Análise da obra de Ana Elizabete Fiuza da Mota – O Feitiço da Ajuda
Por: andreiaye • 11/6/2015 • Dissertação • 1.613 Palavras (7 Páginas) • 1.209 Visualizações
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem o objetivo de realizar breve análise da obra de Ana Elizabete Fiuza da Mota – O Feitiço da Ajuda: as determinações do serviço social na empresa- 4.ed. – São Paulo: Cortez, 1998 evidenciando no seu complexo universo de análise das relações antagônicas entre empregador e empregado; e entre capital e trabalho os aspectos mais relevantes e as condicionalidades em que o Serviço Social é e deve ser praticado.
Segue um roteiro simples a partir da contextualização da obra no Movimento de Reconceitualização iniciado na década de 60, na América Latina e no aprofundamento do tema, nas empresas em que a autora realizou as suas pesquisas para detectar o fenômeno social ocorrido no momento ápice do movimento de reconceitualização, ocasião em que também realizou seus estudos.
Diante do universo de idéias e observações da autora, comete-se injustiça ao se fazer referencias a apenas alguns aspectos do seu postulado, contudo procura-se eleger os pontos conclusivos e elucidativos das relações entre o capital e o trabalho no seu ambiente de pesquisa.
Conclui demonstrando a preocupação da autora com as práticas tradicionais do Serviço Social, por ela vivenciadas, que contribuem para a negação do assistente como trabalhador e para a formação de uma consciência negativa que seja o mesmo mero instrumento do capital para manipular a classe trabalhadora.
Da ênfase ao postulado de Mota, segundo o qual o Serviço Social deve atuar e equacionar a questão social da ótica do trabalhador e não do capital, sem contudo torná-lo instrumento de lutas de classe trabalhadora.
Ao fim apresenta completa biografia da autora.
Ana Elizabete Fiuza Simões da Mota
O Feitiço da Ajuda
A obra de Ana Elizabete da Mota – O Feitiço da Ajuda tem o objetivo, segundo a própria autora, de “discutir a prática do Serviço Social na Empresa Capitalista” contextualizada no Movimento de Reconceitualização surgido na América Latina na década de 60.
Fundamenta-se em estudos destinados a discutir a prática do Serviço
Social na empresa capitalista e as novas necessidades surgidas em conseqüência da sua expansão explicando, ela mesma, o título da sua obra: “O Feitiço da Ajuda” enquanto estabelece uma analogia ao descrever como uma “armadilha” construída pelo capitalismo, para o trabalhador algumas formas humanitárias destinadas a proporcionar o bem estar do empregado e de sua família, através da “promoção social”.
A falsa bondade descrita por Faleiros e aqui descrita como armadilha leva o trabalhador a esquecer a sua condição de explorado e ainda a classificar a empresa como “boazinha”, que os “ajuda”, dando ao capital, aspectos humanitários e mascarando seu objetivo fim que é o aumento da produtividade e a sua multiplicação.
Mota apresenta uma proposta inserida num contexto geral representado por idéias e práticas de alguns profissionais de Serviço Social constituindo um movimento de natureza teórico/prático denominado reconceituação, no qual defende uma
nova postura do Serviço Social face à realidade social apresentando-se como um processo que, embora não se excluindo de determinações históricas objetivas, refuta o Serviço Social tradicional em prol de uma nova proposta de prática que atenda prioritariamente ao projeto dos trabalhadores.
Segundo ela, o Serviço Social foi introduzido com maior intensidade
nas empresas simultaneamente ao movimento de Reconceituação, visto que, a
expansão do capital determinou novas necessidades sociais, com isso, as empresas requisitavam este profissional para executar serviços sociais e desenvolver um trabalho assistencial e educativo junto ao empregado e sua família.
Estes serviços sociais eram implementados para garantir a qualidade da força de trabalho exercida pelos empregados, para que a produção não fosse afetada por carências materiais ou por qualquer tipo de comportamento que pudesse interferir neste processo. Em vista disso, pode-se afirmar que o Serviço Social intervém na relação capital e trabalho, sendo utilizado, na maioria dos casos, como intermediador, com a particularidade de posicionar-se prioritariamente em defesa dos interesses do capital vendo a questão social segundo a ótica capitalista e empregando seus métodos em favor dele.
“Dividido em quatro capítulos e uma conclusão que ela denomina de ‘ESBÔÇO DE UMA PROPOSTA” o "Feitiço da ajuda" produz importante ferramenta para à análise das determinantes sociais na prática do Serviço Social na Empresa capitalista intermediando as contradições existentes nas relações entre as classes sociais atentando para as possibilidades históricas da ação do Serviço Social no capital produtivo.
A sua fundamentação teórica articulada a uma minuciosa análise dos dados empíricos obtidos a partir da pesquisa realizada em 22 empresas de Pernambuco atribui à obra uma fecundidade elucidativa do tema e o seu tratamento com exacerbada originalidade.
A autora analisa a requisição do Serviço Social na ótica da empresa capitalista, as estratégias e respostas do Serviço Social, o potencial negador do trabalhador e a construção de uma nova prática profissional inscrita no horizonte de interesses dos trabalhadores e não do capital, revolucionando as práticas mecanizadas pelo interesse do capital de anestesiar e desmobilizar o trabalhador através da falsa sensação de bem estar social.
Em sua conclusão Mota qualifica o Serviço Social como “uma prática que, ao intervir essencialmente a nível ideológico, expressa elementos pertinentes a dominação”. Nesta ótica reafirma o caráter antagonista do trabalhado, cujas manifestações são tratadas como meras manifestações da pobreza, como um agente contestatório da realidade mediatizante da sua relação com o capital. Considerando exemplo disso o simples ato do trabalhador recorrer ao serviço social.
Para ela o trabalhador possui consciência da condição mediadora da Assistente Social sempre que faz deste profissional o porta voz das suas reivindicações e necessidades.
Mesmo assim o trabalhador reconhece neste profissional um funcionário do patrão atuando em atendimento as suas ordens e orientações, estabelecendo neste polígono o seu raio de ação e o limite da sua ajuda conforme ela mesma descreve:
[pic 1]
A superação da relação apenas formal entre empregado, empregador e empresa situando-a diretamente na relação concreta de exploração do capital sobre o trabalho; a construção de um quadro em que o trabalhador conste como sujeito das relações sociais e não apenas como empregado da empresa; a definição na pratica do assistente social como um trabalhador com esta especialidade e a identificação das intenções da prática tradicional com base na organicidade são os fundamentos para seu postulado no qual aspira ao reconhecimento da profissão como integrante de classe trabalhadora independente dos seus atributos acadêmicos, sendo o assistente social um trabalhador igualmente explorado pelo capital. Desta forma Mota resgata a atuação do profissional do serviço como “uma possível forma de identificação com a classe trabalhadora e não apenas como agente de ajuda. Afirma:
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