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Resenha do Texto As Pulsões e Suas Vicissitudes (1915)

Por:   •  7/5/2016  •  Resenha  •  2.345 Palavras (10 Páginas)  •  3.437 Visualizações

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Professora: Clara Inem

Matéria: Conceitos da Psicanálise

Aluna: Mariana Dias Teixeira

Matrícula: 20150204419988

Resenha do texto As pulsões e suas vicissitudes (1915)

        Quando escreveu o presente artigo (concluído em abril de 1915) Freud ainda não havia chegado à hipótese de pulsão de morte, que só formalizará em 1920, no texto “Além do Princípio do Prazer” (vol. XVIII, da Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Imago Editora, 1974). Freud se recente de não haja uma teoria clara sob as pulsões e que ele próprio não tenha conseguido chegar a ela. Em algum momento chega a dizer que “a teoria das pulsões é, por assim dizer, a nossa mitologia” – Conferência XXII - Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, vol. XVI, Imago Editora, 1974

        A pulsão, em psicologia, é um conceito básico que corresponde a idéias abstratas que provieram das mais diferentes fontes, que não são, no entanto, contrária às observações. A fisiologia nos proporciona uma diferenciação entre estímulo e arco reflexo. De uma pulsão, podemos dizer que é um estímulo que se origina dentro do organismo e que conduz a ações que têm o objetivo de removê-lo. Não é um estímulo que age de forma passageira, mas sim de modo constante. Pode ser repetido sem afetar, contudo, o que julgamos necessário para afastá-lo. Um estímulo pulsional gera um estado que melhor seria descrito como necessidade, estado este que pode ser eliminado por uma alteração adequada da fonte, dando origem ao estado a que chamamos satisfação. Onde a necessidade leva a satisfação. A pulsão é a a força psicológica que conduz do estado de necessidade ao estado de satisfação. Dos estímulos pulsionais, pode-se afirmar duas características são internos e  atuam de modo constante. O sistema nervoso é um aparelho que tem por função livrar-se de estímulos, mas isso não pode ser aplicado aos estímulos pulsionais. Em relação a eles o sistema nervoso, não pode simplesmente elimina-los, tem de produzir modificações do mundo externo de modo a propiciar as satisfações exigidas por esses estímulos. Podemos, por isso, afirmar que as pulsões e não os estímulos externos constituem as forças que levaram o sistema nervoso ao seu grau de desenvolvimento atual.

        Verificamos que o aparelho psíquico é regido pelo princípio do prazer, o que significa, em última análise, a tendência para se desfazer de estímulos, mas as relações entre prazer-desprazer e estímulos não é apenas quantitativa. Nada existe que impeça supor que o que atualmente é uma pulsão tenha sido um estímulo [externo], em épocas passadas, tendo se transformado ao longo da filogênese. Da biologia sabemos que a pulsão nos aparece como um conceito limite entre o físico e o mental, como o representante psíquico dos estímulos que se originam dentro do organismo e como medida das exigências feitas à mente no sentido de trabalhar para atender às necessidades do corpo. Examinemos, agora, alguns termos referentes as pulsões: pressão (drang) seria a  quantidade da exigência, de trabalho, feita à  mente.
Finalidade (ziel) seria a satisfação. Corresponde a alterações na fonte de estimulação, visando eliminá-la. Embora a finalidade última permaneça sempre a mesma, são possíveis satisfações intermediárias. Também podemos falar pulsões inibidas em sua finalidade, quando uma pulsão é impedida no caminho da sua satisfação e tem de ser defletido, são as satisfações parciais. Objeto (objekt) é aquilo em relação a que a satisfação é atingida. É o mais variável do instinto.  Originalmente não está ligado a ele, só lhe sendo destinado por estar adequado à satisfação, pode ser uma parte do próprio corpo do indivíduo, pode mudar ao longo das vicissitudes da pulsão, pode acontecer que um único objeto sirva à satisfação de várias pulsões. Uma adesão muito grande da pulsão a  seu objeto, se conhece como fixação. Fonte (quelle) é o processo somático que dá origem a uma representação mental. Sendo assim, é a sede corporal do impulso. Não se sabe se esses processos são de natureza química ou se são devidos a outras forças, mecânicas, por exemplo.

        Parece mais razoável supormos que as diferentes pulsões que reconhecemos na mente sejam produtos de um fator quantitativo ou de alguma função dessa quantidade do que sejam de várias qualidades. O que distingue os impulsos uns dos outros é a sua fonte. Ou seja, a pulsão seria uma força que assume qualidades específicas segundo a fonte de que se origina, tal como e eletricidade, sendo uma energia, pode manifestar-se como luz, calor ou movimento, na dependência do aparelho a que se ache ligada. Quantos e quais são as pulsões? Freud propôs dois grupos: pulsões autopreservativos ou do ego e pulsões sexuais.Tal classificação não tem o caráter de postulado inevitável. Ela surgiu da visão de que nas neuroses de transferência há uma oposição entre a pulsão sexual e o autopreservativo. Pode ser que o estudo das outras neuroses, sobretudo das narcisistas, nos imponha uma outra visão dos instintos, mas por hora nada nos induz a não fazermos a oposição acima entre pulsões sexuais e autopreservativos. Freud alega aqui que considera pouco crível que pudesse chegar a outra idéia sobre as pulsões, partindo da psicologia. Melhor seria,  diz ele, levar a ela conhecimentos oriundos de outras fontes. A contribuição da biologia não vai contra a distinção entre impulsos sexuais e impulsos do ego. Em 1920, no entanto, levando em consideração a agressividade e a repetição, ele mesmo propôs uma modificação revolucionária, segundo a qual a oposição se daria entre pulsão de vida e de morte, alterando, assim, de maneira fundamental a presente classificação. Conforme “Além do Princípio do Prazer”, Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Imago Editora, 1974, vol. XVIII.

        A biologia ensina que a sexualidade é de natureza diferente das outras funções do indivíduo, pois suas finalidades ultrapassam o ser individual e visam a conservação da espécie. Mas, além disso, o indivíduo é a coisa principal, sendo seu papel na conservação da espécie, secundário.  De outro ponto de vista, o indivíduo é um apêndice da espécie. A sexualidade também se diferencia das demais pulsões por uma química própria. A descoberta dos hormônios confirmou isso. O estudo das pulsões só pode ser feito por meio das pesquisas psicanalíticas, sendo difícil o estudo deles a partir da consciência. O estudo das neuroses de transferência possibilitou o conhecimento, da dinâmica e evolução, dos impulsos sexuais. É de esperar-se que o estudo das outras neuroses traga novos aportes sobre os impulsos do ego, embora não seja de se esperar que estas condições sejam comparáveis às que existiram até aqui. Além disso, as pulsões sexuais se diferenciam dos demais porque: são numerosas, emanam de várias fontes orgânicas, atuam independentemente uns dos outros, a princípio, e só alcançam a síntese, posteriormente,visam, a princípio, o prazer do órgão. Só quando a síntese é alcançada é que eles se colocam a serviço da reprodução, tornando identificáveis como sexuais, inicialmente são ligados aos instintos auto-preservativos, dos quais só aos poucos se separam, conservando contudo parte deles associadas as pulsões do ego, aos quais emprestam componentes libidinais, são capazes de agir vicariamente, uns pelos  outros, são capazes de mudar de objetos. Nesses tópicos estão contidas as idéias de que as pulsões sexuais são, a princípio, pulsões parciais, orais, anais, sádicos etc,  que caminham em direção a uma síntese sobre a “primazia dos genitais” e que visam, em primeiro lugar, o prazer e só ao fim dessa síntese, são colocados a serviço da  reprodução. Ao longo de seu desenvolvimento, no correr da vida das pulsões sexuais ficam sujeitos às seguintes vicissitudes: reversão ao oposto, retorno em direção ao próprio ego, sublimação, repressão.  

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