Análise do Texto Feminismo, Diversidade Sexual e Serviço Social com o Documentário O Xadrez das Cores

ANÁLISE DO TEXTO FEMINISMO, DIVERSIDADE SEXUAL E SERVIÇO SOCIAL COM O CURTA METRAGEM O XADREZ DAS CORES

O curta metragem O Xadrez das Cores de 2004 narra a história de uma senhora idosa branca que fica aos cuidados de uma empregada doméstica negra após ter demitido sua empregada anterior. Ao decorrer da história a idosa não faz questão de disfarçar que não se sente confortável com a presença e os cuidados da sua nova empregada e para isso não economiza em atitudes e linguajares ofensivos para com a sua nova cuidadora.

No livro, Feminismo, Diversidade Sexual e Serviço Social de Miria Cisne e Silvana Mara Morais, logo no capítulo um, as autoras deixam bem claro que este tipo de situação que é retratada no curta metragem, é mais comum do que parece. Elas afirmam que a sociedade brasileira em que vivemos é racista e que as pessoas negras sofrem violação de direitos, discriminação e preconceitos apenas por não serem brancas.

O curta aborda a história de uma forma satírica com uma trilha sonora animada, visando amenizar o tema abordado, pois apesar de ser uma situação que já é bem conhecida pela sociedade brasileira, é uma realidade ignorada e velada.

As autoras reforçam que as dimensões de sexo, sexualidade, raça, etnia e classe determinam em grande medida, as múltiplas relações sociais que nos compõem e estabelecemos. Esta afirmação se reforça no curta quando a idosa se recusa a aceitar sua nova cuidadora como funcionária apenas por ela ser negra e pobre não se dando ao menos a oportunidade de conhecê-la como indivíduo.

Sendo assim, durante o decorrer do curta metragem, fica claro que a senhora idosa trata a sua cuidadora de forma hostil por que aquelas atitudes e formas de tratamentos foram introduzidas na formação da sua individualização.  Como apontam Miria e Silvana, a individualidade de cada indivíduo se explica pela genericidade humana e pela formação sócio histórica a qual o indivíduo foi inserido e que por este motivo, é de extrema importância os ensinamentos transmitidos pelos grupos sociais ao qual o indivíduo tem contato durante toda a sua vida.

No decorrer dos acontecimentos do curta, percebe-se que a cuidadora é persistente e tenta relevar as atitudes da sua patroa além de também mostrar, por meio de um jogo de xadrez, que entre elas a diferença da cor não é realmente importante e que elas podem e devem se relacionar sem nenhuma hostilidade.

Ao final do curta, fica o entendimento subjetivo de que a cuidadora consegue mudar um pouco do pensamento da sua patroa e fazê-la perceber que o relacionamento das duas não precisava ser regido pela formação histórica que ela havia recebido ao longo da vida pois, como afirmam as autoras do livro mencionado anteriormente, o indivíduo pode sim mudar sua individualização como também aprimorá-la.

Mais do que um final “feliz”, este curta metragem serve para reforçar os ensinamentos e as críticas sociais em relação ao racismo, críticas essas que não são muito abordadas e debatidas socialmente. Além disso, reforça os ensinamentos trazidos no livro citado aqui.