Resenha do Texto: A Neurose das Telefonistas
Por: Déborah Gontijo • 26/11/2020 • Trabalho acadêmico • 491 Palavras (2 Páginas) • 649 Visualizações
Resenha do texto: A neurose das telefonistas (A sindrome da fadiga nervosa)
O texto traz reflexões acerca de características do trabalho das telefonistas e quais os seus impactos, e, o mais interessante, ou deveria dizer, angustiante, é pensar que os levantamentos feitos por Le Guillant no século passado, são, ainda, questões contemporâneas que necessitam serem vistas e modificadas.
O autor levanta e discorre sobre os seguintes tópicos: A síndrome subjetiva comum da fadiga nervosa; Alterações do humor e do caráter; Distúrbios do sono; Alterações somáticas.
Algumas frases que achei interessante e gostaria de destacar são:
- “Uma verdadeira intoxicação por frases profissionais se observa em 20% dos sujeitos examinados.”
- “Anteriormente eram calmas, tímidas, agora se tornaram nervosas, irritadas, agressivas, não podem suportar a menor contrariedade “sem fazer um drama”.” Crisesde nervo, de choro, vertigem, desmaios, intolerância/hipersensibilidade à ruídos, depressão, ideias e ate tentativas de suicídio
- “Tudo isto as leva a verdadeiras “crises de nervos”: atiram seus fones para longe, no meio da sala, quando uma dificuldade aparece, e precisam sair por alguns minutos para se acalmar.”
- “Seus filhos são, na maioria, muito nervosos, sujeitos a caprichos e crises de birra freqüentes, tendo pavores noturnos.”
- “Embora se trate, em geral e a primeira vista, de indisposições em si pouco graves, parece-nos que terminam, muito freqüentemente, por tornar a existência das telefonistas absolutamente intolerável, por lhes suprimir toda a possibilidade de calma e felicidade. A intensidade e a permanência das alterações chega a constituir uma verdadeira neurose.”
- “Muitas vezes nos disseram: “eu não sei viver”.”
- “Repetição automática de frases profissionais, sonhos relacionados com seu trabalho, anorexia, leve emagrecimento, ligeira insônia.”
- “O rendimento, a rapidez das operações que ele exige foram unanimemente julgados como excessivos.”
- “Quanto mais se irritam mais se apressam”.
Fica claro, após este levantamento e análise do discurso das telefonistas, que o trabalho mecanizado, a pressão por rendimento, a repetição, o controle excessivo, etc. são fatores que influenciam diretamente na saúde psíquica delas e nas suas relações sociais, já que trazem o dado de que os filhos são nervosos ou de que os momentos de descontração e de momentos prazerosos são limitados.
Percebemos que esse texto é um exemplo de psicopatologia do trabalho, da qual os profissionais são afetados diretamente pelas condições em que trabalham, pela rotina que exercem e pela forma como as relações sociais que ocorrem dentro da empresa. É de causar um certo incômodo pensar que tudo isso foi identificado no século passado e que, se observarmos empresas de telefonia (ou ainda outros ramos), tudo isso ainda pode ser identificado. O que nos leva a pensar o papel do psicólogo, os olhares necessários, as mudanças que devem ocorrer e a forma como serão geridas.
...