Terapia Familiar Sistêmica – aspectos teóricos e aplicação na pratica
Por: Samuel Armbrust • 15/1/2017 • Seminário • 2.443 Palavras (10 Páginas) • 935 Visualizações
Terapia Familiar Sistêmica – aspectos teóricos e aplicação na pratica.
(Resumo em português)
Parte 1 - Surgimento e evolução
O surgimento da Terapia Familiar nos Estados Unidos em 1950 vem determinada por uma série de variações históricas e profissionais. Historicamente, no fim da Segunda Guerra Mundial e a Guerra da Coreia, das quais ainda se sofriam as consequências nas famílias, marcadas por duelos, separações e conflitos. Profissionalmente, os psicanalistas começaram a trabalhar em hospitais e entidades públicas, onde os tratamentos para problemas graves , como a esquizofrenia, estavam fracassando.
Foi observado que pacientem esquizofrênicos que melhoravam durante a hospitalização, acabavam piorando ao voltar para casa. Com isso surgiu à questão do que ocorria nas famílias que produzia a recaída. Em estudos paralelos na época surgiu o termo “mãe esquizofrenizante” que foi ligada mais tarde a teoria do “duplo vinculo” que parte da ideia que os comportamentos de um esquizofrênico, em contexto familiar, são uma tentativa de adaptação a uma forma de comunicação confusa e contraditória.
O duplo vinculo ocorre dentro de uma relação onde uma das pessoas depende emocionalmente da outra. Exemplo: relação filho-mãe. E essa relação é caracterizada como duplo vinculo se três condições no contexto comunicacional forem contempladas:
1 – Em primeiro lugar. A impossibilidade de metacomunicar. Já que falar do que ocorre está proibido.
2 – A proibição de sair da situação.
3 – A presença constante desta forma de comunicar, que supõe uma vivencia paradoxal permanente.
Eventos em destaque:
1958 – fundada a Mental Research Institute (MRS) com objetivo de trazer a teoria geral dos sistemas e da cibernética para dentro das interações do sistema familiar com enfoque na comunicação.
1960 – Virginia Seter publica “Terapia familiar conjunta” onde desenvolve sobre a modalidade até então ainda não contemplada.
1962 – Nathan Ackerman e Don Jackson fundam a revista “Family Process” que contribui para a consolidação da terapia familiar.
Anos 70 – Helm Stielin desenvolve seu trabalho com famílias integrando a psicanálise com a terapia sistêmica. Trabalhando com diversas problemáticas, como: esquizofrenia, alcoolismo e conduta alimentar.
Anos 80 – Segunda cibernética entra no âmbito da terapia familiar.
Anos 90 – Aplicação de uma visão ecológica e transcultural. Pensando do trabalho com famílias de diversas culturas, classes sociais, etnias, etc.
Atualmente – Além de tudo já visto nas décadas anteriores, atenta-se o olhar para questões relacionadas às tecnologias e seu papel na família, violência familiar, além das novas tipologias familiares como famílias reconstituídas, monoparentais, família composta por um casal homossexual.
Parte 2 – Bases teóricas
O pensamento sistêmico foi introduzido na psicoterapia por Gregory Bateson. Temos esse pensamento sistêmico aqui como um tipo de pensamento global e complexo que se baseia na observação. Assim, quando um paciente chega à terapia ele trás consigo uma “realidade imutável” que ele denomina o problema, que lhe causa dor. Utilizando-se do pensamento sistêmico podemos abrir a “lente de observação”, obtendo um foco mais amplo que supõe o reconhecimento de outras variáveis (individuais, relacionais, do presente, do passado...) os quais formam essa realidade e abrem espaço para uma realidade alternativa que não provoca sofrimento. Em outras palavras, amplia-se a visão daquela realidade antes imutável que causava sofrimento para poder considerar a possibilidade de outras realidades em que o sofrimento não exista mais ou seja reduzido. Saímos de uma visão linear de causa e efeito para uma visão sistêmica, a qual nos permite explorar múltiplas formas de lidar com o que esta gerando sofrimento.
2.1 Diferença do pensamento linear para o pensamento sistêmico
Linear Sistêmico
- Por que? - Para quê?
- Causalidade linear - Causalidade recíproca
- Foco no passado - Foco no aqui e agora
- Modelo individual - Modelo relacional
- Foco em conflitos individuais - Foco na interação familiar
- Resolução de conflitos - Melhora da relação
- Centrado na personalidade individual - Centrado no funcionamento relacional
2.2 A teoria geral dos sistemas
A “teoria geral dos sistemas” (TGS) foi descrita pela primeira vez em 1937 pelo biólogo austríaco com esse lindo nome: Ludwing Von Bertalanffy (não pode esquecer) que afirma que o universo esta composto por elementos que se interrelacionam entre si, constituindo os sistemas. Da mesma forma que há um sistema solar no qual a terra faz parte e depende ou da mesma forma que o ser humano é formado por um sistema nervoso, a família constitui um sistema formado pelas continuas interações entre seus membros e sua relação com uma totalidade, com o exterior.
As propriedades que caracterizam os sistemas abertos são:
- Organização complexa: refere-se que cada sistema esta composto por um número finito de elementos que se relacionam entre si de maneira que a mudança em um dos elementos supõe a mudança dos demais. Na relação com a família, se há a uma mudança na interação de um dos membros da mesma, haverá repercussão em todos os demais.
- Totalidade: Para entender um sistema, não nos serve compreender como atua cada elemento de forma isolada. É necessário ver a interação desse sistema em conjunto. Daí surgiu a importância de convocar as famílias em conjunto para as sessões.
- Equifininalidade: Este conceito refere-se que resultados idênticos podem ter origens diferentes ou ao contrário. Essa é fácil de visualizar. Irmãos mesmo criados da mesma maneira podem e são muito diferentes em diversos aspectos.
- Entropia Negativa: No campo da física a entropia é a medica da desordem em um sistema. A entropia negativa é o avanço da desordem e desorganização de um sistema quando este não é entendido. Outro fácil de entender: na família, quando os pais não exercem o papel de dar limites, os filhos acabam tendo dificuldades de lidar não só com a família, mas com o mundo exterior (o que em algumas vezes acaba fazendo o filho a buscar os limites de forma não adequada, assumindo condutas de risco. O atuar em detrimento do pensar).
- Casualidade Circular: em uma interação entre sistemas ou entre partes de um sistema, tudo é o princípio e o fim, todo comportamento é causa e efeito, não há casualidade linear. É necessário focar a ação num todo. Não em partes do sistema.
2.3 A teoria da comunicação Humana
Observando a comunicação humana podemos dizer que a mesma pode ser dividida em três áreas:
- da sintaxe: forma que as palavras estão reunidas numa frase. As palavras e suas configurações.
- da semântica: o significado da mensagem (tanto do emissor quanto do receptor).
-da pragmática: constitui-se do fato que o comportamento humano é afetado pela comunicação. Todo comportamento, não só a fala, é comunicação; e que toda comunicação, não só da fala, afeta o comportamento. (Comportamento é comunicação e comunicação é comportamento)
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