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Visita domiciliar como apreensão da realidade social: Instrumento técnico-operativo do Serviço social

Por:   •  11/11/2015  •  Artigo  •  11.257 Palavras (46 Páginas)  •  1.251 Visualizações

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A VISITA DOMICILIAR COMO APREENSÃO DA REALIDADE SOCIAL: Instrumento técnico-operativo do Serviço Social[1]

Géssica Lorena Maia Soares[2]

                Virginia Barbosa Torres[3]

Jacqueline Dantas Gurgel Veras[4] 

RESUMO

O presente artigo aborda a necessidade do conhecimento e da efetivação do Assistente social na visita domiciliar, mediante sua práxis profissional. Reconhecendo suas dimensões, propondo enfatizar a visita domiciliar como parte integrante da competência técnico-operativa do Serviço Social, na defesa da apreensão da realidade social, no processo de enfrentamento das questões sociais, onde a visita possibilita a construção e a reconstrução do objeto de intervenção profissional na busca de uma prática transformadora, proporcionando uma atuação de forma crítica e transformadora às demandas da profissão. Nesse estudo foi adotada como estratégia metodológica a pesquisa bibliográfica, a partir de autores que nos respaldaram diante a escolha do tema e na construção do mesmo.  

Palavras-chaves: Visita domiciliar; Instrumentalidade; Assistente Social; Realidade social.

1 INTRODUÇÃO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso pretende discutir acerca da relevância da visita domiciliar na apreensão da realidade social, como técnica de trabalho efetiva na prática profissional do Assistente Social.

Tendo em vista a escolha do referido tema, pôde-se perceber o quanto é um assunto pouco discutido e estudado na prática profissional do Serviço Social, assim veio o interesse de eleger essa temática, pois a mesma é um instrumento no qual possibilita a interação dos usuários e profissionais, de forma significativa para o profissional, por proporcionar o mesmo a estar próximo da realidade social, no qual o usuário está inserido. Assim, no intuito de conhecermos mais sobre o tema, como também de mostrar tamanha relevância da efetivação na prática profissional do Assistente social, por ser um instrumento técnico-operativo, onde nos da oportunidade de conhecer a sua complexidade dada pelos diversos espaços sócios ocupacionais, nos quais os profissionais trilham e como pela própria essência das suas ações nos diferentes âmbitos do exercício profissional, indo além da singularidade do cotidiano do trabalho. Segundo AMARO (2003, p 30) explica:

É uma prática profissional, investigativa ou de atendimento, realizada por um ou mais profissionais, junto aos indivíduos em seu próprio meio social ou familiar, a autora também nos revela que a entrevista possui pelo menos três técnicas embutidas como: a observação, a entrevista e a história ou relato oral.

Neste sentido pode-se entender que a visita domiciliar, é como um instrumento que facilita a interação do profissional no cotidiano do usuário, no qual irá tentar compreender a realidade complexa de vida de uma determinada população, no intuito de poder visualizar as suas necessidades em vários aspectos a partir das causas sociais. Quando buscamos o contato direto com os sujeitos é que podemos conhecer de forma mais delicada suas dificuldades, a relação entre familiares e a convivência comunitária.

Porém, a partir do tema escolhido, no decorrer da pesquisa para elaboração desta, foi um pouco complicada por ter certa dificuldade em encontrar autores que fundamentasse o tema, assim mesmo diante essa dificuldade, enfrentamos por entender que justamente por isso que, percebemos o quanto a visita domiciliar é um instrumento pouco utilizado como também pouco estudado.

Para tanto, adotada como estratégia metodológica a pesquisa bibliográfica, os principais autores que referenciamos sobre o tema foi Sarita Amaro, como também Yolanda Guerra, Iamamoto, entre outros, que de forma significativa nos ajudou e motivou na visão crítica diante a necessidade de estudo e pesquisa sobre o tema escolhido, e sua devida relevância na nossa sociedade e para os profissionais no qual utilizam a mesma.

No texto que apresentamos a seguir, no segundo tópico discutiremos sobre o resgate histórico do Serviço Social acerca da trajetória da profissão com foco no amadurecimento e os seus instrumentais utilizados em sua prática. No terceiro tópico será comentado o serviço social como instrumento de trabalho do Assistente social, enfatizando sobre as três dimensões, o técnico-operativo, teórico-metodológico e o ético-político. Por fim as estratégias da visita domiciliar e seus aspectos práticos.

2 RESGATE HISTÓRICO DO SERVIÇO SOCIAL

Pretende-se realizar um breve histórico da trajetória do serviço social no Brasil, partindo de sua origem até os dias atuais, com o foco no amadurecimento dos instrumentais de intervenção utilizados pelo assistente social em sua pratica profissional.

2.1 UMA VOLTA AO PASSADO PARA ENTENDER AS QUESTÕES DO PRESENTE

O capitalismo monopolista teve influência no surgimento do Serviço Social na medida em que o antagonismo entre as classes se acentuava e o capitalismo em sua fase mercantil introduzia significativas alterações na estrutura, relações e processos sociais, principalmente no que se refere a apropriação da produção pelo setor privado aquém da socialização da mesma, a exploração do chamado exército industrial de reserva, favorecendo a exclusão social e aumentando as contradições entre capital e trabalho. (NETO, 2001). Nesses termos, o serviço social surge articulando reinvindicações por transformações no processo da organização monopolista com vista aos interesses da sociedade. O capitalismo do monopólio é a nova face do capitalismo qual seja, de corte concorrencial. Todavia, fica igualmente clara a reposição das antigas contradições que percorriam o seu antecedente, agora peculiarizadas.

As organizações monopolistas não promovem a evicção da anarquia da produção que é congenial ao ordenamento capitalista; a “livre concorrência” é convertida em uma luta de vida ou morte entre os grupos monopolistas e entre eles e os outros, nos setores ainda não monopolizados”. (NETTO, 2001, p. 21).

O capitalismo monopolista atenuou as questões sociais, ainda conforme (NETTO, 1992: p.13).

No Brasil o Serviço Social surgiu por volta das décadas de 1920-30 num contexto de evolução capitalista. A era Vargas foi marcada pela substituição do sistema agrário-comercial para o industrial, esse modelo produziu profundas alterações sociais, por exemplo, a migração desenfreada da população do campo para as cidades, esse fenômeno ficou conhecido como Êxodo rural, a mecanização no processo da agricultura substituía a mão de obra humana pelas máquinas e o trabalhador rural buscava as cidades na expectativa de melhores condições de vida, emprego e saúde. (BOUÇAS, 2011).

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