A INDISCIPLINA EM SALA DE AULA

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2. DESENVOLVIMENTO

1. Indisciplina: Conceituação

Para que se compreenda a problemática da indisciplina nas escolas, faz-se necessário entender os diferentes conceitos e, analisar o significado da indisciplina para o professor. É de grande relevância, na busca da compreensão do comportamento humano, que seja diferenciado os aspectos positivos e negativos e, as alternativas de mudança.

Segundo Shinyashiki, (1997, p.102), ao se falar de disciplina, a primeira coisa que vem à mente é o conceito de rigidez, ressalta ainda, que esse termo está associado à palavra discípulo, que é aquele que tem a capacidade de aprender com um mestre, seguindo seu método.

Para Gardner, em seu livro Inteligências Múltiplas: “Disciplina Escolar”, ressalta que “disciplina é a organização de nossos impulsos para a obtenção de um objetivo”.

Segundo Arlete D’antola, (1987 p. 64) “Disciplina é a formação interior de comportamento inteligente, que sabe se dirigir, que sabe definir os seus objetivos e que sabe encontrar os melhores meios para atingir esses objetivos”. A pessoa disciplinada, sabe direcionar de melhor forma seu comportamento, supõe portanto, um autocontrole interno e consciente dos impulsos da vida e das motivações, ou seja, o indivíduo nesse estágio sabe manipular as forças do ambiente.

Paulo Freire diferencia disciplina e indisciplina como “...Disciplina é fazer o que posso, o que devo e o que preciso fazer, indisciplina é a licenciosidade, é o fazer o que quero, porque quero...”

2.2 Entendendo a Problemática da Indisciplina

O educador precisa conhecer seus alunos, o nível de maturidade intelectual e emocional, a idade cronológica, seus interesses e, evidentemente, as experiências de vida e expectativas de cada educando.

Segundo Içami Tiba (1998), as principais causas da indisciplina na escola estão centradas em três fatores básicos, destacando-se as características pessoais que envolve: os distúrbios psiquiátricos, distúrbios neurológicos, distúrbios de personalidade, deficiência mental, etapas do desenvolvimento e/ou fases da adolescência, evidenciadas pela confusão pubertária, onipotência juvenil e distúrbios de comportamento. Em seguida características relacionais, dentre elas: distúrbios entre colegas, distorções de auto-estima, distúrbios psiquiátricos, distúrbios neurológicos, deficiência mental e distúrbios da personalidade. Sequenciando com distúrbios e desmando do professor. A falta de regras claras por parte da escola favorece o aluno em proveito próprio e acaba expondo pessoalmente o professor.

Outro fator que interfere acentuadamente na questão da indisciplina em sala de aula é a desigualdade sócio-econômica-cultural que existe em nosso país.

Portanto, faz-se necessário que o educador tenha conhecimento das diversas fases do desenvolvimento da criança para que possa contribuir com o educando nos momentos difíceis, preparando dessa forma, o indivíduo para vencer com naturalidade os problemas e/ou obstáculos comuns à vida humana.

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadaniae sua qualidade de vida. (C.F, 1988, Art. 205)

A LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9394/96, em seu Art. 1º, assegura que a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais

A LDB assegura a liberdade de aprender e ensinar, cabe às instituições de ensino, direcionar seus objetivos à diversidade sócio-cultural existente na escola.

Paulo Freire, (1993 p. 13-87) relata que na sua época não existia “Psicologia nova ou moderna,” a família tinha certa autoridade. Para ele, a autoridade é tão necessária quanto a liberdade.

A família é a primeira instituição social que nos acolhe, nela devemos sentir seguros e protegidos, pois é através dessa troca afetiva que se fundamenta o desenvolvimento de posturas, regras e a participação do contexto familiar e social.

Na educação doméstica, quando o pai diz “vinho”, a mãe dia “água”, o filho desanda” Este desandar se torna evidente na escola. Educação a seis mãos é a união da escola, do pai e da mãe para a reeducação deste desandado. (Tiba, 1998, p. 157)

Cada família incorpora ao longo de sua existência, valores, cultura e princípios que são repassados de geração a geração. Ao ingressar à escola, a criança se depara com essa diversidade sócio-cultural que o leva a perceber-se diferente, na sua maneira de pensar, de agir, de se expressar e, de se comportar. É na escola que a criança irá ampliar a sua capacidade de socialização, abstrair e generalizar os conhecimentos apreendidos anteriormente.

Em virtude da maioria das famílias brasileiras não terem o hábito de trabalhar a questão dos limites e/ou regras na educação dos filhos, as crianças ao ingressarem à escola sentem-se na liberdade de fazerem o que bem entendem. Esse, portanto, é um dos fatores agravantes que o professor enfrenta diariamente em sala de aula.

A escola para garantir a qualidade e igualdade de atendimento a todos precisa ter definido sua concepção pedagógica, bem como seus valores, missão e objetivos estratégicos.

O primeiro passo é a necessidade de as escolas desenvolverem uma diretriz disciplinar de base pedagógica ampla, legitimada pela comunidade escolar em consonância com o projeto político pedagógico. É necessária ampla para que assegure a todos os estudantes, pais e profissionais da escola tenham claras as expectativas sociais e pedagógicas que serão aplicadas na escola.

A função da escola hoje é ajudar o aluno a definir seus valores e agirem de acordo com suas habilidades. Na maioria das vezes, a indefinição desses valores tem causado a indisciplina em sala de aula.

É importante a participação dos pais nas reuniões escolares; além de acompanhar os estudos dos filhos, é um dos principais estímulos para que eles estudem e contribui para a formação de alunos disciplinados.

2.3 Indisciplina: Um Desafio Escolar

É grande o desafio para os educadores com relação à indisciplina na sala de aula. Conforme citações anteriores, percebe-se que a problemática da indisciplina decorre de uma variedade de fatores externos à escola, dificultando na maioria das vezes, o avanço na solução dos problemas.