Resenha sobre a Pulsão para Freud
Por: guilhermefritow • 13/9/2017 • Resenha • 761 Palavras (4 Páginas) • 552 Visualizações
No desenvolvimento do conceito da pulsão, Freud usa o termo “trieb” em alemão, que é traduzido ao inglês como “instinct”. Nesse sentido, há uma diferenciação entre o instinto puramente biológico e a conceituação freudiana, que representa “um conceito situado na fronteira entre o material e o somático, o representante psíquico dos estímulos que se originam dentro do organismo e alcançam a mente”.
Para desenvolver o conceito de pulsão, Freud relaciona pulsão e estímulo, a partir de um caráter fisiológico. Porém, a diferenciação entre ambos se dá pelo fato de que existem muitos estímulos externos não pulsionais, além de que a pulsão é dotada de constância, da qual não se foge, mas se busca satisfação.
Freud analisa a pulsão a partir de quatro fatores: a meta - a meta final da pulsão é a satisfação, nem sempre alcançada integralmente por questões sociais, o objeto – elemento mais variável das pulsões, já que sofre inúmeras variações durante a vida, podendo se localizar no outro ou em si, a fonte – o processo somático do qual se origina o estímulo representado na vida psíquica pela pulsão – e a força, o fator motor da pulsão, a medida de exigência de trabalho que ela representa.
Com isso, deve-se diferenciar as pulsões do ego das pulsões sexuais, já que estas atuam como exigência de satisfação do prazer, enquanto aquelas são motivadas pela busca de autopreservação. As pulsões sexuais se apoiam nas de autopreservação no início da vida psíquica, se separando gradativamente até alcançarem autonomia da satisfação. Do conflito entre esses polos pulsionais é que surgirão as neuroses de transferência.
Em relação aos destinos da pulsão, Freud destaca quatro: a transformação em seu contrário, o redirecionamento para a própria pessoa, o recalque e a sublimação, porém só trata dos dois primeiros na obra em questão.
A transformação em seu contrário se desmancha em dois processos: o redirecionamento da atividade para a passividade e a inversão do conteúdo. O primeiro processo pode ser exemplificado pelos pares de opostos sadismo – masoquismo e voyeurismo – exibicionismo. Este processo se refere às metas da pulsão. Na dualidade sadismo-masoquismo, se sentir dores torna-se uma meta masoquista, pode ocorrer que, retroativamente, a meta sádica pode surgir pela identificação do sujeito com o objeto. Não é a dor em si que é usufruída, mas a excitação sexual concomitante. É importante ressaltar que a metamorfose ocorrida na pulsão pela transformação da atividade em passividade e pelo redirecionamento contra a própria pessoa nunca abarca a totalidade da moção pulsional.
A inversão do conteúdo, por sua vez, só é encontrada na transformação do amor em ódio. É comum encontrar o par de opostos direcionado a um mesmo objeto. Essa coexistência oferece o exemplo mais nítido do que seria a ambivalência de sentimentos. Essas oposições precisam ser observadas a partir de três polaridades: ego-não ego/sujeito-objeto, prazer-desprazer e ativo-passivo – que se desdobraria ao longo da estruturação do psiquismo na oposição masculino-feminino. Essas três polaridades da mente estariam sempre ligadas umas às outras. Freud acentua que a dualidade amor-ódio só pode ser entendida a partir da relação do ego total com os objetos e não das pulsões com os objetos. O ego ama objetos que lhe geram satisfação e os odeia na tentativa de destruí-los. Essa relação não diz respeito às pulsões sexuais. As verdadeiras raízes da relação de ódio não se originariam da vida sexual, mas da luta do ego em preservar-se e manter-se e assim manter distância de tudo que lhe cause desagrado. Para Freud, o amor deriva da necessidade do ego de satisfazer autoeroticamente os impulsos pulsionais pela obtenção do prazer de órgão. É originalmente narcisista, e desloca seu investimento em um tempo posterior. Depois serão vinculados às pulsões sexuais e quando esses são totalmente sintetizados, acaba por coincidir com o impulso sexual como um todo.
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