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Trabalho Sobre o Holocausto Brasileiro

Por:   •  3/11/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.334 Palavras (6 Páginas)  •  1.125 Visualizações

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR REZENDE & POTRICH

FACULDADE MINEIRENSE-FAMA

CURSO DE PSICOLOGIA

6° PERÍODO

RESENHA HOLOCAUSTO BRASILEIRO

LUCAS RODRIGUES SIQUEIRA

MINEIROS

2014

HOLOCAUSTO BRASILEIRO

          O livro Holocausto Brasileiro vem nos trazer parte da história do nosso país escondida por trás dos maus tratos vivenciados nos hospitais psiquiátricos. Não se trata de algo tão longe dos dias atuais o que acontecia nas instituições destinadas a receber e tratar os doentes mentais.

          Sabemos que a loucura era tida como algo inaceitável e que os loucos deveriam ser retirados do convívio com a sociedade. Spadini e Souza (2006) relatam que todos aqueles que eram anormais ou fugiam do padrão que a sociedade exigia deveriam ser abandonados e excluídos do contexto para que ninguém se afetasse do seu mal. Não aceitavam as diferenças e preferiam que os mesmos morressem como um animal, sem compaixão nem piedade.

          Segundo Spadini e Souza (2006), foi no século XIX que a loucura foi nomeada como Doença Mental. Porém, a forma de tratar esses doentes não recebeu tanta mudança. O termo “louco” nunca vai deixar de ser atribuído a essas pessoas, uma vez que a sociedade ainda condena aqueles que não encaixam no que eles pregam que seria normal.

          Diante dessa realidade, muitos hospitais passaram a receber aqueles que não eram normais para conviver no seu meio. No Brasil, o hospital psiquiátrico em questão, o Colônia de Barbacena, Minas Gerais, se tornou um depósito humano daqueles que não eram aceitos na sociedade. Não importava se era doente mental ou não, se não estava dentro dos padrões eram jogados naquele lugar sem nenhuma condição humana para que ali vivesse sem ter dia determinado para sair.

          As pessoas que se encontravam jogadas no Colônia eram aquelas que por algum motivo não deveriam estar soltos nas ruas. Eram homossexuais, negros, prostitutas, alcoolistas, meninas grávidas, homens e mulheres que haviam extraviado seus documentos, filhas de fazendeiros que perderam a virgindade antes o casamento. Cerca de 70% dos que ali estavam não tinha diagnóstico de doença mental. Era uma forma de retirar do convívio aqueles que não eram aceitos. Eles não tinham outra opção, pois não havia como sair de lá. O hospital se tornou uma prisão onde eram sujeitos a tratamentos intensos de eletrochoques, maus tratos, condições de vida desumana.

          Na literatura, Bastos (2007), nos trás ainda que logo com a vinda da família real Portuguesa ao Brasil, nas cidades maiores os hospitais começaram a ser um depósito de loucos. Porém, estes eram jogados nos porões, viviam em condições de maus tratos, ficavam em cômodos cheios de infecções. Aqueles que ficavam agitados demais eram espancados pelos guardas. O objetivo era asilar eles e tirá-los do convívio social. Nesses lugares faltava comida e higiene, o que permitiu a morte de muitos que lá estavam.

          No Colônia não era diferente. Os supostos loucos morriam pela falta de comida, pelo frio, pelos maus tratos, pelos eletrochoques, pela forma desumana com que eles os tratavam. Ninguém fazia nada para mudar isso. Chega a ser doloroso e inaceitável imaginar como aquelas pessoas viveram por muito tempo nessas condições. Eram jogados naquele lugar sem serem ouvidos, sem ter dignidade, sem nenhuma explicação. Eram submetidos a beberem urina, água de esgoto, a comer ratos. Ficavam exilados, em ambientes sujos, junto com suas fezes, com animais, com pessoas que morriam ali. Como se estivessem em um campo de concentração nazista estavam ali para morrer.

          Como visto, desde a época em que a família real veio para o Brasil essas instituições praticavam esse tipo de tratamento contra essas pessoas. O Colônia foi local de muito sofrimento onde morreram muitas pessoas e deixou várias marcadas pelo horror. Lá não era possível fugir ou ser rebelde, para tudo eles tinham uma forma de contê-los.

          De acordo com Fraga, Alves e Braga (2006), foi a Reforma Psiquiátrica ocorrida no final do século XX que possibilitou mudar essa realidade e rever as formas de tratamento nos hospitais, promovendo mudanças, transformando o modelo assistencial e devolvendo a essas pessoas sua dignidade. A lei do Deputado Paulo Delgado veio para regulamentar a saúde mental e dar um novo direcionamento para mais tarde criar um modelo de desospitalização.

          Muitos nomes importantes foram citados no livro, inclusive o do Deputado Paulo Delgado que contribuiu para o fim desse holocausto que acabou com muitas vidas, vítimas desse tratamento desumano. Franco Basaglia, Michel Foucault, Hiram Firmino, Daniela Arbex, são umas das pessoas que se depararam com o horror vivido no hospital de Barbacena e tentaram mudar essa realidade.

          Embora nos dias de hoje o Colônia não é mais como antes, não há como apagar as marcas que ele deixou. Muitos sobreviventes carregam até hoje o sofrimento vivenciado durante anos naquele cárcere. Pessoas foram mortas, famílias foram separadas, dignidades arrancadas, pesadelo que passaram acordados. Nada se perdia ali. Várias mulheres que ficaram grávidas tiveram seus filhos arrancados e doados para outras famílias. Muitos filhos foram deixados lá sem motivos e nunca mais viram seus pais. Muitas histórias se perderam nos corredores, nos pavilhões, no meio da multidão em que eles viviam, no meio do desconforto, do chão, do esgoto, do frio.

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