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Artigo - O Assistente Social no Enfrentamento da Violência

Por:   •  18/11/2015  •  Pesquisas Acadêmicas  •  2.771 Palavras (12 Páginas)  •  752 Visualizações

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O Assistente Social no Enfrentamento da Violência

Fernanda de Cássia da SILVA[1]

Fernanda Grasieli DURAN[2]

RESUMO: Este artigo apresenta uma reflexão referente à questão urbana, mais especificamente a violência estrutural, que emerge com o modo de produção capitalista. Analisa o papel do Estado e da mídia frente à manutenção e intensificação da violência estrutural e a relação desta com as políticas sociais, a questão social e suas expressões. Procura compreender o trabalho do serviço social frente a esta temática e suas possibilidades de enfrentamento.

Palavras-chave: Questão Urbana; Violência Estrutura; Estado; Serviço Social.

  1. Notas Introdutórias sobre Violência e Serviço Social

A questão da violência urbana tem ocupado pouco espaço nas reflexões e estudos do Serviço Social. Embora a prática profissional do assistente social tenha em seu dia-a-dia os indivíduos e famílias que vivem em situações de vulnerabilidade social, a violência muitas vezes passa despercebida, como uma temática alheia ao fazer desse profissional.

Portanto é imprescindível desnaturalizar o conceito de violência que, nas suas mais diversas manifestações, se configura como uma das expressões da questão social, mais latentes em nossa sociedade, tornando-se então um dos objetos de estudo e intervenção do Assistente Social.

Em geral, a fúria da violência tem algo a ver com a destruição do ‘outro’, ‘diferente’, ‘estranho’, com o que busca a purificação da sociedade, o exorcismo de dilemas difíceis, a sublimação do absurdo embutido nas formas de sociabilidade e nos jogos das forças sociais [...] (IANNI, 2004, p. 168, grifos do autor).

Considerar as diversas expressões da violência trata-se de uma ação que, certamente, não se limita ao Serviço Social, mas o desafia no sentido de discutir a violência como uma categoria que se objetiva, sob dadas condições sócio-históricas, como um complexo social que envolve essa profissão e seus profissionais e exige deles posicionamentos e ações que possam inibir processos violentos.  No entanto um das principais desafios está, especialmente, na dificuldade desses profissionais captarem as especificidades de cada tipo de violência a partir de suas manifestações imediatas e singulares no espaço em que se dá a atuação profissional.

2.         Reflexões sobre a Violência Urbana

Para contextualizar e amadurecer tal reflexão faz-se necessário situar algumas considerações, não somente sobre o capitalismo e a violência estrutural, mas também sobre as outras formas de violência, como a violência do Estado, e a relação entre violência e questão social.

Entendemos que o surgimento e intensificação da questão social está relacionado com o desenvolvimento do capitalismo e na contradição capital e trabalho, portanto, na exploração de uma classe sobre a outra. Dessa forma, a existência da questão social revela a situação estrutural de violência, exploração, e desigualdade em que o mundo se encontra.

O surgimento dos centros urbanos está ligado à expansão do capitalismo.  As cidades sempre estiveram em constantes mudanças, sejam elas demográficas, estruturais, ambientais e principalmente sociais que influenciam diretamente na vida dos indivíduos. Todas essas mudanças apetecem um único objetivo, o lucro exacerbado.

As transformações das cidades brasileiras sugiram quando o trabalho rural perdeu espaço para o trabalho industrial que repentinamente se tornou o principal campo da economia nacional. Trabalhadores deixaram o campo em busca de melhores condições de vida na cidade, pequenos proprietários se desfizeram de suas terras para tomar o mesmo destino e diante disso, os fazendeiros que anteriormente, pode-se dizer, que eram a classe dominante, que tinham grande influência sobre o governo, perderam espaço para os grandes empresários, banqueiros e industriários.

Tais transformações afetaram diretamente a sociedade brasileira, em especial a classe pauperizada deste país, que ao deixar o campo em busca de trabalho nessas indústrias, se apresentaram despreparados profissionalmente. Estando estes então mais vulneráveis as expressões da questão social.

As cidades foram crescendo desordenadamente, sem nenhum planejamento, sem nenhuma estrutura que pudesse responder as expectativas e as necessidades de sua população resultando nas condições precárias nas quais estamos vivendo. Não há moradia adequada, transporte e educação de qualidade, os índices de desemprego e violência aumentam a cada dia. Enfim, o inchaço populacional nas cidades brasileiras ocasiona essas e tantas outras situações. Todas essas mazelas carecem ser pensadas e discutidas urgentemente pelo Estado e por toda a sociedade.

A história do Brasil é permeada pela violência que ao longo do tempo fora se manifestando de diversas maneiras. Inicialmente está se caracterizava pela escravidão, primeiro contra o povo indígena e depois contra os negros depois através do mercantilismo, coronelismo, e enfim até chegar as suas várias configurações na atualidade no Estado democrático.

O Brasil é a oitava economia mundial, com um ótimo desenvolvimento econômico, entretanto, ainda há situações de miséria, fome, pobreza, desemprego, trabalho infantil, é necessário pensar formas de justiça social, igualdade, acesso aos direitos de cidadania. Esses fatores se tornam ainda mais complexos diante de um Estado ineficiente, que não investe em programas e políticas públicas de segurança, que não investe em moradia adequada, em emprego, educação.  É decepcionante saber que o sistema capitalista neoliberal vigente, não está preocupado em atender o social.

Muitos fatores colaboram para o aumento da violência no país, mas o principal é o crescimento desordenado e sem planejamento das grandes cidades que não estavam e não estão preparadas para tal acontecimento, pois não conseguem responder às demandas de emprego, de habitação, saúde, educação e consequentemente não consegue conter a violência.

Sendo assim, a violência política atinge todos os sujeitos sociais em suas relações políticas, concebendo-se a política como elemento que organiza e regula o convívio de indivíduos diferentes.

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