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Teoria psicanalítica de Freud

Artigo: Teoria psicanalítica de Freud. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  24/11/2014  •  Artigo  •  2.175 Palavras (9 Páginas)  •  446 Visualizações

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Erik Homburger Erikson nasceu em Frankfurt, Alemanha, em 1902 (vindo a falecer

em 1994). Tento inicialmente optado pela carreira artística, foi convidado a trabalhar em

uma escola para pacientes submetidos à psicanálise, entrando então em contato com o

grupo de Anna Freud. Em 1933, quando se casou com uma canadense, mudou-se para os

Estados Unidos, continuando seus estudos em Psicanálise, tornando-se o primeiro

psicanalista infantil americano.

Sem negar a teoria freudiana sobre desenvolvimento psicossexual, Erikson mudou o

enfoque desta para o problema da identidade e das crises do ego, ancorado em um contexto

sociocultural. O estudo da identidade tornou-se estratégico para o autor, que viveu em uma

época onde a Psicanálise deslocava o foco do id e das motivações inconscientes para os

conflitos do ego.

Na verdade, é preciso considerar que as mudanças de enfoque na teoria psicanalítica

ocorreram antes da morte de Freud (Hall et. al., 2000). O que havia de ser contestado e

modificado foi feito por seus discípulos em sua presença. Esta foi a causa de tantas

dissidências em seu círculo de estudos. Jung e Adler são exemplos daqueles que foram

excluídos de seu grupo ao discordarem de alguns pontos da teoria freudiana ou

simplesmente por terem mudado o foco de estudo. Após a morte de Freud, a Psicanálise

sofreu uma espécie de ampliação. Algumas idéias foram redefinidas, outras suprimidas,

mas, em sua maioria, até mesmo por decorrência do contato da Psicanálise com a

Psicologia, foram estendidas.

Um avanço da teoria freudiana que é, sem dúvida, da maior importância para o

estudo do humano no século XX, é o foco no ego. Em Freud, o ego aparece como sistema

muitas vezes subserviente ao id. Anna Freud, filha de Sigmund Freud, dando continuidade

aos seus estudos, atribuiu ao ego uma característica de mais autonomia, com um maior

poder de decisão e de atuação. Anna também ampliou os mecanismos de defesa de sete

para dez., atribuindo a eles um caráter menos patológico do que Freud o fizera. Com sua

teoria, Anna Freud também transformou os estágios psicossexuais de seu pai em estágios de

busca de domínio do ego, dando a base para os estudos de Erik Erikson. Esta fase na

Psicanálise ficou conhecida como época da “Psicologia do Ego”, onde se diminuía a ênfase

no inconsciente (Hall, et. al., 2000).

Em meados do século XX, Erikson começa a construir sua teoria psicossocial do

desenvolvimento humano, repensando vários conceitos de Freud, sempre considerando o

ser humano como um ser social, antes de tudo, um ser que vive em grupo e sofre a pressão

e a influência deste. A partir desta consideração, Erikson formula sua teoria de forma a

deixar duas importantes contribuições à Psicanálise, segundo Hall e colaboradores (2000):

deixa uma teoria na qual o ego tem uma concepção ampliada e realiza estudos psicohistóricos,

exemplificando sua teoria psicossocial no curso de vida de algumas figuras

famosas. Essa metodologia é totalmente nova para a Psicanálise da época e na própria

psicologia, pois estudos longitudinais eram muito raros e complexos de serem realizados

(ainda o são hoje), embora se mostrem como um excelente método de validar teorias como

a de Erikson, que trabalham o clico vital como um contínuo onde cada fase influencia a

seguinte.

Assim como Freud, Piaget, Sullivan, entre ouras figuras da época, Erikson optou

por distribuir o desenvolvimento humano em fases. Porém, seu modelo detém algumas

características peculiares (Rabello, 2001):

• Desviou-se o foco fundamental da sexualidade para as relações sociais;

• A proposta os estágios psicossociais envolvem outras artes do ciclo vital além da

infância, ampliando a proposta de Freud. Não existe uma negação da importância

dos estágios infantil (afinal, neles se dá todo um desenvolvimento psicológico e

motor), mas Erikson observa que o que construímos na infância em termos de

personalidade não é totalmente fixo e pode ser parcialmente modificado por

experiências posteriores;

• A cada etapa, o indivíduo cresce a partir das exigências internas de seu ego, mas

também das exigências do meio em que vive, sendo portanto essencial a análise da

cultura e da sociedade em que vive o sujeito em questão;

• Em cada estágio o ego passa por uma crise (que dá nome ao estágio). Esta crise

pode ter um desfecho positivo (ritualização) ou negativo (ritualismo);

• Da solução positiva, da crise, surge um ego mais rico e forte; da solução negativa

temos um ego mais fragilizado;

• A cada crise, a personalidade vai se reestruturando e se reformulando de acordo

com as experiências vividas, enquanto o ego vai se adaptando a seus sucessos e

fracassso.

Erikson criou alguns estágios, que ele chamou de psicossociais, onde ele descreveu

algumas crises pelas quais o ego passa, ao longo do ciclo vital. Estas crises seriam

estruturadas de forma que, ao sair delas, o sujeito sairia com um ego (no sentido freudiano)

mais fortalecido ou mais frágil, de acordo com sua vivência do conflito, e este final de crise

influenciaria diretamente o próximo estágio, de forma que o crescimento e o

desenvolvimento do indivíduo estaria completamente imbricado no seu contexto social,

palco destas crises.

Abaixo, descrevemos suscintamente tais crises do ego.

Confiança Básica x Desconfiança Básica

Esta seria a fase da infância inicial, correspondendo ao estágio oral freudiano.A

atenção do bebê se volta à pessoa que provê seu conforto, que satisfaz suas ansiedades e

necessidades em um espaço do tempo suportável: a mãe. A mãe lhe dá garantias de que não

está abandonado à própria sorte no mundo.

Assim se estabelece a primeira relação social do bebê. E justamente sentindo falta

da mãe que a criança começa a lidar com algo que Erikson chama de força básica (cada

fase tem a sua força característica). Nesta, a força que nasce é a esperança. Quando o bebê

se dá conta de que sua mãe não está ali, ou está demorando a voltar, cria-se a esperança de

sua volta. E quando a mãe volta, ele compreende que é possível querer e esperar, porque

isso vai se realizar; ele começa a entender que objetos ou pessoas existem, embora esteja

fora – temporariamente – de seu campo de visão.

Quando o bebê vivencia positivamente estas descobertas, e quando a mãe confirma

suas expectativas e esperanças, surge a confiança básica, ou seja, a criança tem a sensação

de que o mundo é bom, que as coisas podem ser reais e confiáveis. Do contrário, surge a

desconfiança básica, o sentimento de que mundo não corresponde, que é mau ingrato. A

partir daí, já podemos perceber alguns traços da personalidade se formando, ainda que em

tão tenra idade (Erikson, 1987 e 1976). É importante que a criança conviva com pequenas

frustrações, pois é daí que ela vai aprender a definir quais esperanças são possíveis de

serem realizadas, dando a noção do que Erikson chamou de ordem cósmica, ou seja, as

regras que regem o mundo.

Nesta fase também o bebê tem a idéia de sua mãe como um ser supremo, numinoso,

iluminado. Nesta mesma época, começam as identificações com a mãe, que é por enquanto,

a única referência social que a criança tem. Se esta identificação for positiva, se a mãe

corresponder, ele vai criar o seu primeiro e bom conceito de si e do mundo (representado

pela mãe). Se a identificação for negativa, temos o idolismo, ou seja, o culto a um herói,

onde o bebê acha que nunca vai chegar ao nível de sua mãe, que ela é demasiadamente

capaz e boa, e que ele não se identifica assim. Inicialmente, a criança vai se tornar agressiva

e desconfiada; mais tarde, elas vão se tornar menos competentes, menos entusiasmadas,

menos persistentes.

A importância da confiança básica é devida, segundo Erikson, ao fato de implicar a

idéia de que a criança “não só aprendeu a confiar na uniformidade e na continuidade dos

provedores externos, mas também em si próprio e na capacidade dos próprios órgãos para

fazer frente ao seus impulsos e anseios” (1987, p.102).

Autonomia x Vergonha e Dúvida

Nesta fase eriksoniana, que corresponde ao estágio anal freudiano, a criança já tem

algum controle de seus movimentos musculares, então direciona sua energia às

experiências ligadas à atividade exploratória e à conquista da autonomia. Porém, logo a

criança começa a compreender que não pode usar sua energia exploratória à vontade, que

tem que respeitar certas regras sociais e incorporá-las ao seu ser, fazendo assim uma

equação entre manutenção muscular, conservação e controle (Erikson, 1976).

A aceitação deste controle social pela criança implica no aprendizado – ou no início

deste – do que se espera dela, quais são seus privilégios, obrigações e limitações. Deste

aprendizado surge também a capacidade e as atitudes judiciosas, ou seja, surge o poder de

julgamento a criança, já que ela está aprendendo as regras.

A questão é que os adultos, para fazerem as crianças aprenderem tais regras – como

a de ir ao banheiro, tão enfatizada por Freud – fazem uso da vergonha e ao mesmo tempo

do encorajamento para dar o nível certo de autonomia. Os pais, muitas vezes, usam sua

autoridade de forma a deixar a criança um pouco envergonhada, para que ela aprenda

determinadas regras. Porém, ao expor a criança à vergonha constante, o adulto pode

estimular o descaramento e a dissimulação, como formas reativas de defesa, ou o

sentimento permanente de vergonha e dúvida de suas capacidades e potencialidades.

Em uma explanação mais completa sobre a vergonha, Erikson ressalta que trata-se,

na verdade, de raiva dirigida a si mesmo, já que pretendia fazer algo sem estar exposto aos

outros, o que não aconteceu. A vergonha precederia a culpa, sendo esta última derivada da

vergonha avaliada pelo superego (Erikson, 1976).

De um sentimento de autocontrole sem perda de auto-estima resulta

um sentimento constante de boa vontade e orgulho; de um

sentimento de perda do autocontrole e de supercontrole exterior

resulta uma propensão duradoura para a dúvida e a vergonha.

(Erikson, 1976, p.234)

Na aprendizagem do controle, seja do autocontrole o do controle social, temos o

nascimento da força básica da vontade, que, manifestada na livre escolha, é o precedente

essencial para o crescimento sadio da autonomia. Essa vontade se manifesta em várias

situações práticas, como a manipulação de objetos, a verbalização eu se inicia, a locomoção

que avança em suas capacidades, tudo o que possibilite uma atividade exploratória mais

autônoma e independente.

Se ao invés da vontade o controle toma a forma de uma regra a ser cumprida a

qualquer preço, algo mau e perseguidor, a criança começa a se tornar legalista, ou seja, ela

começa a achar que a punição tem que ser aplicada incondicionalmente quando uma regra

não for respeitada. É quando a punição vence a compaixão; se a criança se mobiliza com a

punição do colega que perdeu o controle de uma regra, ou então se sente aliviado quando é

punido por algo.

Neste estágio, o principal cuidado que os pais tem que tomar é dar o grau certo de

autonomia à criança. Se é exigida demais, ela verá que não consegue dar conta e sua autoestima

vai baixar. Se ela é pouco exigida, ela tem a sensação de abandono e de dúvida de

suas capacidades. Se a criança é amparada ou protegida demais, ela vai se tornar frágil,

insegura e envergonhada. Se ela for pouco amparada, ela se sentirá exigida além de suas

capacidades. Vemos portanto que os pais tem que dar à criança a sensação de autonomia e,

ao mesmo tempo, estar sempre por perto, prontos a auxilia-la nos momentos em que a

tarefa estiver além de suas capacidades.

Se a criança se sentir envergonhada demais por não conseguir dar conta de

determinada coisa ou se os pais reprimem demais sua autonomia, ela vai entender que todo

o problema dela, toda a dúvida e a vergonha vieram de seus pais, adultos, objetos

externos.Com isso, começará a ficar tensa na presença deles e de outros adultos, e poderá

achar que somente pode se expressar longe deles.

Iniciativa x Culpa

Neste estágio, que corresponde à fase fálica freudiana, a criança já conseguiu a

confiança, com o contato inicial com a mãe, e a autonomia, com a expansão motora e o

controle. Agora, cabe associar á autonomia e à confiança, a iniciativa, pela expansão

intelectual.

A combinação confiança-autonomia dá à criança um sentimento de determinação,

alavanca para a iniciativa. Com a alfabetização e a ampliação de seu círculo de contatos, a

criança adquire o crescimento intelectual necessário para apurar sua capacidade de

planejamento e realização(Erikson, 1987, p.116). Quando ela já se sente capaz de planejar e

realizar, ou seja, ela tem um propósito, ela tende a duas atitudes: numa delas, a criança pode

ficar fixada pela busca de determinadas metas. Freud descreveu uma destas fixações a qual

chamou de Complexo de Édipo, onde a criança nutre expectativas genitais com o pai do

sexo oposto. Geralmente, as metas que se estabelecem – como no modelo freudiano – são

impossíveis. Quando a criança se empolga na busca de objetivos além de suas

possibilidades, ela se sente culpada, pois não consegue realizar o que desejou ou sabe que o

que desejou não é aceitável socialmente, e precisa de alguma forma conter e reinvestir a

carga de energia que mobilizou. Então, ela fantasia (muitas vezes magicamente) para fugir

da tensão. Geralmente tais objetivos se dão no plano sexual e na vida adulta o nãoresolvimento

da falta de iniciativa pode causar patologias sexuais (repressão, impotência)

ou pode ser ainda expressos pela somatização do conflito (doenças psicossomáticas). O

despertar de um sentimento de culpa, na mente da criança, poderá ficar atrelado à sensação

de fracasso, o que gera uma ansiedade em torno de atitudes futuras (Erikson, 1987, p. 119).

Novamente, o sentimento a respeito de si próprio pode ser decisivo para que rackets não

sejam fomentados.

O propósito e a iniciativa também podem ser direcionados positivamente para a

formação da responsabilidade, quando o senso de obrigação e desempenho se encontram

ligados à ansiedade para aprender. Nesta fase, as crianças querem que os adultos lhes dêem

responsabilidades, como arrumar a casa, varrer o quintal ou ajudar a consertar algo. É

muito importante que os adultos lhes mostrem também que há certas coisas que ainda não

podem fazer, embora possam permitir ajudas em algumas atividades.

Quando a criança se dá conta de que realmente

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