A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE LIBRAS
Por: 020274 • 30/8/2017 • Monografia • 7.903 Palavras (32 Páginas) • 959 Visualizações
INTRODUÇÃO
No Brasil, segundo dados do censo realizado pelo IBGE em 2002, existem 273.579 surdos, representando 0,22 % da população.
Devido à grande extensão do país, definir com precisão a situação do surdo tem exigido dos estudiosos uma enorme dedicação. No entanto, as escolas de surdos brasileiras não têm poupado esforços no sentido de investigar constantemente novas metodologias e filosofias de educação para proporcionar a integração dos surdos com os ouvintes de forma a garantir as especificidades culturais e de direito dos surdos.
Por muito tempo os surdos foram considerados pessoas desprovidas de capacidades intelectuais e desenvolvimento limitado, diante das enormes possibilidades que um ser humano possui; os surdos-mudos foram considerados estúpidos por milhares de anos e declarados por uma lei incompetente – para herdar propriedades, casar, receber instrução, ter um trabalho – e tiveram negado os direitos humanos fundamentais.
De lá para cá, no que diz respeito aos direitos de um ser humano, tanto quanto capaz de superação, feito aos chamados "normais", foi significativa, apesar de ainda não contemplar todos os desejos de uma comunidade efetivamente numerosa em todo o mundo.
Os surdos no mundo de hoje convivem com acessos antes sequer pensados. Têm-se condições como a linguagem de sinais, entidades internacionais que amparam, reivindicam a participação dos surdos nos mercados de trabalho, enfim, permitem que o surdo consiga não somente envolver-se com as questões do mundo, política, cultura, mas também contribuírem, enquanto cidadãos, parceiros do desenvolvimento social e econômico de suas comunidades sociais e de seu país.
É verdade que a realidade brasileira para o surdo, não é tão boa e, no passado, pior ainda. Os direitos não poderão mesmo se fazerem sentir por um grupo ainda discriminado e dito incapaz.
Atualmente, entende-se que, na educação de alunos surdos, a primeira língua deve ser a língua de sinais, pois, faz com que eles sejam estimulados a desenvolver uma comunicação inicial na escola, uma vez que os surdos possuem um bloqueio para a aquisição natural de uma língua oral.
O aluno surdo constitui-se um ser perfeitamente capaz de superar dificuldades de aprendizagem escolar; para que possa realmente estar inserido em seu meio escolar e conseqüentemente em sua sociedade, a língua de sinais oferece possibilidades de constituição de significados, daí o reconhecimento que ela é um caminho necessário para uma mudança real nas condições oferecidas pelas unidades de ensino no atendimento escolar de alunos surdos.
Verifica-se que o ensino de LIBRAS é uma questão preocupante; muitos alunos e profissionais da educação não têm acesso e o reconhecimento da importância do estudo da mesma no ensino de surdos, às vezes ainda é deixado de lado. O processo de ensino-aprendizagem não pode ignorar esse elemento essencial para comunicação.
Atualmente é visível a preocupação de alguns profissionais, principalmente, na área da educação especial em valorizar essa nova possibilidade de linguagem para o ensino. Para tanto, cabe aos professores do ensino regular, em especial os profissionais da língua portuguesa a aceitação e divulgação das LIBRAS no âmbito escolar.
Reconhecer o sistema de LIBRAS como um sistema de linguagem tão completa quanto à própria língua portuguesa parece ser o primeiro passo para a aceitação dessa forma de comunicação. Mas, não basta simplesmente reconhecer a importância dessa língua é preciso encontrar meios de torná-las cada vez mais conhecida e conseqüentemente utilizada, para a perfeita comunicação entre surdos e entre surdos e ouvintes.
Sendo assim, o objeto de estudo desse trabalho tem como foco fazer uma reflexão sobre a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), língua usada pela pelos surdos do Brasil, fazendo uma abordagem acerca de sua origem, estrutura linguística e, enfatizando a importância do estudo da mesma e do seu ensino nas escolas.
A partir da definição do objeto surgem os seguintes questionamentos:
a) As políticas públicas, sociais e educacionais voltadas para a inserção do surdo na sociedade têm sido eficientes o bastante para minimizar as desigualdades sociais e culturais evidenciadas atualmente?
b) É necessário tentar viabilizar um novo modelo de educação inclusiva centrado no aluno surdo?
O objetivo geral do trabalho é evidenciar a importância da LIBRAS para o desenvolvimento do surdo, partindo da constatação de que a língua natural dos surdos é a língua de sinais - portanto deveria ser a sua língua materna – e que grande parte desse surdos vêm de lares de pais ouvintes, o que enfatiza ainda mais a importância e necessidade do uso e ensino da mesma no contexto escolar.
Os objetivos específicos foram estruturados a fim de servir como suporte para discussões sobre o tema em questão, quais sejam:
● Mostrar o panorama atual do ensino de LIBRAS tentando identificar as principais ações desenvolvidas no processo de inclusão dos alunos surdos;
● Verificar como estas ações estão sendo desenvolvidas observando sua eficiência e viabilidade;
Para estas reflexões serem realizadas, as bases teóricas foram buscadas em bibliografia de autores como Carlos Skliar, Ronice Muller Quadros, Lucinda Ferreira Brito entre outros, pois desenvolvem pesquisas e análises de suma importância para o tema aqui apresentado.
O presente trabalho foi estruturado da seguinte maneira: o primeiro capítulo trata do aluno com deficiência auditiva, destacando o direito do indivíduo surdo de integrar-se e exercer sua cidadania; o segundo capítulo aborda os principais conceitos da língua brasileira de sinais com destaque para o desenvolvimento cognitivo da pessoa surda; o terceiro capítulo trata da formação de intérpretes no Brasil e no mundo. Finalmente, são apresentadas as conclusões.
1 O ALUNO COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA
Um aspecto a ser comentado nesse capítulo é a classificação da pessoa com necessidade especial, passível de crítica por levar ao rótulo que tem a deficiência como uma desvantagem, um desvio da norma, ocasionando isolamento e marginalização. Na perspectiva da inclusão, esse problema deixa de existir, pois todos estão sob o princípio da igualdade. Mas é inegável que cada aluno tem a sua própria história composta pelo seu ambiente familiar, social, econômico e emocional. Especialmente na deficiência auditiva, a "história" do aluno precisa ser conhecida para ser mais bem aproveitada. Mais do que isso é determinante quanto ao tipo de escola e recursos que podem proporcionar seu melhor aproveitamento.
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