Repensando o Brasil do Oitocentos entre palcos e músicas
Por: DieneC • 1/5/2018 • Resenha • 2.102 Palavras (9 Páginas) • 444 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL
SERVIÇO SOCIAL
HISTÓRIA SOCIAL E POLÍTICA DO BRASIL III
RESENHA DO TEXTO: “REPENSANDO O BRASIL DO OITOCENTOS:
CIDADANIA, POLÍTICA E LIBERDADE”
“ENTRE PALCOS E MÚSICAS: CAMINHOS DE CIDADANIA NO INÍCIO DA REPÚBLICA”.
MARTHA ABREU & ANDREA MARZANO
Disciplina: História Social e Política do Brasil III – 1º semestre/2018
Professora: Luciana Fagundes
Horário: Terça, 18h - 22h
Alunos: Vinícius Lyra Acioly, Diene Campos, Gabriella Gamba
Niterói / RJ
Abril /2018
Repensando o Brasil do Oitocentos : Cidadania, política e liberdade
Martha Abreu & Andrea Marzano
Martha Campos Abreu é uma historiadora graduada na década de 1970 na Universidade Federal do Rio de Janeiro, anos depois conquistou seu mestrado e doutorado – a tese de seu doutorado teve como foco as festas religiosas e o controle social que a religião causa - na Universidade Federal Fluminense, hoje ela é professora titular do departamento de História da UFF, é especialista em História do Brasil e História da Diáspora da África e Américas.
A formação da historiadora Andrea Barbosa Marzano foi toda dentro dos limites da Universidade Federal Fluminense, graduada em História da década 1990, conquistou seu mestrado e doutorado também na UFF (Martha Abreu foi sua orientadora no doutorado). Especializada em História do Teatro Brasileiro e História do Brasil, encontrou no teatro uma forma de contar a trajetória da História Social no Brasil. Hoje Marzano é professora adjunta da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, onde ministra aulas de História da África.
O texto aqui discutido escrito por Martha Abreu e Andrea Marzano e organizado por José Murilo de Carvalho e Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves, fala basicamente sobre a cidadania no início da Primeira República, ou, melhor dizendo, sobre a falta de cidadania. Contextualizando para melhor entendimento, essa discussão sempre começa da frase do jornalista Aristides Lobo que publicou no Diário Popular no dia 15 de novembro de 1889 a seguinte frase: “o povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditavam sinceramente estar vendo uma parada.” A partir desse momento muitos historiadores tentaram compreender o que levou a população fluminense à esse total estado de indiferença, historiadores como Rocha Pombo na década de 1910, José Maria Belo no início da década de 1940, Leôncio Basbaum no fim nos anos 1950.
Quase um século depois quem vai avançar e estreitar esse assunto é José Murilo de Carvalho (historiador mineiro, membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Brasileira de Ciências) que no ano de 1987 publica o livro Os Bestializados, leitura obrigatória quando o assunto é Primeira República – o título do livro é inspirado na fatídica frase de Aristides Lobo citada no parágrafo anterior.
José Murilo de Carvalho analisa em seu livro em como o exercício da cidadania era algo extremamente excludente – por exemplo: analfabetos não poderiam votar - por parte do sistema eleitoral e político. Falamos aqui de fraudes e muita violência nas eleições, desmotivando até quem possuía o direito a voto, contabilizando muitas abstenções. O termo “bestializado” é usado justamente para entendermos essa recusa à cidadania por parte dos Republicanos e também por parte da população fluminense.
Mesmo os cidadãos não participando do sistema político, não podemos dizer que eram irracionais ou alienados, muito pelo contrário, sempre foram muito espertos, malandros. Entendiam que todas as promessas que os Republicanos fizeram de incentivo à cidadania, para arrecadarem mais simpatizantes, eram falsas e optaram pelo distanciamento do exercício político. A bestialização usada por Carvalho, não quer chamar o povo de besta, essa foi uma tática pra chamar atenção pra discussão, pra gerar polêmica e debates. Ele deixa claro que o fluminense é sim muito esperto, pois depois de tudo isso começa a tratar, com razão, a política como se não fosse algo sério. Afinal Republicanos ainda buscavam os interesses pessoais, deixando de lado os interesses públicos.
Apesar de ser um marco na historiografia brasileira, a obra de José Murilo de Carvalho com o tempo sofreu críticas e ponderações muito pertinentes de vários historiadores. Com base em documentos do Conselho Municipal do Rio de Janeiro, viram reivindicações populares a esse mesmo Conselho, cidadãos que se esforçaram em aprender o discurso e os mais favoráveis mecanismos médico-sanitário para poder dialogar com os representantes políticos, provando, dessa forma, que a população não era assim tão distante do exercício da cidadania. Além disso, Carvalho sofreu críticas, também, à sua explicação sobre a Revolta da Vacina, que de forma rasa ele atrela a revolta apenas a uma reação da população em relação as medidas do estado, ignorando as crenças, práticas e visão de mundo do povo fluminense.
Nos anos 90, Carvalho continuou a expandir a discussão sobre cidadania no Brasil. Insistiu no debate sobre a participação popular nas eleições, em como havia pouco registro sobre as atitudes do estado e em como elas afetavam a população. O próprio autor reconhece como é pequena e prematura a noção de cidadania para o povo brasileiro. Para ele seria necessário valorizar, em novos estudos, a atuação do Judiciário; as polêmicas da imprensa política, as organizações políticas, para além dos partidos, as organizações civis que eventualmente
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