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Trabalho História das Ideias Psicológicas

Por:   •  14/9/2022  •  Trabalho acadêmico  •  3.060 Palavras (13 Páginas)  •  86 Visualizações

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Trabalho História das Ideias Psicológicas

1) Até hoje, a relação entre ciência e religião é bastante controversa – basta pensar, por exemplo, em temas como a origem do ser humano, do universo, ou a existência da alma. Quais são as diferenças entre ciência e religião no que diz respeito à produção de conhecimento? É possível aceitar a ciência e a religião ao mesmo tempo como fontes de conhecimento? Qual deve ser a relação entre religião e ciência?  

Sucintamente, a ciência produz seus conhecimentos através do método científico, considerado por alguns autores como fundado por Galileu Galilei (ver Tolmasquim, 2014), no qual, a partir de uma hipótese decorrem-se várias experiências/questionamentos/explorações, que visam confirmá-la ou invalidá-la. A proposição da hipótese pode ocorrer através de diferentes meios, na ciência, merecem grande destaque o dedutivo (no qual, a partir de premissas, uma conclusão que condiz com tais é estabelecida; Diniz e Silva, 2008, p. 9) e o indutivo (nesse caso, a análise de determinada situação é generalizada como correspondente de similares a ela, ou seja, assume eventos passados como garantia para sua repetição no futuro; Diniz e Silva, 2008, p. 6). Entretanto, o método científico não garante uma neutralidade ou objetividade completa, diversas hipóteses e teorias antes sustentadas cientificamente hoje são descartadas (frenologia, lamarckismo, darwinismo social, e diversas outras), isso apenas comprova que a ciência está em constante evolução, e nenhuma de suas “verdades” deve ser aceita acriticamente, como norma.

Método extremamente diverso é característico do conhecimento religioso, este que se baseia em dogmas, que podem ser definidos como “verdades absolutas”, autossuficientes por si próprias, e, devido a isso, indubitáveis, podendo ser decorrentes de livros escritos e considerados como norteadores de determinada religião, rituais históricos, transmissão oral de saberes antigos, imagens sagradas, etc. O fato desse conhecimento ser produzido de tal maneira, não o invalida como conhecimento, pois no interior de seu próprio espectro, suas proposições adquirem significado e sentido, sendo profundamente verdadeiras para quem as possui e integra no seu modo de vida. Além disso, é importante ressaltar que existe uma ampla gama de religiões, cada qual com sua crença e contradições em relação à ciência.

Por se tratarem de métodos essencialmente distintos, a coexistência desses na consolidação de uma perspectiva de mundo pode ser problemática, é óbvio que para determinados questionamentos, como a criação do planeta terra, tanto a ciência quanto a religião oferecem respostas, que podem ser consideradas satisfatórias ou não a depender da pessoa que as considera, mas existem problemáticas que envolvem aspectos mais  “elevados”, como a vida de outras pessoas, e tais devem ser analisados de maneira que não prejudiquem ou afetem outrem, e isso é mais facilmente adquirido através do método científico.

Como elucidação de fatores que impedem a congregação de ciência e religião, há, por exemplo, os seguidores de uma interpretação diversa das Escrituras cristãs, denominados “Testemunhas de Jeová”, que, devido a sua crença, não permitem que ocorra transfusão e/ou doação de sangue, pois, se submetidos a tal, seriam considerados indignos ou impuros no reino de Deus (como citado em Oliveira Júnior, 2019). Logo, quando são vítimas de algum acidente ou sofrem hemorragia possuem maior risco de vida. Mesmo que seja um método seguro comprovado cientificamente e, em determinadas situações, essencial para a sobrevivência, certos aspectos religiosos impedem sua utilização. Outro fator consiste no fato de existirem religiões que explicam fenômenos naturais, por exemplo, como chuvas e furacões, sendo referentes à punições dos deuses ou presságios, justificativa completamente incompatível com as explicações geográficas e meteorológicas. Isso reitera a impossibilidade de integrar ambas as concepções, já que diferem exageradamente.

Devido a tal, por mais que individualmente distintos aspectos possam ser analisados perante diferentes ópticas, em um caráter universal, a junção disforme de ciência e religião não é benéfica, diversos exemplos históricos que evidenciam essa afirmação podem ser citados (a Inquisição, durante a Idade Média, na qual quem expusesse explicações acerca do mundo que divergissem da abordagem cristã poderia ser condenado a prisão ou morte, o próprio nazismo, que possui seu caráter messiânico e, através dele, defendia a eugenia, entre outros). Em outras palavras, a relação entre religião e ciência tem seus limites, características pessoais podem permitir que esse relacionamento seja possível, há centenas de exemplos de cientistas e teóricos proeminentes que utilizavam o método científico e mesmo assim possuíam suas próprias crenças, sendo que tais poderiam ser mantidos “afastados” (o campo científico não interferindo na religião), essa é a opinião de Albert Einstein (como citado em Goldemberg, 2018), que em um curto ensaio intitulado “Ciência e religião”, afirma que é tarefa dos cientistas tentar explicar fenômenos que ocorrem no nosso entorno sem recorrer a hipóteses que não podem ser comprovadas, como a existência de Deus, ou até em uma tentativa de convergência, como no caso de Santo Tomás de Aquino (1485/2001-2006), que em seu livro ”Suma Teológica”, desenvolve cinco vias que provam a existência de Deus, através da “ciência” (nesse caso pautada em princípios aristotélicos), entretanto os limites podem ser facilmente excedidos e, devido a isso, em análises mais amplas, causar ações prejudiciais.

Nota-se que, não existe uma hierarquia ou superioridade entre ciência e religião, como afirmava Auguste Comte (como citado em Tolmasquim, 2014, pp. 2-3), que estabeleceu, através de sua teoria positivista, uma linha reta para o desenvolvimento do conhecimento humano, com seu ponto inicial sendo representado pelas antigas sociedades baseadas em crenças e aspectos metafísicos, e a “linha de chegada” como a racionalidade completa, na qual até os fenômenos sociais podem ser estudados através de raciocínio lógico e observação. Com o passar dos séculos, as próprias limitações do método científico foram expostas, por exemplo, as leis mecânicas de Newton não eram adequadas para partículas muito pequenas ou muito grandes, sendo necessário o desenvolvimento de uma nova teoria para compreendê-las. Com isso, a física moderna surge, tendo como um de seus grandes expoentes Albert Einstein, que nunca deixou de afirmar que era crente em um Deus: “Aquela convicção associada a um profundo sentimento de uma razão superior, que se manifesta no mundo experimentável, constitui a minha noção de Deus. Pode designá-lo, portanto, na usual maneira de dizer, por ‘panteístico’ (Espinosa).” (Einstein, 1970, p. 171).

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