Resumo Psicologia Comunitária Silvia Lane
Por: Simone Simões • 1/4/2019 • Resenha • 1.451 Palavras (6 Páginas) • 1.082 Visualizações
Resumo:
Histórico e Fundamentos da Psicologia Comunitária no Brasil
Sílvia Tatiana Maurer Lane
Livro: Psicologia Social Comunitária: da Solidariedade à autonomia
Regina Helena de Freitas Campos
Em se tratando de psicologia comunitária brasileira, não pode ser deixado de lado o contexto econômico e político do Brasil e da América Latina.
O golpe militar de 1964 é o precursor do seu surgimento, devido o impacto da extrema repressão e violência inicial.
A partir de movimentos em 1968, a universidade busca desenvolver reflexão crítica quanto ao seu papel. Os professores dos cursos de formação profissional do psicólogo questionam sua prática, e nesse mesmo momento a psicologia enquanto ciência, entra em crise, e a antipsiquiatria abala os conceitos de doença mental.
Foi nessa época que o termo Psicologia Comunitária surgiu nos EUA e em vários países da América Latina 🡺 Referindo-se a atuação de profissionais junto a população carente, com apelo assistencial e manipulativo, com o uso de técnicas e procedimentos sem a necessária análise crítica.
Na década de 70, médicos e psiquiatras criam os centros de saúde mental, no intuito de ação preventiva e para fugir do atendimento clássico dos hospitais psiquiátricos, porém as mudanças foram mais aparentes.
Na década de 60, atividades inerentes a cidadania surgem através dos trabalhos de Paulo Freire e seus contemporâneos, preocupados com a educação popular, alfabetizando adultos enquanto instrumento de conscientização.
Baseados nessas práticas, na década de 70, psicólogos passam a desenvolver atividades em comunidades, oferecendo atividades educativas de conscientização da população, com a prática voltada para:
- Prevenção da saúde mental – psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais.
- Educação popular – pedagogos, psicólogos, sociólogos e assistentes sociais.
No encontro de 1981, foram levantados os questionamentos:
- O que é uma comunidade?
- Ela é possível numa sociedade capitalista baseada na ideia da competição?
- Ou ela é uma utopia que se pretende atingir algum dia?
O encontro de 1981 – À procura de uma compreensão de uma Psicologia Social Comunitária
Em 1977 Helio Figueiredo lança uma proposta de Saúde mental Comunitária, advinda da universidade, com a ideia de compromisso da universidade com a sociedade.
Com a missão de orientar os alunos estagiários de psicologia, disponibilizam 2 professores de psicologia, uma socióloga e um administrador.
Em 1979, firmam sede própria no bairro Jardim Santo Antônio – SP, lugar que prestam atendimentos psicológicos individual e grupal, criam um clube de mães e grupo de jovens. Realizam reuniões de equipe com grupos do bairro, a fim de criar programas de ação comunitária.
A equipe é constantemente procurada.
Foi constatado problemas de infraestrutura, baixos salários, violência urbana, desgaste físico e psicológico, perda da identidade cultural (migração), uma ideologia de consumo vinda dos meios de comunicação e ausência de organização popular.
A partir desses dados, o grupo objetiva proporcionar o crescimento da consciência dessa população através da participação em grupos, superando o individualismo, unindo-se em atividades que mudassem o cotidiano.
Em 1981 Pedro Pontual e Paulo Moldes, através do Instituto Sedes Sapientiae, criam duas equipes com a proposta de intervenção crítica e prestação de serviços em saúde e educação, com equipe multiprofissional – jornalistas, psicólogos, pedagogos, geógrafos engenheiros e arquitetos.
Pedro Pontual afirma que o que identifica qualquer profissional envolvido em movimentos populares é o seu papel como educador popular, Psicólogos devem lidar com as dinâmicas de grupos, dos encontros, questões metodológicas e de avaliação, com as tensões e problemas de relacionamento.
Esse trabalho levou a comunidade a questionar-se sobre o quanto sabiam sobre sua realidade, através de história em quadrinhos, levando-os a discutir os resultados e a definir as prioridades dentre todos os problemas encontrado, como coleta de lixo e posto de saúde, através de um filme produzido no bairro verificaram a realidade das crianças do bairro e assim, mobilizaram a população local para reivindicar uma creche.
Nesse encontro de 1981, fora relatado o uso de psicodrama em um grupo de mulheres da periferia, que as auxiliou a entender a sua própria realidade e cultura, a discutir problemas de seu cotidiano como filhos, maridos, casa, família, etc. A equipe multidisciplinar trabalha com esse grupo por 2 anos, para torna-lo independente, assumindo a própria história e o próprio caminho. Esse grupo assume o clube de mães e se aproxima da escola, organizando feira de artes, trabalhando no posto de saúde oferecendo curso para gestantes. Esse grupo se torna cada vez mais independente da equipe.
O encontro de 81 termina refletindo se a atuação do psicólogo se dá através da prevenção e cura da doença mental ou por tarefas educativas e conscientizadoras. O que é específico da psicologia e das demais áreas envolvidas nos projetos sociais? E qual o papel da universidade?
Percebemos dessa forma, que a visão do psicólogo ainda é do indivíduo fragmentado, separando-o em áreas em que atuam separadamente; educação enquanto processo, terapia outro processo, conscientização mais um.
Porém o processo grupal se desenvolve a contento, pois é no encontro com outros semelhantes que se descobre a realidade, a individualidade e a sociedade.
Encontro de 1988: A procura da sistematização
Ocorrido em Minas, a ênfase é dada às técnicas de dinâmica de grupo, a partir do conhecimento dos grupos e das instituições que se chega a organização popular.
Experiências de Marília Machado sobre a favela em Belo Horizonte, com o treinamento dos moradores com técnicas de auto-organização, através de vídeos sobre a favela, informações sobre os direitos que a comunidade tem, práticas grupais, com o espaço da palavra livre, visando a auto-organização e a criação de cooperativas. A clínica se dá através da análise e terapia da autodepreciação para melhorar a autoestima.
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