Uma Reflexão Sobre A Liberdade De Escolha E Os Processos De Avaliação E Testagem Psicológica
Por: 739193 • 30/5/2023 • Resenha • 1.386 Palavras (6 Páginas) • 62 Visualizações
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE - UFCG
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE - CCBS
UNIDADE ACADÊMICA DE PSICOLOGIA - UAPSI
COMPONENTE CURRICULAR: AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA I
KAROLINY LUNA NASCIMENTO (120120020)
DIVERGENTE: UMA REFLEXÃO SOBRE A LIBERDADE DE ESCOLHA E OS PROCESSOS DE AVALIAÇÃO E TESTAGEM PSICOLÓGICA
CAMPINA GRANDE - PB
2023
INTRODUÇÃO
Divergente é um filme de ação e ficção científica norte-americano, dirigido por Neil Burger, lançado em 21 de março de 2014. A história se passa em uma versão distópica da cidade de Chicago, introduzindo a vida de Beatrice Prior, uma corajosa jovem de 16 anos que ameaça destruir o sistema implantado na cidade, pois não corresponde aos padrões estabelecidos pela mesma.
O enredo do filme se desenvolve a partir das cinco facções que dividem a cidade - Franqueza, Amizade, Audácia, Erudição e Abnegação. Cada uma representa uma qualidade humana, sendo elas, respectivamente: honestidade, generosidade, coragem, inteligência e altruísmo. Ademais, existem também dois extremos, representados pelas pessoas que não possuem nenhuma dessas qualidades, denominadas de “sem facção”, e as que possuem um pouco de todas as qualidades, denominadas de “divergentes” - a exemplo de Beatrice, protagonista do filme. Ambos os grupos são excluídos da sociedade, por não se encaixarem naquilo que é tido como padrão.
Neste cenário, aos dezesseis anos, numa grande cerimônia de iniciação, os jovens são submetidos a um exame para que escolham a que grupo querem se unir para passar o resto de suas vidas. Aqui surgem dois importantes questionamentos a serem feitos:
- Até que ponto estas escolhas são verdadeiramente escolhas?
- Os exames realizados se caracterizam como avaliação psicológica ou teste psicológico?
Serão estes, portanto, os tópicos que nortearão o presente trabalho.
LIBERDADE DE ESCOLHA: SOMOS REALMENTE LIVRES?
A família de Beatrice, protagonista da obra, pertence à facção da Abnegação e, consequentemente, a jovem também. No entanto, como mencionado anteriormente, ao completar dezesseis anos os jovens precisam escolher a qual grupo querem pertencer para o resto de suas vidas. Este é o ponto de partida da história. Quando Beatrice chega à maturidade, precisa escolher qual facção irá integrar-se pelo resto da vida. Inicialmente a história pode parecer mais um drama juvenil, mas suscita importantes discussões sobre liberdade de escolha.
Até que ponto a escolha de Beatrice reflete genuinamente sua vontade? Será que a jovem de fato se encontrou na Audácia? Ou será que sente falta de pertencer à Abnegação ao lado de sua família? Mas também não teria ela vontade de explorar um pouco de cada facção?
Algumas considerações podem ajudar a esclarecer estes questionamentos. Profundas reflexões sobre se somos realmente livres para fazermos nossas próprias escolhas são recorrentes desde os tempos mais remotos nas mais diversas civilizações pelo mundo. É neste contexto que surge o embate entre liberdade de escolha e determinismo causal. Será que querer aquilo que eu quero é realmente meu querer? Surgiu em mim do nada? Ou algo fez surgir em mim?
Neste contexto, a filosofia moderna divide-se em duas categorias: a primeira, representada por Descartes, afirma que o homem é capaz de fazer qualquer escolha possível em qualquer situação; a segunda, representada por Spinoza, afirma que o homem está condicionado a escolher de acordo com quem ele é (SENHORINI, 2013). No entanto, acredito que ainda exista uma terceira categoria, representada por Frankl, que afirma que o homem não é livre de suas contingências, mas é livre para tomar uma atitude diante de quaisquer que sejam as condições que a ele se apresentem (AQUINO e PENNA, 2016).
A partir do exposto, creio que o pensamento de Frankl é o mais adequado para responder aos questionamentos apontados anteriormente acerca da decisão de Beatrice. Os condicionamentos, sejam eles biológicos, psicológicos ou sociais, existem e fazem parte de quem somos, mas não acredito que anulem o peso de nossas decisões. Beatrice fez uma escolha dentre as que lhe eram possíveis. Claro que, pensando em sua condição de divergente, o mais adequado seria não se enquadrar em uma única facção. Mas ela ainda tinha cinco opções, e dentre elas optou por uma. Desse modo, embora estivesse sujeita a determinadas condições, Beatrice ainda sim pôde escolher como agir perante elas.
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA vs TESTE PSICOLÓGICO
Os termos “avaliação psicológica” e “testagem psicológica” são, muitas vezes, utilizados como sinônimos. A origem dessa confusão pode ser creditada à forma como se originou a avaliação psicológica, tendo em vista que esta surgiu vinculada a uma de suas aplicações práticas, a saber, o desenvolvimento dos testes psicológicos. Desse modo, é necessário evidenciar, da forma mais explícita possível, que a avaliação psicológica não se resume à aplicação e correção dos testes psicológicos. Por outro lado, os testes são agregados ao processo de avaliação psicológica para se obter informações sobre o psiquismo do indivíduo (LINS e BORSA, 2017).
De acordo com a Resolução do CFP n. 007/2003, a avaliação psicológica deve ser compreendida como um processo técnico-científico de coleta de dados, estudo e interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos, que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade. Os testes psicológicos, por sua vez, de acordo com a Resolução CFP n. 005/2012, são procedimentos sistemáticos de observação e registro de amostras de comportamentos e respostas de indivíduos com o objetivo de descrever e/ou mensurar características e processos psicológicos (LINS e BORSA, 2017).
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