Sistema Motor
Por: mrsg • 22/5/2017 • Trabalho acadêmico • 7.830 Palavras (32 Páginas) • 341 Visualizações
Introdução:
- Evolução da motricidade:
A motricidade infantil é uma questão muito complexa e aborda várias questões para se compreender. Para que se realize uma avaliação neurológica é preciso que se leve em conta a maturação, o comportamento da criança, o ambiente em que ela está inserida e a técnica usada para realizar a avaliação (MARCELLI, 1998).
Para W. R. Hess não é possível compreender completamente a motricidade se ela for analisada apenas pelo funcionamento do sistema piramidal (sistema responsável por comandar os movimentos voluntários) e o sistema extrapiramidal (sistema responsável por comandar os movimentos involuntários), segundo ele existem mais dois sistemas, o teleocinético e o ereismático. O sistema teleocinético seria aquele responsável por movimentar os olhos, a cabeça e o corpo para uma certa direção, já o sistema ereismático, é responsável pelo comando inicial que é pensado antes de uma ação especifica (MARCELLI, 1998).
A motricidade infantil passa por um desenvolvimento, que parte de ações primitivas (movimentos grosseiros) até ações mais elaboradas e complexas (movimentos finos) (MARCELLI, 1998).
É a partir da motricidade que a criança tem a possibilidade de se relacionar com o mundo a sua volta, ao reconhecer os objetos e conseguir manipula-los – segurar e largar- estes deixam de fazer parte de algo indiferente e passam a fazer parte de seu mundo. Esses movimentos só se tornam possíveis à medida que as atividades maturativas começam a surgir, como por exemplo, a oposição de polegares e a rotação do punho (MARCELLI, 1998).
A criança inicia seus movimentos lidando apenas com o que está ao seu alcance e sem um real propósito, à medida que ela vai se situando com esses objetos ela consegue criar seu próprio campo e assim ir aumentando sua área de exploração, descobrindo assim o mundo a sua volta. Seu esquema corporal só vai se desenvolver se ela o exercitar, ela passa do período de imitação para o da operatividade (MARCELLI, 1998).
Dois aspectos devem ser considerados como correlacionados no que diz respeito às condutas motoras: um corpo em movimento que tem uma ação com uma intencionalidade por traz, e também, um corpo relacionado ao ambiente e constituído psiquicamente por meio deste. Podendo então ser manifesta, a conduta motora, de formas diferentes, tanto no que diz respeito as relações parentais ou sociais, e sendo essa variação diretamente ligada a significações do sujeito (MARCELLI, 1998).
A vida afetiva da criança é expressa no corpo, sendo então a vida emocional participante no tônus, na postura e na motricidade, ligados ao bem-estar ou mal-estar percebido por tal. Todo o processo de expressão afetiva ocorre por meio da significação, ou seja, tem uma correlação com o verbal (MAZET; STOLERU, 1990).
II. Tipos Psicomotores:
Para os autores essa concordância existente entre o comportamento motor particular e a atividade psíquica relativamente definida entra no quadro de formas subnormais de comportamento infantil ou nos quadros patológicos (MARCELLI, 1998).
H. Wallon e M. Gourévitch são alguns dos autores que escreveram sobre os tipos psicomotores, onde elaboram a patologia a partir da descrição da síndrome de insuficiência psicomotora (MARCELLI, 1998).
A partir dessa descrição fisiológica M. Gourévitch desenvolve quatro características necessárias para o desenvolvimento motor do corpo. A primeira seria o componente extrapiramindal (ligado a movimentos automáticos defensivos), seguido pelo componente piramidal (ligado à intensidade em que os movimentos são executados), o componente frontal (ligado à facilidade dos movimentos) e por ultimo o componente córtico-cerebral (ligado à adaptação dos movimentos no espaço). O desenvolvimento das características citadas anteriores ocorre de forma variada dependendo do desenvolvimento psíquico da criança (MARCELLI, 1998).
A correlação dessas características somadas ao desenvolvimento psíquico da criança acaba por as diferenciar em quatro tipo: hipertônico (lento e desajeitado com movimentos fortes); hipotônico (desajeito e mole); dilatado (ágil e hábil); e o longilíneo osteomuscular (hábil com uma maior extensibilidade) (MARCELLI, 1998).
Psicopatologias:
- Distúrbios Tônico-Emocionais Precoces:
São distúrbios ligados à situações de privações afetivas que ocorrem imediatamente após o nascimento, sendo mais frequentes depois de alguns meses do nascimento.
Essas privações podem ocorrer de três formas:
Parcial – um desligamento materno que ocorre pontualmente, poucas horas, que ocasiona no bebê um atraso motor com rigidez da expressão facial, expressão de angústia;
Prolongada – um desligamento materno que pode durar semanas, podem causar no bebê uma depressão anaclítica (uma depressão muito cedo, por volta dos 6 à 18 meses);
Permanentes – sem mais ter contato com a mãe, no período da dependência vital (no que diz respeito a alimentação, higiene, e todas a significações maternas essenciais na constituição psíquica da criança), tem como consequência um bebê que se torna inexpressivo, imóvel, incapaz de se significar.
Normalmente ocorrem em casos onde a mãe esgotou-se nos últimos meses de gestação ou sofreu distúrbios emotivos; Em crianças que foram alimentadas artificialmente ou desmamadas desde a primeira semana ou mesmo tardiamente e de modo brutal; Nas crianças alimentadas insuficientemente, com poucas mamadas, ou uma disciplina esfincteriana precoce, como no caso de crianças precoces (MARCELLI, 1998).
São manifestações desse distúrbio:
1- Spasmus Nutans
É comum ocorrer no inicio da vida, e também em casos de Síndrome de Down, de forma mais acentuada. Caracteriza-se por movimentos involuntários, repetitivos e tendo movimentos peculiares nos dedos (como uma estagnação muscular, uma ausência de movimento), também presente em atividades motoras excessivas, autolesões, e abandono da realidade (isolamento psíquico, sem interferência de estímulos externos).
2- Hiperatividade Crônica
Não tem uma origem identificada, só se sabe que pode ser uma alteração genética mínima, mas não há comprovações a respeito. Presente em crianças em qualquer período do desenvolvimento. O bebê apresenta uma atividade muscular contínua e incessante. Possuem uma instabilidade emocional, por conta da agitação, existe uma possibilidade de falta de atenção e concentração, dificuldades na coordenação motora fina.
3- Hipertensão Muscular
É causada por danos na parte do cérebro que está envolvida no controle dos movimentos.
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