Resenha critica mare vermelha em associação com a teoria burocratica

Resenha crítica do filme “Maré Vermelha” associado com a teoria burocrática

        O filme “Maré Vermelha” retrata uma história de um submarino de guerra americano que em tempos de Guerra Fria esteve a um passo de iniciar uma guerra nuclear com a Rússia, no caso a Terceira Guerra mundial. Em síntese a história se resume na execução da missão de guerra na qual os tripulantes recebem uma ordem de lançar bombas nucleares nos rebeldes russos e em seguida recebem uma outra ordem, mas por uma falha no equipamento de rádio devido ao confronto com um submarino adversário a segunda ordem recebida está incompleta. Nesse contexto o comandante e o imediato do submarino entram em atrito porque o primeiro quer seguir a ordem de lançar as bombas e o imediato acredita ser necessário conseguir receber por completa a segunda ordem da marinha americana. Desta forma o imediato se rebela contra o comandante e toma a liderança do submarino, e esta mesma liderança é perdida depois que o submarino sofre escoriações em um ataque recebido e tripulantes mais antigos se juntam ao comandante por não confiarem nas ações do imediato que era recém chegado na tripulação. Mas ao final conseguiram receber a segunda ordem da marinha americana que revogava a ordem de lançar as bombas e se evita um holocausto nuclear eminente.  

        A teoria burocrática da administração é uma teoria complexa que surge para complementar as teorias da administração existentes, é uma teoria robusta inspirada no autor Max Weber que prima pela racionalidade, pela eficiência e isso por meio de uma estrutura definida, hierarquizada, com a observância das normas e regulamentos dos protocolos e procedimentos entre outros.

        No filme podemos perceber que no submarino há uma estrutura hierarquizada, com cargos e funções específicas a serem desempenhadas. Características do funcionamento pautadas na teoria da burocracia. E ainda a realização de rotinas e procedimentos para variadas situações. Outro ponto sempre lembrado era a eficiência buscada na missão, aliada a uma racionalização das ações e procedimentos.

        Devido a estrutura hierarquizada o submarino possuía vários setores com diferentes atribuições a serem desempenhadas, como a caldeira, o setor de comunicação, o setor de visualização do perímetro marinho. Até a função de lançar as bombas era designada para apenas uma pessoa, a qual detinha os códigos de lançamento.

        O filme é um excelente molde para ser analisado. O funcionamento do submarino demonstra muitas características da teoria burocrática. Através do mesmo pode-se visualizar um mecanismo de funcionamento que enseja a complexidade da teoria em prática.

        O cerne da história retratada é as diferenças entre os líderes do submarino, o imediato e o comandante. O imediato adentrara naquele submarino para aquela missão. Já o comandante tinha vinte e cinco anos de experiência em submarinos e missões. O imediato era altamente capacitado teoricamente e tecnicamente para seu trabalho no submarino, sendo este o motivo do seu egresso no mesmo, mais uma característica da teoria burocrática, na qual o cargo é dado a pessoas com capacitação. E o comandante era mais experiente em campo e detinha a confiança dos seus tripulados que há tempos trabalhavam juntos.

        Em relação a liderança desempenhada pelos protagonistas visualiza-se o imediato como um líder carismático que procura ter identificação com os subordinados, que procura a legitimação de seu poder como superior por meio de seu conhecimento técnico  e por sua inteligência em lidar com as pessoas. Já o comandante tem seu poder oriundo da hierarquia, da burocracia de respeito, acatamento e subordinação para as decisões do comandante. Deve-se sempre lembrar o contexto de características militares presente na tripulação do submarino, por serem representantes da marinha americana. O fator de característica militar corrobora, e não é exclusiva desse meio, que as ordens e decisões e o poder vem de um alto posto na hierarquia, não cabendo aos subordinados discuti-las e sim obedecê-las.  No filme fica evidente que o imediato, apesar de estar subordinado as ordens do comandante em certas situações estava em igualdade, isto devido a seu conhecimento técnico e pelas normas e regulamentos que regiam aquela estrutura. Por tudo isso foi possível ao imediato tomar a liderança do comandante, ao qual não estava respeitando as normas e leis de segurança. Como consequência dessa disputa pela liderança no submarino outro ponto da burocracia é mostrado: o fato das decisões em alto posto não sofrer interferência de subordinados, isso é visto quando o imediato toma a liderança e os tripulantes são apenas informados de novas ordens, sem serem consultados ou ainda com uma clara explicação do que estava acontecendo na liderança do submarino. Neste sentido evidencia-se ainda o fato da comunicação entre setores de uma organização burocrática ser um ponto fraco para coesão da equipe, e que a teoria discutida exige uma formalização por escrito das ações e mudanças, mas que no contexto da iminente guerra, da realização da missão proposta não havia essa obrigação. Essa característica da formalização é percebida ao final da historia, onde a situação ocorrida no submarino é investigada por uma junta superior de oficiais e que tomam decisões formais acerca do ocorrido.