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Resumo As Cinco Lições da Psicanálise

Por:   •  30/9/2020  •  Resenha  •  1.790 Palavras (8 Páginas)  •  1.034 Visualizações

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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA/JF

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Pró Reitoria Acadêmica – Direção Acadêmica 

Curso: Psicologia 

Professor(a): Carolina Levate

Aluna: Talita Gomes Guedes

Referência

FREUD, Sigmund. Cinco lições de psicanálise. In: FREUD, Sigmund. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira. Volume XI. Rio de Janeiro: Imago. 1996. p. 25–66.

O texto "Cinco Lições de Psicanálise” aborda os principais conceitos de teoria desenvolvida por Sigmund Freud que longo do trabalho buscou-se uma compreensão dos conceitos apresentados pautada nas explicações dadas pelo próprio autor longo de sua obra. Essas compreendem uma síntese de cinco palestras ministradas por ele mesmo, em setembro de 1909, durante as comemorações do vigésimo aniversário da Fundação da Clark University, localizada em Worcester, Massachusetts – EUA.

Na primeira lição analisa um caso de uma jovem que foi diagnostica com Histeria. Freud fala de seu trabalho com o médico Joseph Breuer (1842 - 1925), e confessa ter sido o próprio Breuer o primeiro a empregar o método da Psicanálise no tratamento de uma jovem histérica. A paciente em questão apresenta uma série de perturbações físicas e psíquicas que se manifestam simultaneamente e sem origem evidenciada.  Dr. Breuer utilizou como forma de tratamento, a hipnose para que ela associasse as palavras ditas em episódios de histeria com suas ideias e fantasias. Assim a paciente relatou fantasias ou criações psíquicas tendo como ponto de partida a cabeceira do pai enfermo. Progressivamente, seus estados de confusão se amenizavam conforme expunha suas experiências. Tanto que no decorrer das sessões a paciente manifestava-se mais relaxada e com maior controle sobre sua vida consciente. Levando a conclusão de que somente após a revelação e trabalho de suas fantasias durante a terapia viria o bem-estar. Freud sintetizou os conhecimentos adquiridos até aquele momento da seguinte forma: os histéricos sofrem de reminiscências e símbolos mnêmicos (memória) de experiências traumáticas, não só as recordam como, ainda se conectam a elas emocionalmente tornando-se alheios a realidade e ao presente. Possuem uma fixação da vida psíquica aos traumas patogênicos, um dos caracteres mais importantes da neurose. No caso da paciente, os traumas tinham ligação com o tempo que cuidava do pai, se culpava por sua morte. Pode-se assim conceber que as emoções regulavam tanto a doença como a cura. Estas emoções tornavam-se patogênicas quando não tinham exteriorização normal, estando estas “enlatadas” e em parte desviavam-se para sintomas físicos, sendo proposto o nome de “conversão histérica”, que representa uma expressão mais intensa das emoções, conduzida por uma nova via. Freud (1996) concluiu assim que “onde existe um sintoma, existe também uma amnésia, uma lacuna da memória, cujo preenchimento suprime as condições que conduzem à produção do sintoma” (p.36). Sendo assim, a cura ocorreria no momento em que os traumas psíquicos fossem reproduzidos na ordem inversa em que aconteciam, ou seja, a partir do sintoma se descobria o trauma, e do trauma se descobria o agente causador. E ao tornar este consciente, o paciente poderia compreender e processar o problema de forma a atribuir-lhe um novo significado, resultando em cura.

Na segunda lição Freud relata a forte influência das pesquisas de Charcot sobre a histeria e a necessidade de abandonar o método da hipnose em seus atendimentos, visto que nem todos os seus pacientes eram sugestionáveis à hipnose e pelo caráter de não cientificidade da técnica utilizada por Breuer. Para ele este procedimento se tornou enfadonho, constituindo um recurso incerto, assim decidiu por abandonar a hipnose. Procurou agir com o método catártico mantendo os pacientes em estado normal. Recomendava-lhes que conscientemente recordassem o máximo de elementos possíveis, com a finalidade de identificar essas memórias e associá-las ao trauma originário do sintoma. O que não era tão simples, pois se percebia uma forte resistência do paciente em acessar as lembranças inconscientes. Freud reconhece na repressão o mecanismo patogênico da histeria. Trata-se do aparecimento de um desejo violento e incompatível com o ego do paciente, devido às exigências morais da sociedade e à sua própria personalidade. Por não ter mecanismos para lidar com a carga afetiva do desejo, a psique desloca a ideia da consciência para o inconsciente, onde ela permanece reprimida/inacessível. Quando se desfaz essa resistência e tal conteúdo volta à consciência, o conflito mental acaba, bem como o seu sintoma. O mecanismo da repressão tem por função, básica, evitar o desprazer, protegendo a personalidade psíquica de relembrar eventos traumáticos. Freud entende que a cura do paciente, só pode ocorrer após a supressão de todas as resistências ligadas ao trauma originário. 

Continuando as lições, tem-se a terceira lição. Nesta Freud tenta corrigir uma inexatidão que cometera em sua última conferência. Quando deixou de lado a hipnose, Freud forçava os doentes a dizerem o que viesse à mente, porém somente nas primeiras vezes aconteceu que pela simples pressão exatamente o esquecido que buscava se apresentava. Continuando a empregar o método, vinham pensamentos despropositados que os próprios pacientes repeliam como inexatos. Tal conteúdo reprimido ao retornar à consciência sofre deformações por parte da resistência, quanto maior a resistência maior a deformação do conteúdo reprimido. O chiste é um dos vários mecanismos da psique para dar vazão ao potencial energético reprimido. Freud denomina esses conteúdos ideacionais interdependentes, catexizados de energia afetiva de “complexo”. O método psicanalítico utiliza-se da fala desordenada do doente, que é estimulado a falar abertamente sobre o assunto de seu interesse, por acreditar que ela (a fala) não destoará daquilo que mais lhe agride, no caso, o conjunto de traumas (complexo) investigado. Por esse método, denominado “Associação Livre” o terapeuta tem acesso ao conteúdo reprimido. Por mais cansativo que pareça esse método de investigação, identificação e eliminação dos complexos por meio da livre associação de palavras, segundo Freud, é ele, seguramente, “o único praticável” (FREUD, 1996). Além da associação livre de palavras, ele aponta também outras duas técnicas psicanalíticas para acesso ao inconsciente: a interpretação de sonhos e o estudo de lapsos ou atos casuais. Os sonhos são a realização de desejos inconscientes e, são compostos por elementos conscientes (verbalizados) e inconscientes (não verbalizados). O processo de formação do sonho tem mecanismos muito semelhantes aos do sintoma da histeria e sua interpretação assemelha-se com o processo de associação livre. Ao processo no qual os pensamentos inconscientes do sonho se disfarçam no conteúdo manifesto, Freud denominou de “Elaboração Onírica.” Conclui que a vida onírica do homem adulto carrega consigo todas as aspirações e peculiaridades de sua vida desde a infância. Pela análise dos sonhos ele chegou à conclusão de que “o inconsciente se serve, especialmente para a representação de complexos sexuais” (p.49). Outra técnica psicanalítica para acessar o inconsciente são os atos falhos. Eventos cotidianos sem importância aparente, mas que para a psicanálise tem forte relevância. Como o esquecimento de coisas que deveriam saber (como nome de pessoas próximas), ou lapsos de linguagem, além de gestos rotineiros (manias) como piscar um olho, roer unha, etc., são elementos fundamentais da clínica psicanalítica por serem de fácil interpretação e terem relação direta com a criação dos sintomas e formação dos sonhos. Para o autor, esses atos/impulsos dizem de conteúdos que deveria permanecer reprimidos no inconsciente. Eles são de grande valor, pois “testemunham a existência da repressão e da substituição mesmo na saúde perfeita” (p.50). A análise de sonhos, atos falhos e associação livre de palavras, juntos fornecem ao psicanalista os elementos, mais do que suficientes, para trazer a tona o material psíquico patogênico originário do sintoma, dando fim ao quadro patológico resultado da “produção dos sintomas de substituição” (p.51).

Na quarta lição Freud faz referência ao fato de como a teoria psicanalítica relaciona os sintomas mórbidos com a vida erótica do paciente. Para ele, a nossa vida erótica e as repressões a ela feita acabam por desencadear quadros patológicos. Apesar dessa ligação direta entre os sintomas mórbidos e a vida sexual do paciente, em nada os mesmos facilitam o reconhecimento da tese, pois procuram ocultá-la. Comumente eles omitiam detalhes e/ou distorciam informações. Contudo, a compreensão sobre o sintoma mórbido pode ser complicada quando se investiga a história do paciente. O próprio Freud afirma que interpretações equivocadas da sua teoria podem levar à buscas imprecisas e errôneas sobre o problema. Tenhamos em mente que o exame psicanalítico visa entender como os traumas se fixaram na psique e não ligar sintomas à sexualidade. Ele atribui ao peso da educação e da civilização a resistência da sociedade em não admitir a sexualidade na infância e não desejar relembrar aquilo que já estava reprimido. Dando abertura para um dos pontos polêmicos de Freud, a sexualidade infantil. O psicanalista assinalava, mesmo com a repulsa da sociedade, que o desenvolvimento infantil nessa fase determinaria a fase adulta.

Na quinta e última lição, retoma os conceitos principais da Psicanálise trabalhados até então, inclusive a sexualidade infantil, e a relação do complexo de Édipo com a formação do sintoma nos neuróticos. Com isso, as pessoas podem adoecer se estiverem privadas de se satisfazerem quanto as suas necessidades. Dentre os mecanismos empregados na repressão da pulsão está a fuga da realidade insatisfatória pelo paciente, fazendo-o levar de modo inconscientemente sua psique a estágios anteriores do desenvolvimento psíquico, o que Freud chama de Regressão. A Regressão mostrar-se sob dois aspectos distintos: “temporal, porque a libido, na necessidade erótica, volta a fixar-se aos mais remotos estados evolutivos - e formal, porque emprega os meios psíquicos originários e primitivos para manifestação da mesma necessidade” (p.61). Em ambos os aspectos a regressão orienta-se para a infância, reestabelecendo um estado infantil da vida sexual. É comum, durante o tratamento psicanalítico, surgir nos neuróticos um sintoma identificado como “Transferência”, isto é, o paciente reproduz no terapeuta uma série de sentimentos afetuosos, vez ou outra, mesclados de hostilidade, provenientes daqueles trechos da vida sentimental cuja lembrança já não se pode evocar, onde o mesmo se convence da existência e do poder desses sentimentos sexuais inconscientes. Trata-se de um fenômeno global, não restrito à psicanálise, mas que abrange espontaneamente todas as formas de relações humanas. O primeiro se dá pela conscientização do conteúdo reprimido, que acontece durante o tratamento psicanalítico. Substitui-se a repressão pelo julgamento de condenação efetuado com mecanismos superiores do próprio ego. Outra solução apresentada, considerada por Freud a mais eficaz, seria a sublimação, mecanismo de defesa do ego, onde a energia proveniente dos desejos libidinais infantis é empregada de forma mais conveniente. Por último ele aponta a plasticidade, uma característica nata do ser humano: “a plasticidade dos componentes sexuais, manifesta na capacidade de sublimarem-se, pode ser uma grande tentação a conquistarmos maiores frutos para a sociedade por intermédio da sublimação contínua e cada vez mais intensa das pulsões” (p.65).

O texto é bem denso, mas com um conteúdo muito importante para o aprendizado da teoria psicanalítica. Gostei muito de poder reler um texto que me foi apresentado no primeiro período da faculdade de psicologia em 2015, agora com muito mais conhecimentos e um olhar bem diferenciado.

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