportamento esse que pode advir da falta de afeto e do abandono. A mãe deixa de ser sua referência e modelo de comportamento, tornando-se os outros meninos que vivem na febem e nas ruas esse referencial. Essa mudança em seu comportamento pode ser compreendida através de Bowlby (1984, p.23) que descreve três estados da reação à separação manifestados pela criança: protesto intenso, seguido de desespero e desligamento.

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