O sistema educacional e a inclusão racial
Por: unirioluisa1 • 20/2/2017 • Dissertação • 593 Palavras (3 Páginas) • 214 Visualizações
O sistema educacional e a inclusão racial
Segundo o dicionário Michaelis, para a definição da palavra racismo encontramos: “Preconceito exagerado contra pessoas pertencentes a uma raça (etnia) diferente, geralmente considerada inferior.” Ao rever a memória do negro no Brasil, não há como ignorar o que homens e mulheres passaram ao longo de quase 400 anos no regime escravocrata, mesmo após leis abolicionistas o negro no Brasil continuou sendo considerado inferior.
Muita coisa mudou ao longo desses quase 130 anos de liberdade. A criação de medidas legislativas para a garantia do bem estar civil e de direitos da população negra veio tardiamente em 1951 com a criação da Lei 1390/51, mais conhecida como Lei Afonso Arinos, proposta por Afonso Arinos de Melo Franco, lei que proibia a discriminação racial no país, ou seja, a separação de raças diferentes.
O sociólogo brasileiro Costa Pinto, concluiu em seu estudo “O Negro no Rio de Janeiro” de 1953, que quanto mais o negro acredita viver em mundo socialmente igualitário, mais preconceito ele sofre. Costa Pinto tambem considera que competições no mercado de trabalho passaram a tornar a relação entre brancos e negros mais tensa. Nos dias de hoje vemos que esse tipo de tensão competitiva também ocorre nas universidades. Em outubro de 2015 na Universidade Mackenzie em São Paulo, alunos picharam em um dos banheiros os dizeres, "lugar de negro não é no Mackenzie, é no presídio". Outra situação semelhante ocorreu na Universidade de Campinas em abril desse ano, onde alunos picharam a porta de um banheiro com a seguinte frase "Aqui não é senzala! Tirem os pretos da Unicamp já!".
De acordo com um estudo realizado pela Socióloga Marcia Lima, professora do Departamento de Sociologia da USP, a inclusão da população negra ao ensino médio e superior se deu graças à políticas de ações afirmativas social e racial e à expansão do sistema de ensino superior, sua pesquisa aponta que, de acordo com os dados censitários, em 2000 a proporção de estudantes de 15 a 17 anos negros e pardos que frequentavam o ensino médio era, respectivamente, de 28,3% e 31%; em 2010, esses percentuais passaram a 49,7% e 53,7%. No caso do ensino superior, o crescimento também foi muito expressivo: se em 2000 apenas 6,3% e 8,4% dos estudantes negros entre 18 a 24 anos frequentavam esse nível de ensino, em 2010 esses percentuais passaram a 30,4% e 27,8%, respectivamente.
Tais fatos demonstram que o racismo é um problema real e tem sido enfrentado com a criação de leis e projetos de inclusão social, segundo a Secretaria de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), em três anos aproximadamente 150 mil negros ingressaram em universidades por meio de cotas, resultado possível graças a iniciativa da Lei das Cotas, Lei 12.711 sancionada em 2012 que reserva 50% das vagas de acordo com critérios sociorraciais. O mesmo estudo apontou que, embora tenhamos avançado na diminuição das desigualdades raciais, elas ainda existem. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), realizou projeções para a diminuição da desigualdade racial e apontou que seria necessário manter o mesmo ritmo de queda durante ao menos quarenta anos para que se consolidasse uma sociedade racialmente mais igualitária.
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