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UNIEDUCAÇÃO

               

 

ATPS - ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS

Curso: Serviço Social 2ª Série

Disciplina: Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos do Serviço Social I

Profª. Elaine Cristina Vaz Vaez Gomes

Goiânia, 27 de Setembro de 2013.

AS QUESTÕES SOCIAIS EM MEIO AO DESENVOLVIMENTO

O Brasil contemporâneo é um país de grande contraste social, é marcado desde a sua colonização pela exploração e o domínio da classe burguesa sobre o proletariado. Segundo Vignoli (et al. 2011, p. 04) “O Brasil nasce como elo colonial inserido no modelo  de produção capitalista, desde o inicio  de sua  formação econômica”. No final do século XIX, em decorrência dos grandes aglomerados urbanos, os problemas sociais já existentes cresceram e a principal causa desse crescimento foi o modelo econômico que explorava o trabalho livre.

Uma mudança significativa houve com as transformações econômicas, com a formação das classes assalariadas urbanas “proletariado” somando-se aos imigrantes europeus, com experiência de lutas sociais de caráter anarquista quando lutavam por melhores condições de vida. A partir de 1930 a questão social do trabalho é matéria do governo enquanto que a da pobreza (desvalidos) é obra filantrópica. Outra característica assumida pela questão social brasileira é o caráter paternalista e clientelista nos diversos níveis do poder, dessa forma firma-se na sociedade a imposição de uns e a subserviência de outros, do mais alto cargo ao mais baixo, e deste em forma de apadrinhamento, de dependência, de sujeição aos direitos sociais, à personificação do estado, aos grupos partidários locais, estaduais e nacionais.

A arte sempre teve como uma de suas funções é a denúncia de problemas sociais, através da pintura, da música, da literatura, do cinema, e outras manifestações culturais Podem citar, por exemplo, algumas obras realizadas por Charles Chaplin que são verdadeiras críticas sociais. O filme “Tempos Modernos” aborda a temática de várias questões sociais, que a revolução industrial e a difusão do capitalismo trouxeram para a sociedade. O filme através de seu protagonista nos revela a desumanização do trabalho em série, sem espaço para o mínimo de criatividade ou realização pessoal. Mais do que trabalhar numa linha de montagem, o próprio homem faz parte dessa linha de montagem.  O ser humano reduz-se a uma mera peça de toda a engrenagem. Desapareceu sua identidade, sua individualidade, o seu valor próprio. Todo o trabalho valorizado e o que a máquina faz, o capital intelectual é desprezado e desvalorizado, nesta lógica o homem e tratado como objeto. A temática deste filme aborda algumas questões sociais que a revolução industrial e o capitalismo trouxeram para a sociedade, agravando ainda outras já existentes, que faz parte deste regime de produção capitalista. Entre eles, por exemplo, as greves e manifestações populares, a fome, o desemprego, falta de moradia, desigualdade social, problemas na saúde e miséria.

Compreendemos a origem das desigualdades sociais e econômicas no Brasil ao olharmos mais amplamente o seu passado histórico, e o fator que melhor explica a atual situação é a escravidão, que é sinônimo de exploração e exclusão. O Brasil foi o país que importou o maior número de escravos da África dentre todas as colônias do novo mundo, e foi também um dos últimos a libertá-los. Outro fator que podemos citar é o incentivo ao processo imigratório, devido à contenção de compra e venda de escravos, e pela crescente diminuição da população destes no conjunto populacional brasileiro. Para conseguir que o imigrante viesse para o Brasil, trabalhar para outros e não para si próprio uma das alternativas foi iludir o imigrante, estimulando o a vir para o Brasil, desde que a posse da terra fosse impedida.

O Brasil apesar de ser um dos países mais ricos do mundo, possuindo o oitavo (8º) maior PIB, continua registrando um dos maiores índices de miséria e fome, e esta é a dura realidade que atinge milhões de habitantes em nosso país, podemos ainda afirmar que a fome está presente na vida de grande parte de população brasileira. Mesmo com os R$ 4143 trilhões que o Brasil gerou em seu PIB só em 2011, ainda existem milhões de homens mulheres, idosos, crianças que simplesmente morrem de fome neste país. O nordeste é uma das regiões que mais sofre com esse problema, isso porque a maior parte da riqueza nacional está concentrada na região sul e sudeste e mesmo nas cidades mais ricas constatam-se uma enorme quantidade de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza.

A pobreza esta relacionada com o descarte da mão de obra barata, que faz parte da expansão capitalista. Expansão que criou uma população sobrante, que implica também na disseminação do desemprego de longa duração, do trabalho precário, instável e trabalho informal. Isto em um contexto de subalternização do trabalho à ordem do mercado de desmontagem de direitos sociais, trabalhista autônomo e trabalho informal. Neste contexto a pobreza é naturalizada pela sociedade e legitimada pelo discurso neoliberal, como um problema estrutural. Somente a partir da Constituição de 1988 a questão da pobreza começa a ser assumida como questão social, ganhando destaque na agenda pública. E com isso o campo da assistência social se reestrutura jurídica e institucionalmente para atender, como direito social, às necessidades de seu público alvo.

Após a primeira Guerra Mundial, a indústria brasileira registrou alto índice de crescimento, fruto do declínio do comércio internacional e da consequente necessidade de substituição das importações. Com o aumento das atividades industriais aumentou também o contingente de trabalhadores organizados, o que fortaleceu o movimento operário. Muitas greves foram decretadas nos principais centros urbanos do país, em consequência, o debate sobre a questão social e a medida necessária para enfrentá-la. O objetivo principal da classe operária era melhorar suas condições de vida e salário.

Os movimentos sociais demonstram a inquietação popular, frente aos problemas e injustiças facilmente notadas em um Brasil contraditório no âmbito econômico, cultural e social. Estas manifestações se materializam através de greves, ocupação de prédios, marchas pacíficas em ruas, avenidas centrais, praças públicas.  Ultimamente as redes sociais também vêm sendo utilizadas como umas das maneiras mais “Primavera Árabe”.

Embora o Brasil tenha avançado na área social nos últimos anos, ainda persistem muitos problemas que afetam a vida dos brasileiros e o desemprego é um deles. Ainda que a geração de empregos tenha aumentado, por causa do crescimento da economia, ainda existe um grande contingente de brasileiros desempregados, tendo como uma das principais razões dessa atual situação a revolução industrial e tecnológica.