As Famílias e Serviço Social
Por: kamilla882905 • 8/10/2018 • Trabalho acadêmico • 1.214 Palavras (5 Páginas) • 232 Visualizações
RESUMO EXECUTIVO No. 4
1. Referência:
MIOTO, Regina Célia. Família, trabalho com famílias e Serviço Social. In: SERV. SOC. REV., LONDRINA, V. 12, N.2, P. 163-176, JAN./JUN. 2010.
2. Objetivo do texto/artigo:
O texto tem como objetivo abordar as transformações no modo de pensar e trabalhar a categoria familiar no âmbito do Serviço Social e as implicações que essas transformações podem trazer para o agir profissional.
3. Identificação de palavras-chaves do artigo:
Família, Serviço Social e família, Proteção social, Política Social e família.
4. Principais ideais/argumentos do texto/artigo:
- A família, no Brasil, é um alvo de intervenção presente e privilegiado do Serviço Social desde os primórdios da profissão, ou seja, "o alvo predominante do exercício profissional é o trabalhador e a sua família, em todos os espaços ocupacionais" (IAMAMOTO, 1983)
- Método do Serviço Social de Caso: Como objetivo realizar o ajustamento dos indivíduos a seu meio, cooperando com eles a fim de beneficiá-los e também a sociedade em geral. (HAMILTON, 1976; NICHOLDS, 1969), onde o trabalho com famílias passa a ganhar uma maior qualificação técnica – Período de Consolidação da Profissão.
- O Estudo Social de Caso era de abordagem imediatista. Os problemas sociais eram compreendidos como de responsabilidade do indivíduo e/ou família. A ação profissional era proposta como forma de averiguação e controle dos modos familiares, onde posteriormente as mudanças eram impostas como forma de exigência – Abordagem positivista/funcionalista.
- Esse olhar sob a ação profissional começou a se modificar quando houve avanços no debate teórico-metodológico e na construção do projeto ético-político da profissão, de forma que gerasse nova visão sobre a família e na forma de agir e pensar sobre ela – Bases teóricas social de Marx.
- A família/indivíduo não seria mais culpabilizada individualmente e sim como demandas interpretadas como “expressões de necessidades humanas não satisfeitas, decorrentes da desigualdade social própria da organização capitalista” (VIEIRA, 2004; LIMA, 2006).
- 1970-2000: Reconhecimento do Serviço Social como área do conhecimento, debate teórico mais aprofundado, reconhecimento da profissão no campo da política social, mediação e encaminhamento de ações profissionais.
- Apesar dos avanços, a família deixou de ser objeto de estudo privilegiado no âmbito da profissão, afetando o campo da prática profissional, visto que as famílias são sujeitos privilegiados e primordiais como objeto de intervenção.
- Final dos anos de 1970 e ao longo da década de 1980, houve uma grande incorporação da chamada Terapia Familiar de Orientação Sistêmica que era vinculado a área da saúde mental.
- Somente nos anos 2000 que os debates sobre família e intervenção profissional ganha força dentro do Serviço Social. Pois, ao mesmo tempo em que o Serviço Social se constitui numa área de conhecimento bastante forte em seus fundamentos teórico-metodológicos e ético-políticos e no campo da política social, apresenta-se bastante frágil em relação ao debate sobre a temática da família e da intervenção profissional. Gerando diversas discussões sobre o “fazer” profissional e “como fazer”.
- Como requisito para trabalhar com famílias o Assistente Social tinha delimitações de determinada concepção de família e de suas relações com a proteção social pautadas nos fundamentos teórico-metodológicos da vertente crítico-dialética.
- Concepção de Família: Espaço altamente complexo. É construída e reconstruída histórica e cotidianamente através das relações e negociações que se estabelece entre os membros. É uma construção pública, além de privada, com papel importante na estruturação da sociedade e do indivíduo. A família é tida como uma unidade de cuidado e bem-estar. Podendo ser famílias menores, famílias com mais idosos e também das novas formas de sociabilidade desenhadas no interior da família. Nesse sentido: Considerando que o objeto de trabalho dos Assistentes Sociais são as expressões da questão social e que as ações destes profissionais incidem diretamente na construção da proteção social na perspectiva dos Direitos, obviamente o foco de interesse central do Serviço Social é a relação família e proteção social.
- Família e Proteção social: É importante observar como a família é incorporada à política social, quais famílias são incorporadas e em quais políticas e os impactos que essas políticas tem na vida das famílias. Para pensar em trabalho com família é importante reconhecer quais as tendências que predominam naquela família no campo da política social e enquanto sujeito (individual). Atualmente existem duas grandes tendências em disputa: Proposta familista e Proposta protetiva.
- Proposta Familista: A política pública acontece de forma compensatória e temporária, em decorrência da sua falência no provimento de condições materiais e imateriais de sobrevivência, de suporte afetivo e de socialização de seus membros. Menor provisão por parte do Estado. O fracasso familiar é visto como incapacidade de gerirem seus próprios recursos, assim como o desemprego ou qualquer insuficiência de recursos.
- Proposta Protetiva: Ao contrário, a proteção se efetiva através da garantia de direitos sociais universais, pois somente através deles é possível consolidar a cidadania e caminhar para a equidade e a justiça social – “A presença do Estado na garantia dos direitos sociais torna possível a autonomia dos indivíduos em relação à autoridade familiar e da família em relação à parentela e a comunidade” (SARACENO, 1996). Tal concepção tem consequência importante para a ação profissional, visto que a busca por problemas e conflitos caminham para o fortalecimento e proteção das famílias.
- O trabalho com famílias: É necessário demarcar o redimensionamento no campo do trabalho com famílias, identificando as demandas particulares de cada família e qual direcionalidade é dada para cada atendimento: Expressões de necessidades oriundas das desigualdades sociais e não isoladamente como problemas familiares.
- O Assistente Social passa a desvincular a satisfação das necessidades sociais à competência ou incompetência individual/das famílias. Ou seja, compreendendo os processos familiares como uma construção singular, arquitetada na família, no entrecruzamento das múltiplas relações, que condicionam e definem a dinâmica familiar.
- O desafio é buscar como essa dinâmica é definida pela multiplicidade de fatores que incide sobre ela e, portanto, exige uma análise aprofundada entre a estrutura de proteção que as famílias apresentam e a estrutura necessária para que elas possam fazer frente às suas necessidades nos diferentes momentos e situações de vida.
- A organização e a articulação de serviços são aspectos fundamentais para atender as necessidades das famílias e garantir eficazmente uma estrutura de cuidado e proteção. Isso só se torna possível quando a organização dos serviços é estruturada de forma a permitir e facilitar o acesso das famílias. O objetivo principal é identificar as fontes de dificuldades familiares e acessibilizar os recursos necessários para que as famílias consigam articular soluções e respostas compatíveis com a realidade, proporcionando uma melhor qualidade de vida.
5. Breve reflexão sobre o conteúdo do texto/artigo:
O texto nos faz refletir sobre a base da nossa ação profissional, que deve ser pautada no trato com a família. Buscando reconhecer sua realidade e contexto social através dos instrumentais teórico-metodológico, técnico-operativo e ético-político. O quanto o Estado deve sim se responsabilizar, não culpabilizando o núcleo familiar por fracassos ou inacessibilidade, visto os dias atuais, onde sofremos um retrocesso, com forma influência do conservadorismo.
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