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Resumo Filosofia - O Nascimento da Filosofia

Por:   •  3/4/2021  •  Abstract  •  1.593 Palavras (7 Páginas)  •  318 Visualizações

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O NASCIMENTO DA FILOSOFIA/ PRÉ-SOCRÁTICOS.

(CHAUÍ, 2000)

        A filosofia nasceu no final do século VII e início do século VI antes de Cristo, nas colônias gregas da Ásia Menor, na cidade de Mileto. O primeiro filósofo se chamou Tales de Mileto. Ao nascer, o conteúdo designado para estudo se deu pela cosmologia.

PROBLEMA: Não se sabia se a filosofia se originou por si mesma ou das contribuições de conhecimentos do Oriente e de povos que antecederam a civilização grega.

        

        Por muito tempo, acreditou-se que ela nascera das mudanças que os gregos fizeram nas sabedorias orientais: por serem um povo comerciante e navegante, suas viagens permitiram que eles entrassem em contato com vários conhecimentos (agricultura, astrologia, genealogias, etc), os quais foram transformados em outros saberes (aritmética, geometria, astronomia, etc). E a partir desses conhecimentos, se originou a cosmologia e as primeiras teorias filosóficas.Ou seja, a filosofia só poderia ter nascido graças ao saber oriental.

        Essa ideia, da participação oriental no surgimento da filosofia, foi defendida durante muito tempo pela Igreja e por pensadores judaicos, que possuem o Oriente como berço do surgimento de seus dogmas. Logo, argumentavam sobre a influência da Filosofia na origem desses pensamentos. Isso se deu, pois a Filosofia era considerada a forma mais elevada e superior de pensamento e moral naquela época.

        Nem todas as pessoas aceitaram a tese orientalista e muitos passaram a falar da Filosofia, como sendo o milagre grego: surgiu sem uma premissa, de forma inesperada; acontecimento único e espontâneo; os gregos foram um povo excepcional, sem nenhum outro semelhante, nem antes e nem depois deles, e por isso, somente eles seriam capaz de criar a Filosofia, á que foram os únicos a criar as ciências e a dar às artes uma elevação que nenhum outro povo conseguiu, nem antes e nem depois.

Nem Oriental, nem milagre.

        De fato, as viagens colocaram os gregos em contato com os conhecimentos produzidos por outros povos, mas também, foi encontrado nos mitos e nas religiões orientais, bem como nas culturas que precederam a civilização grega, elementos para elaborar a mitologia grega, que, depois, foi transformada racionalmente pelos filósofos na formação da Filosofia.

        Os gregos imprimiram uma mudança tão intensa nas culturas que receberam dos outros povos, que é quase como se eles tivessem criado a própria cultura a partir deles mesmos.

  • Mudanças que garantiram a originalidade grega:
  • Mitos: retiraram os aspectos apavorantes, humanizaram os deuses, divinizaram os homens e racionalizaram as narrativas.
  • Conhecimentos: transformaram em ciência aquilo que eram elementos de uma sabedoria prática para o uso direto na vida.
  • Organização social e política: os gregos não inventaram apenas a ciência e a filosofia, mas a política também.
  • Pensamento: com a bagagem acumulada de conhecimentos, inventaram a ideia ocidental de razão, como um pensamento sistemático que segue regras, normas e leis de valor universal.

Gregos inventaram a política.

        Nas sociedades anteriores, o poder era concentrado na mão de um só homem, ou um pequeno grupo de homens, que tomavam as decisões com base em seus interesses, sem consultar ninguém, nem se justificar.

        Os gregos inventaram a política (significado da palavra: cidade organizada por leis e instituições), porque instituíram práticas pelas quais as decisões eram tomadas a partir de discussões e debates públicos e eram adotadas ou revogadas por voto em assembléias públicas; porque estabeleceram instituições públicas e sobretudo porque criaram a ideia da lei e da justiça como expressões da vontade coletiva pública e não como imposição da vontade de um só ou de um grupo, em nome de divindades. Separam o âmbito público do privado.

        

A Filosofia e o Mito.

        Antes,acreditava-se que a Filosofia teria nascido de uma ruptura abrupta com os mitos e sendo a primeira forma de explicação científica da realidade, produzida pelo Ocidente. Futuramente, a crença se transformou de forma que passou a acreditar no surgimento da da Filosofia de uma forma gradual, do interior dos próprios mitos, como uma racionalização deles.

        Atualmente, sabe-se que essas duas teorias estão exageradas e que a Filosofia, percebendo as limitações e contradições dos mitos, foi reformulando e racionalizando as narrativas míticas, transformando-as numa explicação inteiramente nova e diferente. É importante lembrar que a Filosofia não substituiu os mitos, mas nasceu como uma nova forma de explicar a realidade.

  • O Mito

        Uma narrativa sobre a origem de alguma coisa. Essa narrativa é feita em espaços públicos e recebida como verdadeira, incontestável e inquestionável pelos ouvintes, por confiarem na autoridade do narrador. O narrador é um poeta escolhido pelos deuses, portanto sua palavra é sagrada e vem de uma revelação divina.

  • Características das narrativas míticas:

        A narração é uma genealogia, isto é, uma narrativa da geração dos seres, das coisas, das qualidades, por outros seres, que são seus pais ou antepassados. Cosmogonia (narrativa da origem do mundo por meio da concepção sexual entre os seres) e Teogonia (narrativa da origem dos deuses a partir de seus pais e antepassados).

        Encontra-se uma rivalidade ou uma alianças entre os deuses e os humanos que dará origem a algo no mundo (uma guerra, o fogo, etc.)

        Recompensas ou castigos dos deuses a quem os desobedece ou os obedece.

  • Diferenças entre Filosofia e Mito:
  • O mito narrava como as coisas eram no passado, no início de tudo, para gerar o presente. A Filosofia busca explicar o porquê das coisas no passado, presente e futuro.
  • As narrativas míticas eram por meio de genealogias e rivalidades ou alianças entre seres sobrenaturais. A Filosofia explica através de elementos e causas naturais.
  • Os mitos não se importavam com contradições, fabulações e incompreensões, tanto por ser uma característica da narrativa em si, como pela pela autoridade religiosa de quem a narrava. A Filosofia não admite contradições, fabulações ou incompreensões, suas explicações são derivadas de uma lógica racional e coerente; além disso, a autoridade de quem explica não vem do filósofo, mas sim, da razão, que está presente em todos nós.

Condições históricas para o surgimento da Filosofia.

As viagens marítimas contribuíram tanto para o contato com outros povos, dos quais acumularam conhecimentos, quanto para a desmistificação e desencantamento de lugares do mundo, os quais passaram a exigir uma explicação racional de suas origens.

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