Resenha Religião

O presente artigo, que foi resumido, discute a vivência da religião, religiosidade e espiritualidade no contexto organizacional, visualizando até que ponto essa espiritualidade pode contribuir no contexto do trabalho, principalmente na ideia de sentido e prazer nas atividades feitas, além de questionar porque no contexto organizacional há um destaque para a espiritualidade e não para religião e religiosidade. Silva e Siqueira, explicam que a cultura humana é rodeada pela religião por muitos e muitos anos, e que isso, desde a antiguidade, enfatiza a busca de Deus por parte do homem, além de basear-se na submissão do homem ao Divino e no amor existente entre o homem e Deus. Porém, com a evolução da humanidade, surgiram diferentes termos da compreensão de espiritualidade e religião, que dependem de perspectivas sociológicas, teológicas e psicológicas, gerando assim significações muito próximas e com pouca clareza. Há muitos movimentos curiosos entre a busca por novas formas de religiosidade que vem acontecendo em diversas dimensões no cotidiano, destacando-se a espiritualidade no contexto do trabalho (Siqueira, 2005).

Na definição sociológica do Ocidente há uma visualização para a atribuição de sentidos para o indivíduo e para o mundo que o rodeia – vida e morte, trabalho e relações sociais. Além disso há um enfoque da relação com o sagrado e o material e a dimensão institucional, remetendo a questões sagradas dentro das instituições de uma forma fechada e dogmática, incluindo experiências místicas, mágicas e esotéricas sendo a instituição uma questão central na definição da religião para a ideia sociológica. Durante muito tempo religião e estado se misturaram, mas aos poucos a religião foi declinando como potência diante dos sistemas de significação existencial, havendo à separação entre eles, substituindo a explicação religiosa pela racionalidade científica. Porém, mesmo com esse declínio, nas últimas décadas do século XX, no Ocidente houve aumento da procura por religiosidade, que se define agora com um caráter anti-hierárquico.

No ambiente organizacional, há uma crescente busca por um sentido, e essa busca assume um caráter transcendental, de modo a relacionar a organização com a espiritualidade, pois o contexto organizacional já não está mais focado no controle e hierarquia, mas no desenvolvimento pessoal, autoconhecimento e valores. Lembremo-nos que muitas vezes o sagrado está ligado ao religioso, porém não é necessário que esses valores se refiram a uma religião propriamente dita, mas sim, que podem estar relacionados apenas com o espiritual, aquilo que é divino (Paiva, 1998). A espiritualidade está ligada a aspectos subjetivos da experiência de busca pelo sagrado para com isso transformar suas vidas, e isso normalmente não envolve doutrinas ou crenças religiosas institucionalizadas, pois percebe-se uma perda crescente de autoridade das instituições religiosas, um processo de indiferentismo religioso, de carência de “vocação” ou de interesse pelo ingresso (Siqueira, 2008), mas que carrega valores comuns a todas as religiões, sendo, então, mais voltado a uma nova perspectiva de humanização do trabalho e na auto realização do mesmo, além de facilitar o senso de se sentir conectado aos colegas, à empresa, à sociedade e ao transcendente, por meio da valorização de sentimentos de totalidade, alegria, direção, significado e sentido. Além disso, o fato de os trabalhadores das organizações estarem focados muito mais na espiritualidade do que na religião, se dá porque as organizações religiosas estão se tornando mercadorias manipuladas, enquanto a espiritualidade se torna uma forma de evitar ou descarregar aquilo que não traz prazer, sendo incluído esse movimento tanto aspectos triviais, como os horóscopos, quanto uma sensibilidade religiosa abrangente, holística (Siqueira, 2008). Assim, a espiritualidade quando unida com a experiência