TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO EM VÍTIMAS DE ABUSO SEXUAL NA INFÂNCIA GERA CONSEQUÊNCIAS NO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL DO INDIVÍDUO
Por: Renata Bastos • 2/4/2019 • Trabalho acadêmico • 3.223 Palavras (13 Páginas) • 376 Visualizações
TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO EM VÍTIMAS DE ABUSO SEXUAL NA INFÂNCIA GERA CONSEQUÊNCIAS NO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL DO INDIVÍDUO
BARRETO, ÉRIKA COSTA¹. BASTOS, R². COSTA, L². SALES, N². RIBEIRO, C². MOURA, C². DIAS, T².
[1] Mestre em Cognição e Linguagem, Docente dos Institutos Superiores de Ensino do CENSA
(2) Graduandos do curso de Psicologia dos Institutos Superiores de Ensino do CENSA
RESUMO
Este artigo aponta as possíveis consequências no desenvolvimento psicossocial de um indivíduo que foi vítima de abuso sexual no período da infância. O abuso sexual contra crianças pode ser tido como uma condição de risco para o desenvolvimento infantil, por causa das graves sequelas cognitivas, emocionais e comportamentais refrentes à sua ocorrência, podendo seu resultado envolver efeitos a curto e longo prazos e expandir-se até a idade adulta. Através da revisão de literatura, o artigo permitiu uma análise da correlação existente entre as pessoas que sofreram abuso sexual na infância e o desenvolvimento do Transtorno de Estresse Pós-Traumático.
Palavras-chave: Abuso sexual, transtorno de estresse pós-traumático, violência, desenvolvimento
ABSTRACT
This article points out the possible consequences on child phychosocial development of a person who was a victim of sexual abuse during childhood. The sexual abuse of children can be considered like a risk condition for the child development, because of the serious cognitive, emocional and behavioral sequelae relating to their occurrence, its results may involve affects in the short and long term and expand to adulthood. Through literature review, the article allowed an analysis of the correlacion between people who have been sexually abused in childhood and developed Post Traumatic Stress Disorder.
Keywords: Sexual abuse, post traumatic stress disorder, violence, development
Introdução
O Transtorno de Estresse Pós-Traumático em correlação com o abuso sexual na infância envolve diretamente a violência, e com isso, possui várias maneiras de se manifestar, incluindo, como influência, as questões sociais e pessoais, independente de cultura e classe social. Tais acontecimentos interferem no desenvolvimento cognitivo, emocional, comportamental e social das vítimas, trazendo consequências biopsicossociais. A vítima, além de todo o sofrimento durante o abuso sexual, pode sofrer danos a curto e longo prazo; e uma simples intervenção precoce e efetiva pode ter impacto decisivo em longo prazo no crescimento e desenvolvimento da criança e um efeito positivo em todo o funcionamento da família.
A violência se desenvolve sobre o excesso de poder, seja ele físico ou moral, e, o abuso sexual possui uma interação de finalidade agressiva na qual são utilizadas força, persuasão, e autoridade contra a vontade do outro. Em contrapartida, os maus-tratos na infância representam uma doença médico-social, ou seja, está se desenvolvendo na sociedade com grande frequência, apresentando implicações médicas, legais e psicossociais.
O TEPT pertence à categoria dos transtornos de ansiedade e caracteriza-se pelo quadro clínico que surge após a exposição ao evento traumático, o qual desencadeia sintomas de medo intenso, horror ou impotência (transtornos de ansiedade), a vítima também pode manifestar comportamento agitado ou desorganizado, geralmente tem sonhos aflitivos e episódios de flashbacks com o evento. O evento traumático pode ter sido vivenciado ou testemunhado.
O presente artigo torna-se relevante ao trazer essa temática à tona para a produção de novo conhecimento científico. Por isso, serão apresentados os dados coletados por meio da revisão de literatura de diversos materiais que enfatizam os seguintes aspectos: a correlação entre violência e abuso sexual, prevalência do TEPT na infância e adolescência em vítimas de abuso sexual, a faixa etária predominante e a interferência do desenvolvimento da vítima.
A violência é um fenômeno complexo que possui diversas maneiras de manifestação, podendo apropriar-se de vínculos pessoais, sociais, políticos ou culturais. É desempenhada por indivíduos contra outros indivíduos, atingindo a sociedade em aspectos gerais, seja associada a grupos ou ao indivíduo de maneira insulada. Sendo considerada uma demanda social, os conflitos irrompidos e os atributos de opressão e soberania são suscitados. (RIBEIRO; FERRIANI; REIS, 2003).
Sob a visão da filósofa Hannah Arendt (1985) a violência é observada como a “falta de poder legítimo”, se trata do exercício de um poder que excede os limites socialmente estabelecidos em relação ao contato com o outro. Quando o aspecto sexual está envolvido na abordagem da violência, observa-se um panorama específico em relação as definições e retratações de suas evidências. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a violência sexual pode ser definida como:
Quaisquer atos sexuais ou tentativas de realizar um ato sexual, comentários ou investidas sexuais não consentidas, atos para comercializar ou de outra forma controlar a sexualidade de uma pessoa através do uso da coerção, realizados por qualquer pessoa, independentemente de sua relação com a vítima, em qualquer ambiente, incluindo, sem estar limitados, a residência e o trabalho. Abrange toda ação praticada em contexto de relação de poder, quando o abusador obriga outra pessoa à prática sexual ou sexualizada contra a sua vontade, por meio da força física, de influência psicológica (intimidação, aliciamento, indução da vontade, sedução) ou do uso de armas e drogas (Jewkes et al. 149).
Como anteriormente citado com base na teoria de Hannah Arendt, a violência se estrutura sob o autoritarismo, na forma da ausência de poder legítimo, isso aponta a imposição através do uso da força física e do uso de poder, seja ele moral ou legal (FALEIROS, 2003). O abuso sexual é usualmente definido como uma interação de cunho sexual que usa força, persuasão, álcool/drogas e o recurso a uma posição de autoridade, contrária a vontade do outro (KOSS, 1988).
A preponderância hierárquica dos mais fortes sobre os mais fracos, sendo avaliada em aspectos de diversas formas de poder e identificada em esferas sociais distintas, desde a político-social até as mais íntimas como as famílias, acompanham o desenvolvimento da humanidade desde seus primórdios (PFEIFFER E SALVAGNI, 2005). De acordo com Blanchard (1996, apud AMAZARRAY e KOLLER, 1998) na majoritária parcela das civilizações existentes, foram registrados casos de agressões sexuais contra crianças, porém a sexualidade não entrou em pauta até a década de 1950, pois era considerada um tabu, havendo pouco material de pesquisa acerca de tal assunto.
...